Nelson Rodas Fernandes, natural de Versailles, mas com raízes em Paradela (do lado paterno) e em Cunhas (do lado materno), descortinou em boa hora uma oportunidade no segmento de animação turística e fundou a empresa NRFActivity, especializada em passeios de jipe, aliando a componente de aventura à de natureza.
Em entrevista ao blogue Soajo em Notícia, Nelson Fernandes, de 32 anos, mostra ter ideias de sobra para reforçar esta simbiose, mas, como o segredo é a alma do negócio, só desvenda algumas das iniciativas que pretende acoplar à atividade rumo ao crescimento da empresa.
Quando nasceu a empresa NRFActivity?
Comecei o projeto há cerca de cinco anos. Mas a empresa com a atual designação começou há menos tempo. Estamos sediados em Paradela.
Fez estudos de mercado antes de abraçar o projeto?
Sim. Fiz uma análise ao mercado, constatei o número crescente de visitantes e a falta de atividades de animação turística. O que faltava era a animação.
Para além deste lado racional, houve outras razões para enveredar pela área de animação turística?
Sim, há o lado aventureiro. Viajo muito pela Europa, facto que ajudou a erguer o projeto. Já visitei Itália, Espanha, Suíça, República Checa, Rússia, China, Marrocos, África do Sul, entre outros países.
Que experiências guarda na “bagagem” dessas viagens?
Abriram-me muitas luzes para trazer gente a Soajo fora da época alta.
Que atividades é que a empresa NRF oferece aos clientes?
A empresa é especializada nos passeios de jipe. Oferecemos passeios pelas serras de Soajo e Amarela. Mas também podemos ir a Melgaço e a outras zonas do Parque Nacional. Quem quiser pode alugar um jipe e aventurar-se na serra.
Quem é que procura mais os vossos serviços?
As pessoas de Leste são fãs dos passeios de jipe, vêm de jipe até aqui. Na verdade, são os indivíduos que nos procuram mais. Adoram as paisagens, dizem que esta zona é muito bonita.
Que evolução tem existido do lado da procura?
Em 2015 e 2016, quando não tinha sítio (página de Internet), a maioria dos clientes era proveniente de Portugal. Com a criação da página, passei a ter muito mais estrangeiros. A maior parte dos clientes, quer nos passeios de jipe quer nos de cavalo, vem do estrangeiro, cerca de 75 por cento.
A sua frota é constituída por quantos jipes?
A empresa tem uma frota de três jipes. A manutenção é muito cara, mas vamos investir a curto prazo. Daqui a um ano, pretendo ter sete jipes Land Rover. Não serão viaturas novas.
Quais os instrumentos de promoção que usa para difundir a empresa?
Facebook, agências de viagens e colaboradores.
A animação tem permitido aumentar o tempo de estada dos clientes no território?
O tempo médio de estada, quando comecei, era de três ou quatro dias. Agora, há cada vez mais pessoas a ficar uma semana e o alojamento de longa duração já acontece fora da época alta. A animação, com os passeios de jipe e cavalo, é um importante complemento, embora as condições climatéricas tenham grande influência.
Com base na experiência que já adquiriu, que necessidades identifica na área da animação turística para o território dar um “salto”?
Sinto que há necessidade de fazer “pacotes” e parcerias com agentes dentro e fora de portas.
Que relação tem tido com a Porta do Mezio e as lojas de turismo que cobrem o PN?
Tenho tido muitos contactos, mas alguns já trabalham no setor faz muito tempo. Mas, sim, já, divulguei o meu trabalho junto dessas entidades.
Que atividades tenciona acrescentar à animação?
Estou a pensar noutras atividades, sim, mas não posso divulgar tudo. Posso dizer, no entanto, que, em abril próximo, vamos começar a fazer paddle na barragem, concretizando uma ideia que já tinha há algum tempo.
Qual o papel da componente gastronómica no segmento que explora atualmente?
Não posso adiantar tudo, mas tenho projetos nesse âmbito. Tenho clientes belgas e franceses que gostam dos produtos de Soajo, neste sentido, podemos fazer parcerias para escoar os produtos. Exportar a gastronomia é um bom caminho.
O que distingue a parte da serra de Soajo da do Gerês?
O lado do Gerês é conhecido pelo ski. Os clientes que fazem turismo na nossa região procuram, sobretudo, tranquilidade e natureza.
Em que medida a onda terrorista em países de grande atratividade turística beneficiou Portugal?
Beneficiou muito Portugal. O Alto Minho tem beneficiado com o receio de atentados em zonas turísticas do Magrebe, por exemplo.
Não receia que o turismo possa estar a atingir o pico?
Não. Só está a começar!
E o turista que visita Soajo tem muito dinheiro?
Há de tudo. Há o turista que vem e fica alojado em casa. E tenho clientes que fazem passeios de jipe todos os dias.
Dá para viver só do turismo?
Por enquanto, não é esse o meu objetivo. É um projeto a longo prazo. O dinheiro destinado ao investimento é da empresa e o objetivo é criar mais atividade de animação.