Artes e ofícios tradicionais estão vivos em Soajo
Entre criadores de esculturas (madeira e granito) e de peças de vestuário, passando por jovens ceramistas e de bijutaria tradicional, sem excluir os que exploram as possibilidades da natureza, dos sabores e dos saberes típicos da Terra, estima-se que em Soajo mais de uma dezena de pessoas esteja ligada aos setores tradicionais, a maioria como complemento a uma atividade principal.
Apesar de o impacto direto na economia local ser desconhecido e de a crise que tem grassado a clientela destes produtos não estar devidamente calculada, certo é que o setor do artesanato e afins se tem rejuvenescido com a adesão de alguns jovens. As feiras e exposições são um dos melhores barómetros para “medir o pulso” ao ramo e nelas é possível certificar o surgimento de “sangue novo” e, paralelamente, o aumento do número de artesãos que se dedica ao fabrico de cerâmica e de bijuteria em vários tipos de matérias-primas.
Mas comecemos pelas caras mais familiares e que têm nome feito no artesanato local. Gracinda Gonçalves é criadora de trajes tradicionais, a única do concelho praticamente, e faz bonecas com arte e muito bom gosto.
António Barbosa (de Cunhas), que está um pouco retirado, é conhecido pelas bonitas miniaturas (em madeira e granito), pelo trabalho minucioso e pela técnica aprimorada que aplica em espigueiros, pelourinhos e muito mais.
Para assegurar alguma continuidade, desde há alguns anos que têm aparecido novos rostos no ofício do artesanato, caso de Manuel José Rodrigues, que, entre outras obras de arte, concebe espigueiros, cestinhas, varas e porta-chaves.
A ceramista Filipa Correia, natural de Lisboa, rendeu-se aos encantos de Soajo e surpreende os clientes com a criação de autênticas obras-primas, nas quais procura introduzir uma identidade própria, veiculando lições histórico-culturais através das peças que produz, com o objetivo de fazer pensar as pessoas.
A jovem inaugurou, em tempos recentes, uma oficina, espécie de “laboratório”, ligado à cerâmica, onde quem quiser pode explorar artisticamente dons descobertos ou ocultos para criar peças em barro como utensílios e apetrechos de utilização prática.
Igualmente em expansão está a capacidade de potenciar os recursos naturais. Rose Galopim, através das marcas ‘Rosemade’ e ‘Serrana Gourmet’ (esta em parceria com Lisa Araújo), produz velas de cera de abelha, mel, compotas, patés de legumes, chás, ervas aromáticas, fruta e cogumelos desidratados, que, todos juntos, fazem parte do cabaz que melhor representa Soajo.
Noutra área, Teresa Araújo, da ArtSoajo, elabora arranjos artesanais com catos, que são cada vez mais procurados para embelezamento e decoração de espaços interiores.
Enfim, os acessórios e os adornos de moda, como carteirinhas, malas e camisolas para o público infantil, são artigos de venda fácil por terem um preço relativamente acessível aos frequentadores de feiras, além de aproveitarem as tendências atuais.
Como outros soajeiros, que o blogue Soajo em Notícia também divulgará futuramente, os nomes, aqui, desfiados são alguns dos artistas/produtores que dão um “cunho” especial às respetivas criações. A maioria costuma participar em feiras/mostras e é através delas que cada um afirma as possibilidades que o artesanato e a natureza dão, tendo a inspiração como fonte de inovação.