O blogue Soajo em Notícia inicia esta semana um ciclo de trabalhos, sem data fixa de publicação, sobre negócios gerados em Soajo em áreas como a agropastorícia, o artesanato e o turismo. O projeto que inaugura esta rubrica foi criado há cerca de dois anos para colmatar uma lacuna no mercado soajeiro. Era preciso valorizar os produtos da terra/serra e fazer com que os visitantes “levassem [na bagagem] um bocadinho de Soajo”. Para responder a esta necessidade, pela mão (e arrojo) de Lisa Araújo e Rose Marie Galopim, nasceu a iniciativa Serrana Gourmet.
A primeira aparição pública do produto remonta à I Feira da Porta do Mezio em meados de 2016. “Correu muito bem. As provas do público foram muito satisfatórias e tivemos a oportunidade de promover o produto na TV”, recorda Rose Marie Galopim.
O negócio era prometedor e o trabalho de equipa agregador. “Temos características comuns: gostamos de culinária, somos criativas e adoramos experimentar coisas novas”, explica Rose Marie.
Produzem e transformam produtos (só) de Soajo. Tomate seco (desidratado), sal à base de ervas, chás, fruta transformada, doce de tomate e doce de curgete são alguns dos produtos que a Serrana Gourmet disponibiliza em respeito pela produção biológica.
O negócio está em crescendo e as amigas promotoras também estão a crescer com ele. “Agora, passados dois anos, estamos mais bem preparadas para abordar o mercado em que há uma linha fina a separar a técnica artesanal e o conceito gourmet. Hoje, sabemos bem o que o mercado pede e quer, pelo que estamos focadas sobretudo no desenvolvimento de três ou quatro produtos. E, fruto do crescimento que temos tido, já adquirimos uma máquina de desidratação. Por outro lado, com a procura em expansão, temos de aumentar a produção, mas no mercado gourmet não serve qualquer produto”, nota Rose Marie.
Para além de pretenderem colocar os produtos em espaços comerciais da sede do concelho a curto prazo, as duas empreendedoras ambicionam chegar mais longe. “Há sítios em Ponte de Lima, Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro onde gostávamos de ver os nossos produtos”, conta Rose Marie Galopim, interessada também em reforçar a linha gourmet e em expandir os pontos de venda, incluindo, aqui, uma loja online.
Quem são as promotoras?
. Rose Marie Galopim tem 42 anos e Lisa Araújo 36.
. Foram emigrantes nos Estados Unidos.
. Ambas trabalham na área da restauração.
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Entrevista
Rose Marie Galopim: “Os clientes aprovam os produtos e voltam para comprar”
P.: Disse há dois anos que o “objetivo do negócio era pôr Soajo no mapa”. Estão a conseguir fazer isso?
R: Sim, estamos a colocar Soajo no mapa. Vendemos cada vez melhor os nossos produtos e os nossos clientes gostam de levar um bocadinho de Soajo para a terra deles. Muitos repetem a experiência. E há pessoas que aparecem cá porque alguém comprou, gostou e passou a mensagem. Isto quer dizer que estamos a conseguir pôr Soajo, bem como a marca, na rota.
P.: Que conceito esteve na génese do projeto?
R.: O conceito que esteve na origem do negócio prendeu-se com a ideia de apostar nos recursos de Soajo (legumes, frutos e ervas), aproveitando o que a nossa terra dá.
Um outro conceito agregado foi o de transformar matérias-primas em produtos gourmet, mais sofisticados.
P.: Quais os produtos mais procurados pelo público?
R.: O tomate seco ou desidratado é o produto que se vende mais. Trata-se de uma conserva de tomate com azeite, alho e ervas aromáticas. Mas os tomates, da nossa horta, têm várias outras aplicações (paté de tomate, tomate com cogumelos, tomate com picante…).
Outro produto que sai bem é o sal (para temperar carne, por exemplo). Os seis tipos de sal que temos são feitos à base de ervas aromáticas colhidas em Soajo (orégão, manjericão, tomilho, alfazema, carqueja, carrasca...).
Também alguns dos nossos chás são muito procurados, caso do beijo de abelha, que é uma infusão à base de carqueja, carrasca e urze.
P.: Que produtos o mercado “riscou” do vosso portefólio?
R.: Abandonámos um pouco os doces artesanais (doce de laranja, por exemplo) e alguns chás tradicionais (cidreira), porque existe muita oferta nesta área. Mas há exceções, os doces de tomate, de courgette e de kiwi vendem-se bem.
P.: Qual o perfil dos clientes? E qual a opinião deles?
R.: Os nossos clientes tanto podem ser turistas como visitantes de feiras. Também os amigos procuram os nossos produtos.
O feedback, até agora, tem sido muito bom. Se os clientes aprovam as provas e voltam para comprar é porque o produto é bom! Temos clientes que vêm de propósito a Soajo para comprarem produtos Serrana Gourmet!