Um grupo de quarenta voluntários que convergiu, este sábado, 18 de março, para as imediações do Núcleo Megalítico do Mezio, plantou, sob um sol esfuziante, a última “leva” de folhosas ao abrigo do projeto Floresta Comum (programa de incentivo à criação de floresta autóctone). A iniciativa englobou, desde novembro do ano findo, 15 mil plantas.
Nesta mais recente ação, em ambiente festivo e com música popular a ecoar no valado, foram enterradas cerca de mil plantas, entre carvalhos e medronheiros, numa área fustigada pelas chamas do grande incêndio de agosto. A plantação, em articulação com as reflorestações realizadas anteriormente pelos sapadores de Soajo, “fechou” um anel de 15 hectares providos de corredores de passagem para o combate a incêndios, mas ainda sem as necessárias vedações.
Os Baldios de Soajo quiseram, com este projeto Floresta Comum (à parte esta iniciativa, o plantio em novembro de 2016, patrocinado pela Toyota, envolveu outras 2500 árvores), recuperar uma importante reserva destruída pelas chamas, fazer a consolidação racional do espaço e, através da ação simbólica do último sábado, fomentar uma cultura ambiental, numa área de rara beleza.
“Os lugares de Soajo estão representados por muitos voluntários”, soltou uma mulher. De Vilarinho das Quartas veio a “matriarca” do grupo, Maria Barros Esteves, de 78 anos. Diz que soube da iniciativa “pelo cunhado” e foi “incentivada a participar nela pela família”. “Estes convívios não deviam acontecer só uma vez por ano, mas todos os dias”, atirou, com nostalgia.
Nas proximidades, a pequena Miriam, de 3 anos, alinha na reflorestação e antecipa uma geração amiga da natureza. Ao lado, o pai Yassine difunde uma filosofia ecológica e dá “dicas” sobre o ciclo reprodutivo das plantas. Pai e filha esperam ver crescer as folhosas (a chuva anunciada para estes dias será uma preciosa ajuda…) sem os “descuidos” que vêm dizimando a mãe-natureza ano após ano (as queimas e queimadas imprudentes, na passada semana, dão que pensar...).
De resto, enquanto não for vedada a mancha de 15 hectares, há sempre o risco de o gado errante fazer estragos. Resta esperar que a vedação seja feita o quanto antes – segundo foi prometido aos Baldios pelo gerente do Hotel do Mezio, no passado dia 17 de março, a construção será, integralmente, custeada pela unidade hoteleira, estando previsto para esta semana o início da instalação. Ver para crer como S. Tomé…
É justa uma palavra de felicitação à Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo, à equipa de sapadores florestais de Soajo e aos voluntários, que, todos juntos, estão a trabalhar, com um propósito comum: fazer renascer a flora da região.
Entretanto, seguir-se-ão outras (re)florestações no território de Soajo.