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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

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À “boleia” do Recontro de Valdevez, cuja recriação acontece de 8 a 10 de julho, a TSF emitiu – este sábado, 2 de julho – diretamente de Arcos de Valdevez o programa “Terra-a-Terra”. Na emissão, que foi para o ar entre as 9.00 e as 11.00, Soajo esteve em grande destaque.

Na reportagem que a jornalista Liliana Costa fez por Soajo entraram, no roteiro lúdico, os espigueiros e as lagoas, dois dos “bilhetes-postais” da Terra. Mas, além da divulgação do imenso património que atravessa e caracteriza Soajo (natural, paisagístico, arquitetónico e gastronómico), a “Rádio de Notícias” bafejou os ouvintes com um eloquente relato das tradições de Soajo.

Ao atravessar a vila soajeira, a reportagem da TSF encontrou, por sorte, um “grupo de mulheres a ensaiar em roda cantigas de antigamente”. É Elisabete Barbosa “quem ensaia estas mulheres”. A médica não se poupa a esforços para manter de pé as tradições, os usos e os costumes da Terra. “Sou a grande defensora de Soajo, de uma terra que é única, […] logo, sou grande defensora das pessoas e dos costumes!”, diz a médica, numa “linguagem própria de Soajo”.

“De vez em quando, juntamo-nos na Casa do Povo para fazer atividades que se faziam há algum tempo, e que queremos reviver, ensinando-as, ao mesmo tempo, aos vindouros, porque, se nós não ensinarmos nesta época, eles nunca vão saber”, explica, referindo-se ao fiadeiro, à malhada ou à debulhada, trabalhos que “têm a sua sabedoria.”

Sob a batuta de Elisabete Barbosa, este grupo de mulheres, a maioria ex-emigrantes, está empenhado em recuperar um valioso repertório cultural. “Como soajeiras que se prestam, só cantamos coisas de Soajo. São cantigas de Soajo, quase todas elas sobre os trabalhos no campo, interpretadas só por mulheres porque, em algum momento, os homens foram embora… E quem ficou a cantar foram as mulheres, quantas vezes mortinhas por chorar!, mas tinham de cantar, porque tristezas não pagam dívidas. […] E os trabalhos agrícolas, como a cavada, eram desenvolvidos ao ritmo da cantiga de S. João”, exemplifica, com entusiasmo, a promotora, antes do ensaio gravado pela TSF.

Ou seja, estas canções aludem ao “tempo em que as mulheres ficavam sozinhas a tratar dos filhos e da lavoura enquanto os homens partiam para os destinos da emigração.” Através das cantigas, são retratadas as “mulheres viúvas de homens vivos – elas vestiam de preto até ao dia em que chegasse a primeira carta [e depois, também, até ao regresso do homem, em bom rigor].”

É com orgulho que Elisabete fala das mulheres de Soajo. “Elas são umas heroínas. […] Porque casaram quase todas de preto – não por estarem contrariadas – mas por saberem que a sina delas era a separação imediata (e outras casavam, sem o marido, por procuração)… Algumas dormiam uma noite com o marido sabendo que, no dia seguinte, ele ia viajar para o Brasil ou para a Argentina, mais tarde para a América do Norte… E não sabiam quando vinham. Outras tinham a sorte de ficar grávidas, digo ‘sorte’ porque a seguir vinha alguém que lhes quebrava a solidão… Mas outras nem isso tinham, portanto, ficavam sozinhas e os maridos andavam no estrangeiro, anos e anos, para comprar algumas terras. E eram as mulheres que tratavam de tudo: terras, gado e pariam sozinhas por esses campos fora, por isso, são mesmo umas heroínas…”, reforça.

Mas mudaram, para melhor, as condições de vida. O tempo de Soajo “isolado” da sede do concelho é passado. Desse período de “isolamento”, Elisabete Barbosa lembra a falta de telefones, de transportes… Nessa altura, “os Arcos ficavam longe e nós éramos outra terra. No meio da serra, neste clima algo agreste, num contexto de trabalho, no campo, não muito produtivo, tivemos de lutar… Foi uma vida dura”, recorda.

“Mas, hoje, tudo está facilitado”, conclui Elisabete Barbosa.

O programa “Terra-a-Terra” pode ser escutado, em podcast, no portal da TSF (http://www.tsf.pt/programa/terraaterra.html).

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