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Realizou-se, no passado dia 12 de outubro, no Centro Municipal de Informação e Turismo de Arcos de Valdevez, uma sessão pública de apresentação do Plano-piloto do Parque Nacional da Peneda-Gerês. A ação de informação, que juntou o Município de Arcos de Valdevez, a ADERE e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), serviu para contextualizar os projetos subjacentes ao plano de prevenção, valorização e recuperação de habitats naturais no Parque Nacional.
Após o grande incêndio de 2016 que varreu a zona leste de Arcos de Valdevez (8 mil hectares consumidos), foi escolhido o Parque Nacional para implementação de um Plano-piloto, visando a prevenção de fogos florestais, através de medidas como restauro, ordenamento e reforço de meios.
Das 11 ações inscritas neste Plano, o Restauro da mata do Mezio (Projeto 1) é o que tem conhecido mais vicissitudes. A iniciativa, que envolve a plantação de folhosas numa área de 137 ha, visa “o restauro e a manutenção da área florestal com espécies autóctones, ou seja, a recuperação das áreas ardidas nos dois últimos grandes incêndios”, contextualizou o técnico do ICNF, Henrique Carvalho.
“Foi um projeto adjudicado pelo ICNF, mas a empresa que ganhou o concurso não cumpriu o que estava estabelecido, fez apenas alguns trabalhos, pelo que tivemos de rescindir o contrato. Estamos a preparar o novo procedimento para reiniciar o processo”, adiantou o técnico.
No período de debate, o presidente da Junta de Soajo recomendou ao ICNF a adoção de medidas como “recuperação de casas florestais”, “vigilância de vedações”, “colocação de placas sinaléticas em pontos adequados para orientação das pessoas que visitam o Parque Nacional”, “fornecimento de plantas para povoamento de áreas privadas”, “controlo da praga dos eucaliptos em terrenos de particulares” e “erradicação de corridas todo-o-terreno para poupar estradões”, apontou Manuel Barreira da Costa.
“Estamos a olhar para o futuro […]. A floresta precisa de gente e nós precisamos da floresta. É com grande orgulho que vejo o Parque Nacional a retribuir algum do dinheiro que nos levou. […] Espero que o Parque Nacional consiga fazer qualquer coisa, sobretudo na área das casas florestais”, especificou o autarca.
Entretanto, Maria do Carmo Oliveira, gestora das duas brigadas do Corpo Nacional de Agentes Florestais de Arcos de Valdevez, esclareceu que algumas unidades de Baldio (de Melgaço e de Arcos de Valdevez), incluindo a de Soajo, já fizeram requerimentos para as casas florestais”, tendo os processos sido “encaminhados para o Instituto do Património (IP), para solicitação das casas”.
“Houve a preocupação de juntar um orçamento para recuperar cada um dos imóveis. Neste momento, está tudo sob a alçada do IP”, precisou a responsável, acrescentando que “Soajo pediu as casas quase todas, definiram-se os propósitos para cada uma delas: alojar uma equipa de sapadores, guardar material, divulgar produtos locais...”, acrescentou a técnica.
Por seu lado, em relação a algumas das vedações executadas em território de Soajo, “foram realizadas sessões de apresentação, mas o que aconteceu é que as pessoas cortaram as vedações ou abriram as cancelas para introduzirem lá o gado”, acusou Maria do Carmo Oliveira.
Para evitar situações análogas, a estratégia no caso do projeto do Ramiscal passou por “fazer pequenos bosquetes (de mil metros quadrados no máximo cada), dispersos, para o gado poder circular à mesma no território”.
A propósito das plantas, a engenheira Maria do Carmo Oliveira sublinhou que, ao contrário do que acontecia no passado, “porque houve enormes áreas ardidas desde 2013 em baldios cogeridos, as indicações que temos é que as plantas dos nossos viveiros se destinam, prioritariamente, aos baldios e não aos privados e, portanto, neste momento a nossa preocupação é repovoar as extensas áreas que arderam, eventualmente num futuro próximo voltaremos à situação de distribuir pelos privados”, conjetura a técnica.
Acerca do eucalipto, Maria do Carmo Oliveira reconheceu que se trata, “efetivamente, de um problema, pois a regeneração é rápida, e só conseguimos arrancar uma área desta invasora arrancando os cepos”.
Entretanto, após a fase de apresentação do Plano-piloto nos municípios com área incluída no Parque Nacional, serão realizadas sessões destinadas às populações envolvidas na iniciativa, segundo confirmou Sónia Almeida, administradora delegada da ADERE.
Ações específicas do Plano-piloto
Projeto 1 – Restauro da mata do Mezio
Projeto 2 – Restauro da mata do Ramiscal
Projeto 3 – Programa de prevenção estrutural e conservação da mata do Gerês
Projeto 4 – Ordenamento e sustentabilidade da Zona de Proteção Total da mata de Albergaria
Projeto 5 – Informação e participação socioeconómica dos agentes locais
Projeto 6 – Conservação das populações autóctones de pinheiro-silvestre do Parque Nacional
Projeto 7 – Conservação das florestas mediterrânicas do teixo
Projeto 8 – Melhoria da cobertura da rede móvel
Projeto 9 – Expansão e melhoria de habitats prioritários e vegetação autóctone
Projeto 10 – Revitalização dos setores produtivos tradicionais
Projeto 11 – Equipas e equipamentos para complementar a ação do CNAF
Mensagem para os decisores políticos
“O Projeto 11 – Equipas e equipamentos para completar a ação do Corpo Nacional de Agentes Florestais – é o mais importante e o que terá mais impacto sobre o território, porque a floresta precisa de gente para cuidar dela e para a proteger, por isso, era importante que houvesse continuidade, uma vez que estas coisas da floresta só se repercutem a muito longo prazo (20-30 anos).” (Henrique Carvalho)
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