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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

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A lei que se refere à gestão de combustíveis (limpeza de matos) para proteção de casas, aglomerados e estradas tem vindo a suscitar muitas dúvidas e, em diversos casos, as consequências ou ameaças têm substituído a informação sobre esta matéria. Face ao avolumar das queixas, o Governo alega que a lei já existia e acrescenta que o objetivo é reduzir os combustíveis.

Em termos práticos, dizem alguns técnicos, parece pouco exequível concretizar em semanas o que nunca se fez em anos, sobretudo quando a lei não atende a fatores como o relevo, a geografia e o nível de pluviosidade. Para além disso, em muitos casos, não é boa ideia abater árvores que são fonte de estabilidade de ladeiras ou que estão junto de caminhos. Com isso, o mais certo é gerar boas condições para o crescimento de espécies invasoras como as mimosas, afinal, mais combustível.

Por outro lado, há especificidades como os povoamentos dispersos e a população envelhecida que levantam muitas perplexidades. Mas, então, não existirá necessidade de constituir equipas para abater as árvores nas faixas delimitadas pela lei?

Em função das dúvidas que reinam, é urgente promover em cada freguesia uma campanha de sensibilização para esclarecimento cabal da população.

O prazo para operacionalizar a gestão de combustíveis termina no próximo dia 15 de março.

Faixas de gestão de combustível e implicações em caso de incumprimento

. Limpar as copas das árvores quatro metros acima do solo e mantê-las afastadas pelo menos quatro metros umas das outras.

. Cortar árvores e arbustos a menos de cinco metros da edificação e impedir que os ramos se projetem sobre o telhado.

. Não cortar as árvores de fruto inseridas em áreas agrícolas ou jardins.

. Quem não fizer a gestão dos combustíveis até 15 de março, pode pagar multas até 10 mil euros (pessoas singulares) e até 120 mil euros (pessoas coletivas).

. A partir de 15 de março, a Câmara Municipal pode substituir-se aos proprietários na limpeza do mato. Os proprietários são obrigados a permitir o acesso aos seus terrenos e a ressarcir a Câmara das despesas. 

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O Hotel do Mezio (Casa do Mezio & Nature Hotel) encontra-se encerrado (e ao abandono) desde agosto de 2017 e o investimento, com recurso a importantes fundos comunitários, não tem trazido nada de positivo ao território. A Câmara Municipal, que aprovou a expansão da unidade no ano transato (obra que nunca arrancou), depois de explicações evasivas acerca do evoluir negativo deste empreendimento turístico, acabou por prestar alguns esclarecimentos na Assembleia Municipal de 23 de fevereiro.

“Manifesto a minha preocupação em relação ao não desenvolvimento do Hotel do Mezio. Como frisei em declarações [à comunicação social], seria ótimo se conseguíssemos encontrar um promotor para colocar o processo a andar. Uma vez que [o empreendimento] está construído, agora, é preciso pô-lo a mexer. É muito importante para a estratégia de visitação do Parque e para este dinamismo [fluxo turístico] que se tem gerado. Queremos que haja infraestruturas de alojamento e o Hotel está construído”, disse aos deputados municipais o edil João Manuel Esteves, sem nunca abordar, porém, as polémicas questões do despejo de detritos para a encosta contígua, da falta de estação de tratamento obrigatória e da inexistência de licença de utilização de recursos hídricos até, pelo menos, junho de 2016.

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A Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, ocorrida no passado dia 23 de fevereiro, teve, provavelmente, uma das maiores participações soajeiras de sempre no parlatório, com três deputados em discurso direto.

O blogue Soajo em Notícia reproduz as intervenções proferidas por Ivo Baptista (PSD), Jorge Lage (PS) e Sandra Barreira (CDU), seguindo o critério do peso representativo das respetivas forças políticas em presença para efeitos de ordenação. Por opção, editou-se apenas o texto que, direta ou indiretamente, diz respeito a Soajo.

O presidente da Junta de Soajo, Manuel Barreira da Costa (PSD), também ele membro da Assembleia Municipal (e deputado por inerência), não usou da palavra nesta sessão ordinária do referido órgão deliberativo.

 ***

Ivo Baptista (declaração lida)

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“O grupo municipal do PSD felicita o Município e o movimento associativo arcuense por toda a atividade cultural, recreativa e desportiva do nosso concelho. […] Congratulamos o trabalho de parceria da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia de Soajo e o grupo Cantadeiras de Soajo pela excelente classificação do disco ‘Por Soajo, com Soajo’, que alcançou o top 10 dos discos portugueses da Terra Pura no mês de dezembro de 2017.

[…] [Felicitamos] Câmara Municipal, Junta de Freguesia e povo soajeiro pela cunhagem de um exemplar alusivo aos espigueiros do Norte Peninsular, integrado na série ‘Etnografia Portuguesa’, com imagem da Eira Comunitária dos espigueiros da vila de Soajo, um dos ex-líbris do concelho.

Servem estes como reforço da identidade local, valorização do património cultural e um contributo para a promoção e divulgação turística da vila de Soajo e do concelho de Arcos de Valdevez”.

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Jorge Lage (de improviso)

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“Olho para esta Assembleia e constato o panorama habitual: a um concelho desequilibrado corresponde, também, uma Assembleia desequilibrada. Claro, é da política, as coisas são mais ou menos como são. Mas não foi por falta de trabalho nem por demérito de Dora Brandão e de todos os restantes, que muito se esforçou, mas o que é certo é que a bonomia e a simpatia do senhor João Manuel Esteves foi um fator positivo. E depois o lóbi.

Há pouco vi, aqui, o meu conterrâneo Ivo Baptista congratular-se por os espigueiros de Soajo constarem de uma moeda, mas não são de Soajo, são do Noroeste Peninsular, não está lá Soajo. Não sei se são canastros ou se são ‘horreos’, o termo castelhano. Em Soajo eram canastros, pois o termo ‘espigueiros’ foi uma inovação dos últimos vinte ou trinta anos. Em Soajo, antigamente, ninguém dizia espigueiros.

A classificação devia ser pela natureza do edificado, e não pela função do edificado. De qualquer modo, [no seguimento do voto de louvor aprovado à freguesia e ao povo de Sistelo], espero bem que Sistelo, pelo menos, com este Noroeste Peninsular, consiga usufruir dos espigueiros que também lá tem.

[…] Voltando ao assunto da moeda… Em Soajo, há um património que as pessoas fizeram, os canastros, e vão dar o nome ao Noroeste Peninsular! Não estou de acordo com isso! É um património de Soajo, tem, pelo que, primeiro, tem de estar o nome de Soajo. Não queremos andar iludidos. Por ilusão, já temos o caso de na “Terra que Deus fez”, conta a história que ‘em Arcos de Valdevez nasceu Portugal no abençoado cenário da serra do Gerês’. […] Ora, com essas aldrabices todas, o Parque nasceu como nasceu.

Quanto à Porta do Mezio, não sei se aquilo é um Estado neutral, se é uma Andorra… Não sei se a Porta do Mezio, se a porta ou o hall, é efetivamente um Estado neutral ou se pertence a Soajo. Não vejo nada. A Carta Oficial Portuguesa, que tem valor legal, diz que aquilo é Soajo. Então, estamos aqui com dúvidas? […]

E a Porta do Mezio serve não para fazer publicidade a Soajo, que é para Soajo se desenvolver, mas para Arcos de Valdevez, não sei se à vila, se ao concelho. Mas é bom ter presente que Soajo é uma autarquia, não uma paróquia.

Também não sabem onde está o Parque Biológico...

E não aceitamos que o sítio da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez ande a dizer que isto fica na serra do Gerês, já bastou andarem a brincar com a Peneda.

Quanto à estátua do Foral, não sei quando será colocada, talvez daqui a 500 mil anos, agradecia que o senhor presidente me dissesse se está com intenções de… [sobre isso, João Manuel Esteves nada disse].

Em referência à carne cachena DOP, o senhor presidente sobre um evento que vai acontecer no mês de março mandou dizer à comunicação social que a cachena é, afinal, da Peneda e de Soajo. Já há alguma evolução, está de parabéns, senhor presidente!

Já o lobo ibérico é para proteger fazendo um centro de interpretação numa casa florestal colocada em Soajo, enquanto o cão sabujo de Soajo, que está no Foral e deu centenas e centenas de anos de isenção de impostos a Soajo, esse é de Castro Laboreiro, não se faz nada. Não convém!

As placas para homenagear o juiz de Soajo, Sarramalho, natural de Tibo, estão na Junta, pois o presidente da Junta anterior deixou fazer isso, mas, pelo visto, não o autorizaram colocar, agora, ainda pior! Pior, não é bem assim, que a Junta de Soajo está misturada…”

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Sandra Barreira (declaração lida)

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“No passado dia 3 de fevereiro, inaugurou-se a ampliação da rede elétrica ao lugar das Chedas, na freguesia de Soajo. Mas nestas coisas parece não haver bela sem senão. A empresa responsável por essa ampliação adoptou a via mais fácil e presenteou-nos com postes de média tensão ao longo de uma das encostas mais interessantes pelas suas características paisagísticas e naturais.

Como se isso não fosse suficiente, alguns soajeiros podem agora beneficiar das inúmeras vantagens de ter um poste de média tensão à entrada de casa.

A CDU não compreende como é que, em 2018, uma empresa como a EDP, que já em 2001, pelo menos, tinha programas onde promovia a defesa do património e do ambiente, não foi pressionada para encontrar outras soluções, mais harmoniosas e mais limpas, sem impacto na paisagem que têm as linhas de média tensão?

Será que vamos ter de ceder sempre à conversa do “mais vale assim do que nada”?
Porque, afinal, continuamos a deixar que nos cobrem um preço demasiado alto pelo acesso aos serviços essenciais, por vivermos onde vivemos. Recorde-se o que aconteceu aquando do processo de migração para a TDT.

“A TDT permite uma melhoria da qualidade do som e da imagem, bem como novas funcionalidades”, – diziam-nos no início.

E depois começaram a dizer-nos “zona sombra”.

Em Soajo, por exemplo, conhecer o significado de “zona sombra” implicou o pagamento de mais de cem euros num adorno para colocar no telhado, pois, só assim era possível continuar a ver televisão. Em compensação, temos hoje mais um elemento decorativo na paisagem que faz, agora, parte das características arquitetónicas”.

Infelizmente, somos levados a crer que tanto numa situação como noutra, o Município não exerceu a pressão necessária para que se evitassem os atentados ao património cultural e paisagístico que se verificaram.

Por outro lado, perguntamo-nos se fazer parte integrante da Reserva Mundial da Biosfera e do Parque Nacional serve apenas para condicionar os investimentos dos particulares?

2018 é o Ano Europeu do Património Cultural, sob o lema “Património: onde o passado encontra o futuro”.

E quando falamos de património cultural estamos a falar de edifícios, momentos, paisagem, fauna e flora, tradições orais e práticas sociais, entre tantas outras coisas.

Portanto, prezar o nosso património cultural é preservar a nossa identidade, a nossa diversidade e a nossa riqueza.

O património cultural não deve ser deixado ao abandono. A sua degradação e destruição devem ser evitadas e combatidas.

Mas, em bom rigor, isso não tem acontecido, nem em Soajo, nem nas demais freguesias do concelho cujo património é dos mais ricos e diversificado. Os espigueiros continuam a ser “exportados”, os moinhos continuam a degradar-se, as pontes de pedra aguentam-se graças aos remendos de cimento, as fontes vão ficando sem água fruto de outras intervenções e a paisagem continua a ser fustigada com implantações desproporcionadas e desajustadas”.

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Em tempos recentes, foi aprovada, pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, a quarta alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), cuja proposta, após o obrigatório período de discussão pública, vai ser debatida e votada, esta sexta-feira, 23 de fevereiro, pela Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, com o objetivo de dar prosseguimento a anteriores deliberações relativas ao reconhecimento de interesse público de centenas de estábulos de produtores pecuários do concelho arcuense.

Com efeito, desde 2 de janeiro de 2015, data da entrada em vigor do Regime Excecional de Regularização de Atividades Económicas (RERAE), “foram emitidas 319 declarações de interesse municipal, pela Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, sob proposta da Câmara Municipal, relativamente à regularização dos estabelecimentos em causa”, segundo informação dos serviços municipais.

O RERAE prevê a regularização excecional das explorações existentes que, à data da sua entrada em vigor:

- “não disponham de título válido de instalação ou de título de exploração ou de exercício de atividade, incluindo as situações de desconformidade com os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares ou com servidões administrativas e restrições de utilidade pública”;

- “possuam título de exploração válido e eficaz, mas cuja alteração ou ampliação não sejam compatíveis com os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares ou com servidões administrativas e restrições de utilidade pública”.

Com base nestes pressupostos, a Câmara Municipal, em novembro do ano findo, deliberou proceder à quarta alteração do PDM do Concelho de Arcos de Valdevez para englobar no seu Regulamento, publicado em Diário da República, a seguinte norma:

Artigo 6.º - A – Estabelecimentos e explorações abrangidas pelo Regime Extraordinário de Regularização das Atividades Económicas

“Os estabelecimentos e explorações abrangidas pelo RERAE e que não se encontrem licenciados podem ser objeto de legalização, mesmo que haja divergência com os usos admitidos e o respeito regime de edificabilidade na área em que os mesmos se integram, nos termos do pedido de regularização apresentado, desde que tenham sido objeto de 'decisão favorável' ou 'favorável condicionada' na conferência decisória, realizada ao abrigo do artigo 11.º do regime referido, e demonstrem cumprir as condições de regularização que hajam sido impostos”.

De referir que as entidades licenciadoras, entre as quais a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, ponderaram, em conferência decisória, os vários aspetos a acautelar e possíveis “medidas para cessar ou minimizar impactes em matéria de gestão ambiental, tendo, nas situações de incompatibilidade com Planos Municipais de Ordenamento do Território, sido reconhecido o interesse público municipal na regulação dos estabelecimentos em consonância com o respetivo regime jurídico.

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A Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Casa do Povo de Paradela organiza, no próximo domingo, 25 de fevereiro (pelas 13.00), o tradicional convívio do serrabulho à moda de Paradela.

O encontro à mesa promete lotar a sala, onde imperará a alegria e o ambiente tipicamente soajeiro, com muita música de raiz popular para animar os comensais.

O almoço é custeado pelos aderentes (10 euros por pessoa).

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Nota: a foto que encima a notícia é de arquivo.

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O peditório realizado nas paróquias do arciprestado de Arcos de Valdevez, na altura da veneração da imagem do Menino-Jesus, no Natal, gerou uma receita de 11 691,89 euros, a favor da reconstrução da igreja de Lavradas, que foi consumida pelas chamas na madrugada do dia 18 de dezembro, do ano findo.

Segundo a relação publicitada pela Diocese de Viana do Castelo, a paróquia de Soajo não integra a lista das 26 comunidades de fiéis de Arcos de Valdevez que participaram na recolha de donativos.

De acordo com a mesma fonte, as paróquias de S. Jorge (1580 euros), Ermelo (1310 euros), Oliveira (mil euros) e Vale (910 euros), todas confiadas ao padre Belmiro Amorim, foram as que mais contribuíram para ajudar a custear a obra de recuperação do templo de Lavradas.

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No passado dia 16 de fevereiro, em sessão aberta à comunicação social, foi aprovado, pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, o projeto de alterações correspondente ao alvará de Construção n.º 120/2015 de 29 de dezembro, referente à edificação do empreendimento SOAJODREAMS (de três estrelas) na zona de Carreiras, vila de Soajo (nas proximidades da Padaria/Pastelaria Seara Nova).

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Foi apresentado, no passado dia 17 de fevereiro, em Soajo, o projeto RevitAGRI, tendo como fim recuperar e valorizar os setores produtivos tradicionais (fruticultura, apicultura, ervas aromáticas/medicinais e fumeiro) instalados no único Parque Nacional (PN). A sessão ocorrida na Casa do Povo foi subordinada às “espécies fruteiras” e lançou as sementes para o futuro campo de demonstração (ligado à fruticultura) que a entidade promotora quer erigir em Soajo.

Submetido e dinamizado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), o projeto RevitAGRI tem em vista a “preservação do material genético, que é propriedade da região”, e a “valorização da (agri)cultura, da gastronomia e da paisagem, […] um legado que deve ser encarado como um (em)préstimo aos nossos netos”, disse Raúl Rodrigues, professor que leciona na Escola Superior Agrária (ESA), do IPVC.

Segundo a diretora da ESA, Ana Paula Vale, e a técnica Áurea Gomes, nesta etapa de desenvolvimento, “decorre a fase de mapeamento das empresas sediadas nos limites geográficos do PN”. Este trabalho pressupõe a “recolha de entrevistas e de imagens, com identificação de problemas/ameaças existentes, a partir de uma análise SWOT, para provável alojamento em geoportal do diverso manancial informativo que dele resultar”.

Comparando com outros modelos de organização visitados em zonas protegidas, caso de Espanha, ou a visitar (Itália e Suíça), a diretora da ESA tem a perceção de que “ainda temos muito de pedalar face ao que existe nesses países, onde há uma forte dinâmica e uma grande capacidade de inovação”.

Mas há ideias e investimentos para encurtar distâncias. “É nosso objetivo criar um campo de demonstração em Soajo na área da fruticultura, com muitas das variedades de macieira e de pereira que têm sido recolhidas para o público visitar e perceber as diferenças”, adianta Ana Paula Vale.

Sobre o “rico património frutícola regional” refletiu Raúl Rodrigues. “O conde de Bobone [engenheiro agrónomo] editou, em 1914, uma brochura acerca da fruticultura no Vale do Lima, onde referenciava 48 variedades de pereira, 61 de macieira e 11 de cerejeira”, citou.

A cultura da macieira tem vindo, porém, a regredir e com “tendência para o desaparecimento”, alerta Raúl Rodrigues. Apesar disso, “na zona de Arcos de Valdevez, ainda temos diversas variedades de maçã: vinho-dos-Arcos, focinho-de-burro, carne-de-burro, porta-da-loja, cu-de-burro, galho-tenro, galho-mole e uma série de camoesas…”, enumerou o investigador ao blogue Soajo em Notícia.

É o saber ancestral das gentes locais que, misturando tradição, montanha e meio, faz a diferença. “Devido ao clima, o potencial dos produtos está limitado a determinadas zonas. E os agricultores sabem disso. Onde é que estão as fruteiras? Como se vê aqui, nas proximidades da Casa do Povo de Soajo, é onde houver oliveiras. Os nossos antepassados colocavam as laranjeiras na parte sul debaixo das oliveiras para que estas protegessem os citrinos dos ventos gélidos que vinham (vêm) da Galiza na altura da floração”.

Mas, para além das referidas espécies e variedades de fruteiras cultivadas nesta freguesia, Raúl Rodrigues identificou outros produtos de grande potencial em expansão. “Há os mirtilos ou as compotas para vender aos turistas […] e, para as zonas de várzea, o kiwi é uma cultura que dá dinheiro. O quilo está a ser liquidado aos produtores entre 85 cêntimos e 1 euro (sobre o produto entregue). O Alto Minho representa cerca de 30% (e o Minho 75%) da área total de produção nacional, que é de 2200 hectares”, explicou Raúl Rodrigues, muito interessado em “descascar o património frutícola” ainda por explorar na região.

No melhor dos prazos, só em maio de 2019, quando encerrar o projeto iniciado há dez meses, é que se verá se esta iniciativa trouxe valor acrescentado, valorizou o potencial endógeno, fixou mais alguns empreendedores na região e conseguiu potenciar o desenvolvimento à volta das fileiras do agronegócio.

Depoimentos

. Raúl Rodrigues (professor da ESA): “O RevitAGRI visa dar força e visibilidade aos pequenos produtores […] para contrariar o absolutismo do mercado livre em que as grandes distribuidoras ditam o consumo. […] Os produtos que consumirmos têm de ser provenientes da nossa região”.

. Áurea Gomes (técnica do projeto RevitAGRI): “Infelizmente, não há muitas empresas ligadas ao agronegócio na área do PN. A maioria dos projetos emergentes diz respeito à agropecuária. Já o setor do mel apresenta uma dimensão muito pequena, mas tem muito potencial”.

. José Manuel Pires (professor da ESA): “O impacto da vespa-asiática na produção de mel é muito grande, mas este flagelo vai para além da apicultura. A vespa destrói a população de abelhas e a redução desta no ecossistema é cada vez mais visível. É urgente reforçar o trabalho colaborativo das entidades que operam na destruição dos ninhos de vespa-asiática”.

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Depois de três títulos consecutivos, a seleção nacional de futsal de sacerdotes “apenas” logrou o vice-campeonato da Clericus Cup, torneio que se disputou na cidade italiana de Brescia. A equipa portuguesa, na qual pontifica o pároco de Soajo, padre Custódio Branco, foi desfeiteada pela congénere polaca na final realizada no passado dia 8 de fevereiro.

Na primeira fase, o selecionado luso venceu a Itália, por 2-0, e o Cazaquistão, por 8-0, tendo perdido diante da Hungria, por 2-0.

Na fase a eliminar, a equipa portuguesa bateu, nos quartos-de-final, a Bósnia, por 1-0, e, nas meias-finais, goleou a Eslovénia, por 4-0.

No jogo da grande final, a equipa capitaneada pelo padre Marco Gil, de Braga, perdeu, pela diferença mínima (1-0), com os sacerdotes da Polónia, que, assim, impediram o tetracampeonato de Portugal.

Do plantel português, o padre Custódio Branco, que evolui na quadra na posição de ala, é uma das peças basilares da equipa, tendo apontado dois golos ao longo do torneio.

No rico palmarés internacional do padre que está em missão na paróquia de Soajo, contam-se quatro títulos da Clericus Cup.

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27858417_1582235115177247_3722827426013814374_nFotos de arquivo, exceto a segunda (Agência Ecclesia e Clericus Cup)

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Pertence a uma geração que quer transformar sonhos em realidade, está a trabalhar em dois projetos de investigação e, na área de maior enfoque, a neuroimunologia, mostra-se muito empenhado em apurar o “conhecimento sobre a estreita e essencial relação entre os sistemas imunitário e nervoso".

É licenciado em Biologia Aplicada, mestre em Ciências da Saúde e acaba de ser um dos nove selecionados para o programa doutoral inter-universitário em doenças crónicas e envelhecimento. Tem 24 anos, é natural de Soajo (Vilarinho das Quartas) e chama-se João do Canto Gomes.

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Quem é João do Canto Gomes

. Tem 24 anos

. É licenciado em Biologia Aplicada e mestre em Ciências da Saúde.

. Tem uma lição/lema de vida: "a educação é a forma mais sensata de cultivar a tolerância, induzir a paz, quebrar os preconceitos e acabar com a ignorância”.

 ***

Onde e quando é que começou a ter um especial fascínio pela ciência, no caso específico pela neuroimunologia? Por outras palavras, quando é que teve o clique, “agora vou estudar neuroimunologia”?

Para ser honesto não consigo especificar algum momento particular em que o fascínio pela ciência me tenha sido suscitado. Recordo-me que, já em criança, tinha um particular fascínio por vírus e doenças infeciosas e pelo sistema imunitário e sabia que era isso que um dia mais tarde gostaria de estudar. No fundo, penso que o amor pela ciência sempre esteve e continua a estar presente. O clique para estudar neuroimunologia foi fruto do acaso por acaso. Após ingressar no mestrado em Ciências da Saúde e cumprir a componente letiva, foi-me requerida a escrita e apresentação daquilo que seria o trabalho a desenvolver durante a minha tese. À época, tinha a intenção de dar seguimento ao projeto em HIV que havia trabalhado no fim da minha licenciatura, no entanto, embora continue atualmente a trabalhar em paralelo nesse projeto, não foi com esse trabalho que prossegui. Na altura de decidir qual o trabalho que iria realizar durante o meu mestrado, sentei-me com as minhas orientadoras, Cláudia Nóbrega e Margarida Correia-Neves, e elas disseram-me que tinham um projeto novo que tinha acabado de ser financiado e que, se eu assim quisesse,  ficaria com esse projeto e, claro, na hora fiquei mais do que em êxtase porque iria ter um projeto “meu”, mas, na verdade, não sabia muito bem no que me estava a “meter”. Foi aí que comecei então a trabalhar em neuroimunologia no projeto “Impacto da função tímica e sistema imunitário na progressão das diferentes formas de esclerose múltipla”, o qual tem sido o meu principal foco de investigação até à data. 

O que é a neuroimunologia?

A neuroimunologia é, no fundo, a área cujo enfoque é o estudo da relação entre o sistema imunitário e o sistema nervoso. É uma área que, nos últimos anos, tem tido atenção acrescida devido ao crescente conhecimento da estreita e essencial relação entre os dois sistemas: sistema imunitário e o sistema nervoso.

Presentemente, está a realizar um projeto de investigação. Qual o campo de estudo?

Sim, atualmente, estou a trabalhar em dois projetos de investigação. O primeiro é em HIV e estamos atualmente a tentar desvendar quais as diferenças a nível imunológico e tímico entre doentes com linfopenia severa com adequada ou pobre recuperação imunológica após iniciar a terapia antirretroviral. O outro projeto de investigação, ao qual me tenho dedicado e que tem sido o meu maior foco, é o estudo do sistema imunitário e da função tímica em indivíduos com diferentes formas de progressão de esclerose múltipla. A esclerose múltipla é uma doença autoimune do sistema nervoso central caracterizada pela degradação da mielina que cobre os neurónios. Esta mielina é extremamente importante para uma adequada transmissão do impulso nervoso. No entanto, no caso da esclerose múltipla, parece que algumas células do sistema imunitário, particularmente células T, são capazes de escapar aos mecanismos que impedem que estas células reajam contra moléculas próprias dos indivíduos e, consequentemente, originem uma cadeia de eventos que culminam com a destruição desta “camada” protetora dos neurónios. A nível clínico e para fins de diagnóstico esta doença é dividida em duas formas principais: a forma primária progressiva, caracterizada pelo progressivo acumular da disfunção neurológica desde o surgimento da doença; e a forma de surto-remissão, caracterizada por episódios de disfunção neurológica seguido de períodos de recuperação. Em suma, o objetivo desse projeto passa por tentar perceber de que forma a disfunção do timo (órgão onde são diferenciadas as células T) e as alterações consecutivas do sistema imunitário poderão contribuir para o desenvolvimento das distintas formas de progressão da doença. 

O ingresso na Life and Health Sciences Research Institute está limitado às melhores cabeças. Como caracteriza o seu percurso académico? E como investigador?

Comecei o meu percurso académico com uma licenciatura em Biologia Aplicada, curso este que me facultou as ferramentas necessárias para definir o resto do meu percurso. A minha ida para o Life and Health Sciences Research Institute começou no fim da licenciatura quando, por iniciativa própria, decidi contactar a Margarida Correia-Neves e a Cláudia Nóbrega para fazer o meu estágio de final de licenciatura num projeto em HIV que estava a decorrer. Elas foram umas corajosas e decidiram aceitar-me durante aqueles dois meses. Durante esse período, tive a oportunidade de aprender como nunca e de perceber também que, afinal, não sabia nada de nada. Para além disso, tive a oportunidade de fazer investigação “pura e dura” num instituto com excelentes condições e que preza o rigor e a exigência. Foi durante esse período de estágio que decidi que era ali que eu queria prosseguir os meus estudos, nomeadamente o mestrado. Decidi, então, proceder à minha candidatura e fui chamado para entrevista e, finalmente, acabei por ser um dos selecionados a frequentar o Mestrado em Ciências da Saúde. Em relação ao meu percurso como investigador tem passado muito pela investigação do timo e sistema imunitário em contextos como imunodeficiências como é a infeção por HIV e em doenças auto-imunes como é a esclerose múltipla.

Agora que ingressou num dos mais prestigiados departamentos da Universidade do Minho, que projetos tem para o futuro? O que gostava de investigar a fundo?

A curto prazo, será fazer doutoramento. Recentemente, recebi a confirmação de que fui um dos nove candidatos selecionados para ingresso no programa doutoral inter-universitário em doenças crónicas e envelhecimento. Trata-se de um programa doutoral entre a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade de Coimbra e a Universidade do Minho.

Os meus objetivos a longo prazo passam por investigar com maior profundidade quais os processos que levam ao desenvolvimento de doenças auto-imunes em alguns indivíduos. No fundo, perceber o que leva o nosso sistema imunitário a “atacar” componentes do próprio organismo. 

Os portugueses têm a perceção de que é difícil fazer ciência em Portugal. O que é que pensa disso? O Estado português apoia o suficiente ou não a ciência? Não se criou um pouco a cultura da subsidiodependência em Portugal?

Para ser sincero não sei até que ponto os portugueses têm tanta perceção assim do panorama da ciência em Portugal. A verdade é que se fizermos a comparação a outros países do norte da Europa rapidamente percebemos que alguma coisa não está a ser bem feita no nosso país, isto porque, apesar de termos um ensino de referência e de formarmos dos melhores profissionais, muitos destes são obrigados a rumar a outros países em busca de melhores oportunidades. A ciência é algo extremamente essencial para um país, é sinónimo de desenvolvimento, de melhores serviços, de melhores tratamentos, entre outros aspetos. Não penso que o Estado português apoie tanto a ciência quando deveria. Basta reparar que a Fundação para a Ciência e Tecnologia que rege os financiamentos para a investigação cientifica é completamente imprevisível, abre os concursos para doutoramento, projetos de investigação e afins em datas completamente aleatórias de ano para ano, isto quando abrem de todo. Para além de que actualmente não há grandes perspectivas de futuro para quem vem de acabar o doutoramento. Posso precisar que ainda não há resultados para o concurso efetuado em março-abril de 2017 para os projetos de investigação. Sucintamente, é esta a situação atual da ciência em Portugal.

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