Durante quatro dias, de 17 a 20 de dezembro, o Mercado de Natal de Soajo impulsionou a economia local. Nesta edição de estreia, o salão do Centro Social e Paroquial esteve engalanado com dezena e meia de expositores, fazendo jus a esta rica terra de artes, ofícios e produtos de base tradicional.
Do lado dos produtores/artesãos, o balanço no fim era feito à base de contas de somar. “Valeu a pena ter cá vindo, pois a primeira mostra de produtos esgotou e houve certos artigos que tiveram bastante procura, como o mel, as velas e os cremes naturais”, disse Rose Galopim, de 39 anos, há 27 a exercitar a arte que aprendeu com o pai e com o sogro, António Neto (Tonais). À direita, Filipa Correia, a mentora do evento, também tinha motivos para sorrir. “As peças de cerâmica foram bastante procuradas nesta feira”, congratulou-se a jovem lisboa, rendida aos encantos da serra, a exemplo da portuense Joana Costa, que vendeu sobretudo sabonetes artesanais/biológicos, segundo o lema “reaproveitar tudo e poupar o máximo”.
Neste espaço, onde foram oferecidas bebidas quentes, sentiu-se o legado de Soajo em cada peça de artesanato e em todos os materiais de raiz têxtil, como rendas, bordados e trapilhos, sem esquecer a grande variedade de produtos endógenos, muito bem representados por Lisa Araújo e Maria Costa, sobressaindo em várias bancas a doçaria, as compotas e os licores, típicos da terra. Na maioria dos casos, trata-se de uma (nova) geração de soajeiros (e não só) apostada na produção biológica, 100% artesanal, e com embalagens para reutilização. A juntar a este grupo mais jovem, e para fazer perdurar a tradição, a “ti” Fátima fiou lã de ovelha com roca e fuso confecionando lá bonitas meias. De resto, ligado ao espaço onde a natureza é autêntica rainha, também não faltaram no recinto as plantas aromáticas, medicinais e condimentais.
Noutro âmbito, a desenhadora Manuela Müller, com uma galeria de “retratos” (pássaros e um eloquente grupo de soajeiras a caminho da igreja, todas vestidas de preto, da cabeça aos pés), também vendeu alguns trabalhos.
Nos quatro dias da organização, que não onerou em nada os cofres das autarquias soajeira e arcuense, espalhou-se calor humano e alegrou-se a plateia com música ao vivo e cantares da terra. De referir, pela negativa, a ausência das emblemáticas miniaturas em madeira e em pedra (espigueiros, por exemplo). Mas, para uma primeira edição, o evento registou um dinamismo superior a muitas organizações apoiadas pelo Município de Arcos de Valdevez.
Para futuras edições, seria conveniente, no que for viável (dadas as limitações logísticas), apostar em mais demonstrações ao vivo, pois é com este tipo de realizações que será possível aumentar o número de visitantes a Soajo, onde sobra muito potencial por explorar.