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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

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Faça chuva ou faça sol, não vão faltar boas razões para sair de casa este fim de semana, 1 e 2 de abril. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê um sábado com aguaceiros dispersos e um domingo soalheiro para o território de Soajo.

Da caminhada ao curso de permacultura, da Assembleia de Freguesia a uma oficina de enxertia, sem esquecer novo ensaio do Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo (esta sexta-feira, 31 de março, pelas 21.00), as propostas deixam antecipar um fim de semana variado, a ver pela lista que se segue.  

 

. Oficina de poda e enxertia

Sob organização da associação Soajo em Movimento ConVida, o convidado Raul Rodrigues, professor na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima (com doutoramento em Ciências Agrárias), promete, este sábado, 1 de abril (10.00, no salão da Casa do Povo), uma interessante sessão teórico-prática à volta das técnicas de poda e enxertia.

Quem for pode levar tesouras ou navalhas para experimentar e dar largas à técnica.

Sob proposta dos promotores, o grupo come e partilha, em jeito de piquenique, a merenda que leva.

 

. Práticas de permacultura

O curso, monitorizado por Yassine Benderra e Joana Costa, arranca este fim de semana (1 e 2 de abril, em Soajo), com a lecionação do primeiro módulo (agricultura permanente).

O segundo módulo, alusivo à água, realiza-se nos dias 15 e 16 abril.

A ecoconstrução é o tema do terceiro módulo a decorrer no fim de semana de 29 e 30 de abril.

O curso finaliza nos dias 13 e 14 de maio com o módulo relativo à vivência comunitária.

 

. Assembleia de Freguesia

Numa altura em que o mandato dos eleitos em 2013 caminha a passos largos para a reta final (as próximas autárquicas realizam-se no próximo dia 1 de outubro), o órgão deliberativo reúne-se este sábado, 1 de abril, pelas 18.00, no Salão S. José (Centro Paroquial e Social de Soajo).

Da ordem de trabalhos constam os seguintes pontos: apresentação de contas; proposta de autorização para colocação de sinalização da vila de Soajo no Mezio em pedra com as inscrições “Bem-vindo a Soajo” e “Obrigado pela sua visita”; e proposta de autorização de um abrigo para os veículos dos Baldios de Soajo.

 

. Caminhada de primavera

A proposta da empresa Soajo Nomadis, de Manuel Lage, consiste em caminhar, no dia 2 de abril (domingo), pela serra de Soajo. O grupo sai do Largo do Eiró para trilhar um caminho paradisíaco de oito quilómetros, de fácil travessia.

A atividade, por 8 euros, inclui lanche com produtos soajeiros, guia e seguro.

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Alerta SOS. Segundo a organização ambientalista Quercus, a acácia (mimosa) continua a propagar-se no território do Parque Nacional (PN) e, neste contexto, são sugeridas medidas de combate à espécie.

A Quercus pretende que se faça “a erradicação de novos focos de invasão”, mas avisa que, primeiro, é preciso “controlar ou eliminar as populações de invasoras já estabelecidas”.

A referida organização identifica a mimosa (Acacia dealbata) e a acácia-de-espigas (Acacia longifolia) como as espécies mais estabelecidas no PN (encontram-se em flor nesta época do ano, sensivelmente até maio). A mimosa, estima a Quercus, “ocupa já mais de mil hectares no PN, mas esta área poderá ser muito maior, uma vez que não há medições atualizadas das áreas infestadas”, lê-se no comunicado publicado no passado dia 20 de março.

Com os incêndios a fustigar imensas manchas florestais, “paira no ar” a ameaça de uma paisagem estéril e dominada pelas mimosas. Estas encerram vários perigos, nomeadamente a produção de uma quantidade significativa de massa combustível, que, acumulada no solo, funciona como um “rastinho” ao avanço das chamas. E, além disso, as acácias matam as espécies autóctones e reduzem a disponibilidade de água para outras espécies.

Segundo a Quercus, a facilidade de expansão das mimosas agrava o cenário. “Estas plantas invasoras deixam nos solos milhões de sementes por hectare e que se mantêm com vida durante décadas, estando prontas a germinar em qualquer altura, em especial após os incêndios”.

Só com mais investimento, aposta forte na erradicação das mimosas e campanhas de sensibilização é que as preocupações da Quercus surtirão efeito no futuro.

 

O que cada um de nós pode fazer

O projeto “Invasoras.pt”, a funcionar desde fevereiro, depende da boa vontade dos cidadãos. O “mapa de avistamentos”, com a ajuda dos moradores, ajuda a identificar estas espécies invasoras.

Com a ajuda da Quercus, fique a conhecer as acácias mais frequentes no PN:

. Mimosa (Acacia dealbata): mede até 15 metros, com folhas perenes e verdes-acinzentadas e flores amarelo-vivas.

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. Acácia-de-espigas (Acacia longifolia) arbusto ou pequena árvore perene, com espigas amarelo-vivo e muito encontrada em dunas.

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As acácias são originárias do sul da Austrália.

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Está dado o primeiro passo para a criação de novas brigadas florestais. Através do Despacho n.º 2434-B/2017, foi aberto concurso para a constituição de vinte equipas de sapadores florestais no território do Continente.

Com base no Inventário Florestal Nacional, e considerando a relação de área de intervenção afeta a cada brigada com a taxa de ocupação florestal, Soajo deverá ser contemplado com uma nova equipa de cinco elementos especializados, que se juntará à existente, com o objetivo prioritário de prevenir incêndios florestais e preservar as riquezas naturais que povoam o Parque Nacional.

De acordo com o Despacho, publicado no passado dia 21 de março, “o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios prevê o aumento do contributo das equipas de sapadores florestais para a minimização do risco de incêndio e diminuição de área ardida, estando a articulação da sua intervenção com as restantes estruturas de defesa do património florestal definida no Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios”.

O custo estimado, pela tutela, para a constituição das vinte equipas previstas é de 1,3 milhões de euros, valor financiado pelo Fundo Florestal Permanente.

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Depois da solicitação feita por 17 proprietários de Reigada, Chedas e Eiras (Vilar de Suente), o Município de Arcos de Valdevez autorizou, por unanimidade, a adjudicação da obra de ampliação da rede de abastecimento de água pública. A deliberação foi tomada, esta segunda-feira, 27 de março, em reunião de Câmara.

A empreitada implica um investimento de 22 350 euros (sem IVA).

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Não há volta a dar. O debate sobre o lobo-ibérico vai sempre “desembocar” na necessidade de fazer coexistir o pastoreio com o maior predador terrestre da região. A conferência que o investigador Francisco Álvares, sob organização do projeto Soajo em Movimento ConVida, dinamizou, no passado dia 26 de março, em Soajo, centrou-se, fatalmente, em torno desta dialética.

Segundo o biólogo do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), da Universidade do Porto, “tem de haver uma mudança de paradigma se quisermos manter a população do lobo e os efetivos pecuários com condições”. Mas a presença do lobo, em territórios como o “coração” do Parque Nacional, onde os hábitos culturais de coexistência se perderam nas últimas décadas, esbarra contra as atividades humanas.

Noutros tempos, no extremo setentrional da Península Ibérica, o lobo-ibérico tinha como "prato" preferido as presas silvestres (como o veado, o corço e a cabra-montês), mas, devido ao desaparecimento ou rarefação destas, procedeu-se à reorganização do ecossistema no Parque Nacional, e o gado em pastoreio extensivo passou a estar no centro da cadeia alimentar da população lupina.

Entretanto, as presas silvestres estão de regresso ao Parque Nacional. “Mas o problema é que estes ungulados estão a povoar uma paisagem muito mal tratada, toda calcinada, e sem praticamente manchas florestais, pelo que, nas atuais condições, é muito difícil ter populações abundantes de presas silvestres no interior da referida área protegida”, lamenta Francisco Álvares.

Apesar dos constrangimentos, segundo o investigador, “é possível atingir uma medida de sustentabilidade entre a conservação do lobo e as atividades humanas, mas, devido à subsidiodependência, este equilíbrio está complemente esquecido e estamos num sistema quase artificial, que não é sustentável”.

Desde que foi publicada legislação para a proteção do lobo-ibérico pouco ou nada mudou. Os criadores queixam-se “sempre das insuficientes compensações”. Porém, segundo Francisco Álvares, as medidas obrigatórias de proteção do gado também não são cumpridas por muitos produtores. “A vigilância é quase nula e, neste contexto, os ataques do lobo são frequentes e, claro, daí, vem este conflito intenso”, sustentou o investigador, lembrando que “um rebanho [ou manada] de cinquenta cabeças tem de ser guardado por pastor e cão de gado”.

“É preciso responsabilizar e apoiar os criadores de gado para a utilização de medidas de prevenção de ataques, da mesma maneira que nenhum seguro paga os prejuízos de assalto a casa quando o proprietário da habitação é pouco zeloso”, compara.

 

O que revelam os estudos

No Alto Minho, há duas décadas que se estuda uma população de lobos. A investigação do CIBIO mostra que a adaptação do predador carnívoro é extremamente complexa. Nas localidades onde o gado errante apascenta livremente os ataques do lobo são muito frequentes.

As investidas sobre o gado têm explicações racionais. O lobo, “que não é um matador”, é um predador “oportunista” e “inteligente”, razão por que caça as presas abundantes e mais fáceis de intercetar, neste caso os animais domésticos. Porém, o ataque a bovinos representa sempre um “conflito social, económico e emocional”, e a animosidade contra o predador vem por arrasto.

A retaliação dos produtores aos ataques do lobo está “medida” em números. De acordo com o Sistema de Monitorização de Lobos Mortos, entre 1999 e 2011, foram mortos cerca de oitenta lobos. E, segundo dados do CIBIO, sete dos 17 lobos marcados com coleira GPS, para investigação, nos últimos dez anos, foram abatidos por ação humana, a maioria dos quais numa alcateia situada a norte de Paredes de Coura.

O último episódio remonta há cerca de uma semana. Um lobo que estava a ser monitorizado por telemetria foi morto a tiro. “Encontrámos o colar [do lobo que estava a ser seguido] cortado e escondido por baixo de uma pedra num ribeiro”, revela o investigador.

Há muitos lobos a morrer por laço, veneno e tiro (o atropelamento acidental é a principal causa de morte conhecida). Mas a grande maioria dos casos não resulta em processo-crime ou é arquivada pelo Ministério Público. “Em quase três décadas de lei (o lobo é protegido desde 1988), só houve dois casos de punição: um a sul do Douro, o outro numa montaria ao javali em zona de caça no interior do PN”. Neste caso, o culpado pagou uma coima de 300 euros, um “valor ridículo para dissuadir comportamentos destes e criar uma consciência responsável”, diz Francisco Álvares, para quem “o lobo é uma arma de arremesso e um bode expiatório para os produtores por a ruralidade estar a perder-se”.

A nível nacional, estima-se que existam trezentos lobos, distribuídos por sessenta alcateias. No Alto Minho, as alcateias de Soajo e do Vez, em zonas altaneiras, “têm mais tranquilidade e são as mais estáveis, muito à custa do alimento que há, sobretudo animais domésticos”, explica Francisco Álvares.

Com variações de região para região, cerca de 40% da população lupina, em Portugal, é morta anualmente por ação humana.

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Predação do lobo

Arcos de Valdevez é um dos concelhos mais afetados pela ação predatória do lobo sobre animais de pastoreio. Só neste mês de março, pelo menos em Soajo, foram mortos mais dois bovinos por investidas do lobo. O casal de produtores, António e Teresa Cerqueira, com um histórico de prejuízos, já desencadeou o processo burocrático para efeitos de indemnização.

A equipa de averiguação do ICNF teve de analisar as carcaças para confirmar o ataque de lobo (e não de cães assilvestrados ou outra causa de mortalidade), requisito fundamental para validação da queixa dos proprietários.

Entretanto, de acordo com o ICNF, de janeiro de 2015 a janeiro de 2016, foram identificados 1272 ataques e confirmados 1831 animais (entre ovinos, bovinos, caprinos, equinos e caninos) abatidos por ataques do lobo. Mas, em certos anos, o número de ataques que é atribuído ao lobo anda por 2500, sendo que o Estado gasta uma média de 800 mil euros/ano em compensações.

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Três perguntas a Francisco Álvares

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“Paisagem bem conservada é o símbolo que o lobo pode ter”

  1. O que é preciso fazer para reduzir a predação do lobo e esbater o conflito entre as atividades humanas e a presença do lobo?

A resposta não é simples… Desde logo, ações de sensibilização são importantes… Para atingir uma coexistência sustentável, tem de haver compromissos de toda a sociedade e um conjunto de medidas como o ordenamento do pastoreio, a criação de condições para o aumento das presas silvestres e a aposta efetiva na prevenção de incêndios e fomento florestal. Mas nunca é de mais insistir na responsabilização dos proprietários, a quem compete a proteção do gado (confinamento, uso de cão de gado eficiente como o sabujo…) e a implementação de boas práticas, nomeadamente a redução da distância das áreas de pastoreio aos locais de confinamento.

  1. O lobo é um indicador do que é uma paisagem bem ou mal preservada. No atual contexto, em que medida o lobo corre sério risco de extinção?

Se aquilo que as pessoas locais pretendem é uma paisagem cada vez mais queimada, onde a biodiversidade desaparece, o pastoreio de gado é dominante e o número de cabeças [de gado] contrasta com a reduzida área de pasto, então, neste quadro, o lobo não tem lugar.

Mas, numa paisagem bem gerida, em que o gado é bem guardado e os animais silvestres são em bom número, aí, o lobo tem todo o cabimento. O lobo só pode existir numa paisagem em que haja espaço para ele viver e alimento para ele subsistir.

  1. O que é que deveria simbolizar o lobo numa área de proteção, que está longe de o ser?

Todos nós gostamos de chegar a um sítio em que se veja uma paisagem bem conservada. Este é o símbolo que o lobo pode ter. Além disso, o lobo é uma espécie-chave na biodiversidade regional e na identidade da cultura popular.

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24 Mar, 2017

Neve na primavera

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A neve que caiu na madrugada do dia 23 de março cobriu de branco os lugares e sítios mais altos de Soajo. Apesar disso, as estradas estiveram sempre transitáveis.

Depois de dias soalheiros, o “pulmão” do Parque Nacional é confrontado com um raro fenómeno meteorológico: neve na primavera. A serra de Soajo e o Mezio ficaram "decorados" de branco, como as fotos bem documentam. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a neve que caiu deveu-se à conjugação de precipitação com temperaturas baixas.

A despeito do nevão, a circulação automóvel fez-se sem percalços. O soajeiro Joaquim Franqueira relatou ao blogue Soajo em Notícia a sua experiência. “Apesar da muita neve que caiu, não tive problemas em fazer, hoje [quinta-feira, 23 de março], a viagem da Várzea aos Arcos”. E o dia de aulas decorreu normalmente para a população escolar que se deslocou para a sede do concelho.

Embora as previsões apontassem neve a cotas relativamente baixas, poucos curiosos acorreram à serra para descobrir o prazer de mexer na neve em finais de março. Talvez por ser dia de trabalho e pelo inesperado da situação.

Mas o ótimo é “inimigo” do bom e, nos casos em que a neve se fixou no solo, há o receio de as folhosas plantadas, em tempos recentes, no Mezio, terem sofrido “queimaduras” irreversíveis.

A quem interessa desinformar?

Alguns órgãos de comunicação social teimam em repetir erros grosseiros, confundindo freguesias com lugares e sítios.

Ora, o Mezio, ao contrário do que tem sido escrito, não é freguesia de Arcos de Valdevez, mas, sim, um sítio-tesouro de Soajo.

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 Fotos: Blogue Soajo em Notícia e Teresa Cerqueira.

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Estava anunciada uma luta em tribunal interposta pelos Baldios de Soajo contra os Baldios de Cabana Maior, mas estes já avançaram, há meses, com uma participação judicial.

À parte esta diligência processual, a Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo, reunida no passado dia 17 de março, “autorizou o Conselho Diretivo a definir a área de baldio de Soajo”, mas o processo vai conflituar com o parcelário reclamado pelos Baldios de Cabana Maior.

Para o órgão de gestão dos Baldios de Soajo, os congéneres de Cabana Maior “estão a entrar nos baldios de Soajo”, alegadamente porque “alguém andou a mexer no parcelário”, apesar de “os limites dos baldios de Soajo e Cabana Maior serem os mesmos de sempre”, assegura um dirigente do Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo. No entanto, o presidente do Conselho Diretivo dos Baldios de Cabana Maior nega ter anexado baldio de Soajo – “os compartes de Cabana Maior não se apropriaram de nada” – e defende que “o parcelário é o que está marcado, há muito tempo, pelo ICNF”, sustenta Joaquim Campos.

Mas recordemos o que está, aqui, em equação. Os limites das freguesias de Soajo e Cabana Maior são distintos dos dos baldios. Ou seja, uma e outra coisa são diferentes. Segundo defende o Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo, a divisão administrativa entre as duas freguesias “é feita, sensivelmente, pelo estradão do Gião e pelo estradão que sobe em direção a Bouças Donas”, não sendo esta demarcação, segundo os soajeiros, nada coincidente com os limites das respetivas áreas baldias.

Só que os Baldios de Cabana Maior alegam “haver um erro na Carta Administrativa”, que “tem de ser corrigido”, e acusam os homólogos de Soajo de quererem “alterar à força o parcelário dos baldios com base em equívocos da Carta Administrativa”.

“Nós, Baldios de Cabana Maior, apresentámos, em reunião, o levantamento feito pelos idosos de Cabana Maior e Soajo, assim como os dados recolhidos na Torre do Tombo, mas, em Soajo, existe um problema de pessoas”, lamenta Joaquim Campos.

As posições estão completamente extremadas e, na atual “anarquia”, os Baldios de Cabana Maior e os de Soajo vão lutar pelos respetivos interesses. Os primeiros até já desencadearam uma batalha judicial, enquanto os Baldios de Soajo têm vindo a encetar “contactos com a Sala de Parcelário”, segundo adiantou a este blogue Cristina Martinho, presidente do Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo.

Devidamente mandatados pelos compartes, os Baldios de Soajo promoveram, no dia 21 de março, uma reunião com interlocutor de Parcelário, para certificar os limites dos baldios, mas o encontro revelou-se inconclusivo, por falta de cartografia do baldio.

Seguir-se-á, a curto prazo, nova reunião, desta vez em Ponte de Lima, onde deverão ser solicitados pelos Baldios de Soajo “os documentos entregues em tempos recentes” para justificar o parcelário integrado em Cabana Maior, tendo os queixosos a “convicção de que, por exemplo, uma zona entre o Mezio e a Travanca, que abrange uma área de 150 hectares, é pertença de Soajo”. Mas, como seria de esperar, Joaquim Campos, sobre isto, tem uma posição discordante.

Por isso, os técnicos credenciados da Sala de Parcelário deverão chamar, depois, os Baldios de Cabana Maior, mas o entendimento parece fora de questão.

“O que vai acontecer é que toda a área que está em litígio não pode estar sujeita a projeto. Seja para aquilo que for”, diz o Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo, que quer “definir limites e acabar com as verbas cativas por causa desta situação”.

Por consequência, está em risco o projetado Parque Biológico do Mezio, que, segundo o plano, cobre uma área de dez hectares. “Há muitas confusões que não aceitamos, pois o território do anunciado Parque [com dois parques interpretativos, o da flora e o da fauna] é nosso, pelo que este projeto não pode avançar naquilo que é de Soajo”, acrescenta o Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo, que recusa “coelheiras” em área baldia de Soajo.

 

Motivações em conflito

Esta disputa, na essência, tem três motivações: uma de natureza legal, outra afetiva (ligada às raízes) e uma terceira material. É que as verbas cativas (alienação de lotes de madeira, por exemplo) são apetecíveis e ninguém está disposto a abdicar delas.

A justiça portuguesa é lenta e o litígio quanto aos limites territoriais da área do baldio é de extrema complexidade. “Queremos e vamos fazer o que for preciso para pôr um fim a este diferendo”, atalha Cristina Martinho. Mas “é um processo que vai durar uns dez anos”, conclui Joaquim Campos.

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Segundo foi adiantado em reunião ordinária da Assembleia de Compartes, no passado dia 17 de março, os Baldios da Freguesia de Soajo, em parceria com a ARDAL, vão candidatar a financiamento dois projetos complementares para aproveitamento dos valores ambientais e recuperação de infraestruturas danificadas.

A ação tem em vista a criação do anunciado trilho da Levada dos Martinhos e, em paralelo, a recuperação da Casa florestal de Ramil, que servirá de apoio a caminheiros.

Integrado neste trilho, o segundo projeto engloba a construção de um passadiço entre o Poço das Canejas e o Poço Negro. No âmbito desta intervenção, está, igualmente, pensada a recuperação da estrutura de amparas (madeiramento) no acesso que conflui para o Poço Negro, além de melhoramentos no acesso (da estrada) ao Poço do Bento.

Posteriormente, será promovida iniciativa tendente à ligação entre os moinhos de Cunhas (Ladeira) e o Poço Negro.

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 Centro interpretativo do lobo-ibérico em estudo

Está em cima da mesa a criação de um Centro interpretativo do lobo-ibérico, aproveitando, eventualmente, uma das casas florestais devolutas.

“Pessoalmente, prefiro que este projeto seja enquadrado em Soajo, para que as pessoas venham, fiquem e consumam aqui”, diz António Amorim.

O Centro interpretativo, como o nome indica, tem uma função pedagógica e a ele estará consagrada a promoção da biodiversidade através do longo historial do lobo enquanto elemento de coexistência com o pastoreio.

Sobre o lobo-ibérico, a associação Soajo em Movimento ConVida vai dinamizar, este domingo, 26 de março (14.30), no salão da Casa do Povo, uma prometedora conferência com Francisco Álvares, conhecido biólogo que se tem dedicado ao estudo da vida selvagem daquele animal.

Deliberações da Assembleia de Compartes

À parte estes projetos (alguns dos quais discutidos e votados anteriormente), as contas referentes a 2016, sobre as quais o Conselho Fiscal já tinha emitido parecer positivo, foram apresentadas, na referida Assembleia de 17 de março, com bastante detalhe, pela presidente do Conselho Diretivo dos Baldios, tendo todos os compartes presentes aprovado o Relatório.

O total de receita arrecadada, em 2016, foi de, sensivelmente, 176 400 euros. A maior “fatia” de despesa prendeu-se com salários e Segurança Social da equipa afeta aos sapadores florestais.

Por unanimidade também, foi aprovado o pedido de viabilização do polígono pecuário em Paradela.

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Informações de interesse geral

Com vista à recuperação do imenso património existente, os Baldios revelam recetividade para reabilitar espaços como os cortelhos, mas o desafio, também, é alargado aos compartes. De igual modo, a Casa da Cova é outro equipamento suscetível de melhoramentos.

Noutro âmbito, o Conselho Diretivo dos Baldios de Soajo comunicou que o gerente do Hotel do Mezio, Carlos Moura Guedes, “se mostrou disponível para pagar, de vez, o valor de renda em dívida”, tendo ficado acordado o pagamento de 18 mil euros, verba que corresponde a 2 mil euros/ano entre 2012 e 2014 e a 4 mil euros/ano entre 2015 e 2017. O dinheiro, caso o compromisso seja a valer, deverá entrar na conta dos Baldios no próximo dia 24 de março (esta quinta-feira).

Em relação aos restantes incumprimentos, o empresário hoteleiro comprometeu-se a construir a obrigatória ETAR, que, segundo garantiu, “irá funcionar de acordo com as normas e será monitorizada de mês a mês por entidade competente para o efeito”.

Entretanto, as obras de alargamento e requalificação do Hotel do Mezio arrancam no próximo mês de abril… mas até lá falta saber se as mais recentes promessas vão mesmo ser concretizadas.

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Sob organização de Soajo em Movimento ConVida, a Tasquinha da Capela acolheu, no passado dia 19 de março, uma sessão de cianotipia, ministrada pelo técnico Rodolfo Oliveira, das Oficinas TK.

Sob o lema “recordar ideias” e “perpetuar formas”, foi abordado, para uma plateia interessada, o processo de cianotipia na íntegra, “desde os compostos que são utilizados à maneira como se faz a preparação da emulsão, ou como esta solução é aplicada e os tipos de suportes que podemos usar, bem como as experiências que podem ser feitas”, disse ao blogue Soajo em Notícia Rodolfo Oliveira, simpático lisboeta, rendido aos encantos de Soajo (ler entrevista).

Nesta oficina, foram realizados alguns cianótipos, tendo a impressão sido feita com recurso a fotogramas, “maneira direta de fazer imagens através de silhuetas de plantas e/ou objetos que não deixam passar determinada luz”, segundo o “mestre” convidado.

Rodolfo Oliveira, com formação (incompleta) em fotografia, é, sobretudo, um autodidata. Dedica-se à cianotipia há 12 anos.

 

Entrevista com Rodolfo Oliveira: “A cianotipia é uma porta de entrada para a fotografia”

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O que é a cianotipia?

É um processo de impressão fotográfica do século XIX. É uma técnica de impressão fotográfica muito interessante e acessível. Costumo dizer que é uma porta de entrada para a fotografia, porque usa químicos muito pouco tóxicos. Além disso, é uma técnica de introdução que pode ser ensinada a todos os públicos. E, por ser uma técnica barata, favorece a aprendizagem por tentativa e erro.

A quem costuma dar formação?

Dou formação a grupos heterogéneos e não a grupos de especialistas como alunos de Belas Artes ou Fotografia.

Fale das Oficinas TK.

É um projeto pessoal, nome genérico que engloba várias veias expressivas.

Quando comecei, decidi dedicar-me à produção de artigos impressos em cianotipia, artigos feitos em gravura ou xilogravura. Tenho uma microeditora onde faço traduções, impressões de livros e encadernação, enfim, processos manuais com tiragens muito pequenas.

Do que já conhece, o que é que destaca de Soajo?

Não conhecia Soajo, mas estou a gostar muito. O mínimo que posso dizer é que as pessoas têm sido todas muito hospitaleiras e simpáticas. Além do aspeto turístico, Soajo é muito bonito e tem uma arquitetura muito própria. Mas a bondade das pessoas é o que mais sobressai.

Vivo na cidade (Porto), mas identifico-me muito com a montanha. Vim de Lisboa para o Porto à procura de qualidade de vida e calma, e encontrei-as na Invicta, mas Soajo é outro paradigma.

Não interagi muito com a gastronomia local, é certo, porque sou vegetariano, mas já comi produtos locais (hortícolas e legumes) plantados pelos meus amigos.

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Um grupo de quarenta voluntários que convergiu, este sábado, 18 de março, para as imediações do Núcleo Megalítico do Mezio, plantou, sob um sol esfuziante, a última “leva” de folhosas ao abrigo do projeto Floresta Comum (programa de incentivo à criação de floresta autóctone). A iniciativa englobou, desde novembro do ano findo, 15 mil plantas.

Nesta mais recente ação, em ambiente festivo e com música popular a ecoar no valado, foram enterradas cerca de mil plantas, entre carvalhos e medronheiros, numa área fustigada pelas chamas do grande incêndio de agosto. A plantação, em articulação com as reflorestações realizadas anteriormente pelos sapadores de Soajo, “fechou” um anel de 15 hectares providos de corredores de passagem para o combate a incêndios, mas ainda sem as necessárias vedações.

Os Baldios de Soajo quiseram, com este projeto Floresta Comum (à parte esta iniciativa, o plantio em novembro de 2016, patrocinado pela Toyota, envolveu outras 2500 árvores), recuperar uma importante reserva destruída pelas chamas, fazer a consolidação racional do espaço e, através da ação simbólica do último sábado, fomentar uma cultura ambiental, numa área de rara beleza.

“Os lugares de Soajo estão representados por muitos voluntários”, soltou uma mulher. De Vilarinho das Quartas veio a “matriarca” do grupo, Maria Barros Esteves, de 78 anos. Diz que soube da iniciativa “pelo cunhado” e foi “incentivada a participar nela pela família”. “Estes convívios não deviam acontecer só uma vez por ano, mas todos os dias”, atirou, com nostalgia.

Nas proximidades, a pequena Miriam, de 3 anos, alinha na reflorestação e antecipa uma geração amiga da natureza. Ao lado, o pai Yassine difunde uma filosofia ecológica e dá “dicas” sobre o ciclo reprodutivo das plantas. Pai e filha esperam ver crescer as folhosas (a chuva anunciada para estes dias será uma preciosa ajuda…) sem os “descuidos” que vêm dizimando a mãe-natureza ano após ano (as queimas e queimadas imprudentes, na passada semana, dão que pensar...).

De resto, enquanto não for vedada a mancha de 15 hectares, há sempre o risco de o gado errante fazer estragos. Resta esperar que a vedação seja feita o quanto antes – segundo foi prometido aos Baldios pelo gerente do Hotel do Mezio, no passado dia 17 de março, a construção será, integralmente, custeada pela unidade hoteleira, estando previsto para esta semana o início da instalação. Ver para crer como S. Tomé…

É justa uma palavra de felicitação à Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo, à equipa de sapadores florestais de Soajo e aos voluntários, que, todos juntos, estão a trabalhar, com um propósito comum: fazer renascer a flora da região.

Entretanto, seguir-se-ão outras (re)florestações no território de Soajo.

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