O Rancho Folclórico da Associação dos Amigos de Vilarinho das Quartas festejou o seu oitavo ano de existência, levando a efeito, no Dia de Portugal, o seu já habitual Festival anual, desta vez com cinco grupos. Para além do rancho aniversariante, também pisaram o palco o Grupo Folclórico ‘A Rusga de Arcozelo’ (Vila Nova de Gaia), o Grupo Folclórico Casa do Povo de Creixomil (Guimarães), o Rancho Etnográfico de Touguinha (Vila do Conde) e o Grupo Folclórico das Lavradeiras de S. Pedro de Merufe (Monção),
Após a apresentação das cinco coletividades, os anfitriões entregaram a cada uma das delegações um exemplar dos icónicos espigueiros de Soajo (em miniatura), seguindo-se o tradicional momento dos discursos da praxe, com Fernando “Capela” Gomes, Elisa Alves, Manuel Barreira da Costa, Emília Cerdeira e Joaquim Cerqueira de Brito a proferirem palavras superlativas em relação ao grupo da “casa”. Mas a Junta de Freguesia passou das palavras aos gestos e ofereceu ao Rancho de Vilarinho um apoio pecuniário como prenda de aniversário.
Encerrado este momento, o Rancho anfitrião e os convidados de honra espraiaram a festa e a alegria ao largo tendo como pretexto as “modas”, as danças e os cantares tradicionais, alguns dos quais fortemente associados aos trabalhos do campo.
O céu estava “carregado”, mas S. Pedro quase deu uma trégua para que o festival decorresse de feição. O espetáculo abriu com uma representação/reconstituição dos trabalhos no campo, ou não fosse a lavoura o dia-a-dia dos antigos em Soajo. Depois da pequena “dramatização”, o Rancho de Vilarinho das Quartas, que junta várias gerações, “puxou” pelo talento para desfiar uma sequência de bonitas modas: da Cana Verde passada ao Ramo, do Salto à Senhora da Peneda, da Serrinha à Chula, da Coxa à Estricana… De tudo um pouco se viu com a graciosidade e o engenho tão característicos deste Rancho soajeiro, entre modas em roda, outras com relação ao trabalho no campo e outras ainda que resultaram da pesquisa/recolha etnográfica feita pelo grupo.
Se dúvidas houvesse, o Rancho de Vilarinho, com a sua bonita estúrdia, está bem vivo e, como referiu a delegada da Federação do Folclore Português, Elisa Alves, “é um digno representante da cultura do Alto Minho” (ver “Discursos”). E, com os vários elementos infanto-juvenis que o compõem, tem o futuro mais do que assegurado. Isso quer dizer que os avós, os pais, os tios e os irmãos mais velhos transmitem a cultura e estão a passar as tradições de geração em geração.
Com o calendário apertado de romarias a aproximar-se, o Rancho de Vilarinho das Quartas tem tudo o que é preciso para continuar a “carregar”, com exibições de gala, o nome de Soajo aonde quer que vá, como aconteceu no passado sábado, 9 de junho, em Santa Maria da Feira.
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Discursos
. “Parabéns ao Rancho de Vilarinho por estes oito magníficos festivais e por não deixarem morrer as nossas tradições à volta das danças e cantares da Terra. Somos um lugar pequeno, mas o folclore faz de nós grandes”. (Fernando “Capela” Gomes, presidente da Associação de Vilarinho das Quartas)
. “O Rancho Folclórico de Vilarinho das Quartas já é sócio aderente da Federação do Folclore Português (FFP), esperamos que, em breve, passe a sócio efetivo para fazermos a cerimónia de entrada de sócio para a FFP. O concelho de Arcos de Valdevez tem 12 ou 13 grupos, mas só dois fazem parte da FFP. O Município tem de olhar um bocadinho para este panorama: porque é que há tantos grupos e só dois é que são federados? Ao contrário de outros grupos, que usam trajes garridos e só representam a romaria, este grupo de Vilarinho das Quartas tem roupas serranas representativas do povo e da cultura de Soajo. E é isto que os grupos dos Arcos têm de representar. Temos de fazer uma autoanálise para pensar e ver se andamos a subsidiar grupos que representam o nosso concelho ou o concelho vizinho. As pessoas têm de olhar para o seu folclore como a cultura do seu povo e a dos seus antepassados, e não representar o que é mais bonito.
Estou com muito agrado em Vilarinho, sinto muito orgulho neste grupo pelo trabalho que tem desenvolvido, sem dúvida um digno representante da cultura do Alto Minho e de Arcos de Valdevez. (Elisa Alves, em representação da Federação do Folclore Português)
. “O Rancho de Vilarinho faz agora oito anos, algumas pessoas diziam que, quando se mudou para Vilarinho, não ia durar três meses. Os três meses são longos, já lá vão oito anos! E não vai acabar, porque o Rancho de Vilarinho está cada vez melhor! Vocês são bons em cima do palco! Trago um pequeno cheque para entregar ao presidente do Ranho, é um donativo da Junta de Freguesia de Soajo”. (Manuel Barreira da Costa, presidente da Junta de Freguesia de Soajo)
. “Quero deixar um incentivo para que continuem a fazer o bom trabalho, preservando as tradições e passando esses conhecimentos para os vindouros”. (Emília Cerdeira, vereadora do Associativismo)
. “Quando estou em Vilarinho, ou seja, em Soajo, sinto-me em casa. Sempre fui muito bem acarinhado e tenho uma grande paixão por este território. O Rancho de Vilarinho é um exemplo daquilo que deve ser o folclore, consegue ir às raízes profundas e é genuíno. E é isso que é belo. Vilarinho, Soajo e Arcos de Valdevez merecem este esforço. (Joaquim Cerqueira de Brito, presidente da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez em Lisboa)