Sob o slogan “Da escola que temos à escola que queremos”, começou esta sexta-feira, 7 de outubro, a segunda edição do festival Ser Educação, que tem cerca de cem pessoas inscritas.
O encontro abriu, no crepúsculo do dia 7, com uma sessão meditativa, em grupo, a inspirar um desenho coletivo, forma de “construir” a educação sonhada por cada agente.
Após o jantar, foi organizado um espetáculo de fogo, pela companhia Animódia. Seguiu-se, no auditório da Casa do Povo, a projeção do documentário “Projeto Globetrotter”, rodado em 15 países (todos da Europa, exceto a Indonésia), o qual se debruça sobre “escolas e comunidades educativas alternativas no mundo”.
O trabalho em causa põe em causa o currículo normativo e a avaliação quantitativa que espartilham a escola convencional para, através de um processo de ensino livre, adaptado e aberto, semear a escola do futuro (que muitos definem como a escola de sonho ou das utopias concretas).
De resto, a exposição fotográfica e o livro, que corporizam os projetos visitados por Simone André Costa, servem para demonstrar que a comunidade pode trilhar o seu caminho e ser protagonista da sua própria educação. Para tanto, é preciso que cada indivíduo se assuma como agente de mudança e seja capaz de gerar novos rumos de desenvolvimento na respetiva vivência, influindo na família, na sociedade, na educação, na natureza, na economia ou no desporto. Estava dado o mote para o fim de semana.
Este sábado, 8 de outubro, segundo dia do Encontro, está, justamente, a ser quase todo ele dominado pelos desafios que se colocam à Educação, segundo um processo que, também, deve estar ligado ao seu contexto espácio-temporal. O edil João Manuel Esteves defendeu, por isso, para as escolas do concelho, um “conjunto de iniciativas para ensinar aos alunos o que é o território, classificado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera”. Neste sentido, o desafio maior do sistema consiste em “implementar nele o conceito de ecocidadania”, que tem mais possibilidades de vingar com um “corpo docente estável” e um “número de alunos por turma mais reduzido”.
Na intervenção menos politicamente correta de todas, o diretor do Agrupamento de Escolas de Valdevez criticou a tutela por dar prevalência a um ensino formal, normativo, quantitativo e concetual. “À escola cognitivista não interessa muito a parte informal dos valores e das atitudes”, reforçou Carlos Costa, que, das nove unidades, considera a “Escola Primária de Soajo a mascote do Agrupamento de Valdevez.”
Após os tradicionais discursos da praxe, no âmbito dos quais o presidente da Junta de Freguesia de Soajo lembrou o papel de “orientação” dos pais/encarregados de educação, foram promovidos vários círculos interativos, sob o ângulo EU-NÓS-TODOS, à luz de uma “filosofia” que visa fomentar a participação de todos para potenciar a “cocriação de ideias, projetos e soluções”.
O “alfobre” de ideias que foi germinando na sala colocou, de um modo ou de outro, o acento tónico na “descoberta”, na “partilha” e na “ação”. O grupo de Nuno Soares, diretor da Casa das Artes, disse querer “partilhar experiências e criar redes” para este dia de festival, e, numa perspetiva mais alargada, propôs-se “contribuir para a reflexão e para a mudança ao serviço da educação na base da multiplicidade.”
Já o grupo de Carlos Costa e João Manuel Esteves defendeu como grande intenção o “partilhar para fazer, descobrir e passar à ação”.
Ou seja, a educação, um “tesouro a descobrir”, segundo a aceção de um conhecido Relatório da Unesco, deve centrar-se em várias aprendizagens: são pilares do conhecimento pela vida fora o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a ser e o aprender a viver em comunidade.
Paralelamente, durante este sábado, estão a ser organizados ateliês e oficinas de pintura, desenho e arte poética no logradouro da Escola Eira do Penedo. Também os malabarismos, as danças e as brincadeiras têm estado de braço dado neste festival.
Outro dos pontos altos do dia, ainda a pensar no público infantil, será o espetáculo “Mão Verde”, de Capicua e Pedro Geraldes, com início marcado para as 17.30 Trata-se de uma coletânea de canções alegres – cheias de sensibilidade e humor – sobre natureza, agricultura, alimentação e ecologia.
Este sábado termina, em grande, com a recriação do fiadeiro ao som dos cânticos da Terra.
O evento decorre até domingo, 9 de outubro, em vários espaços (Casa do Povo, Escola Eira do Penedo e Mezio).