A moeda de coleção “Espigueiros do Noroeste Peninsular”, da série Etnografia Portuguesa, da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), foi apresentada na Casa do Povo de Soajo, no passado dia 1 de dezembro. O presidente do Conselho de Administração da INCM, Gonçalo Caseiro, referiu-se à moeda como uma “obra de arte” e uma “forma de comunicação extraordinária” sobre os costumes populares da região.
Foi com o propósito de celebrar a etnografia portuguesa que a INCM e o Museu Nacional de Etnologia iniciaram – em 2013 – um plano de seis moedas dedicadas a outras tantas tradições: arrecadas, jugos, bordado de Castelo Branco, figurado de Barcelos, os coretos de Trás-os-Montes e os espigueiros.
O desenho desta sexta moeda, da autoria de Isabel Carriço (com ligações à freguesia do Vale) e Fernando Branco (com antepassados em Ermelo e Soajo), obrigou a muito trabalho técnico. “Foi a nossa 24.ª moeda, mas foi a mais difícil até hoje. Foi trabalhoso manter o ponto de fuga da perspetiva, valeu que um arquiteto [Fernando Branco] tem mais noção deste ponto”, disse Isabel Carriço, acrescentando que o trabalho dos dois (casal) “é feito de modo partilhado”.
Para além da exigência técnica, esta moeda consagra um produto inovador no processo numismático. “Concretizámos a ideia de termos os espigueiros figurados na primeira moeda com o escudo português simplificado (só com as Quinas) a cores. Para mim, o Minho é azul e branco, foi aqui que nasceu a primeira bandeira portuguesa. É uma homenagem também a isso”, contextualizou Isabel Carriço.
“Satisfeito” pelo acolhimento, o presidente do Conselho de Administração da INCM desenhou, de igual modo, uma analogia a respeito dos monumentos que são “magníficas obras de arte e engenho”. “Esta moeda de coleção, comemorativa, não serve para circular e para fazer pagamentos, é, sim, uma obra de arte que anda nas nossas mãos e é uma forma de celebrarmos e comunicarmos a nossa cultura e o nosso património”, sublinhou Gonçalo Caseiro.
Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal assinalou que, a partir de agora, “a moeda dos espigueiros transporta uma imagem que representa a força de Soajo, […] sem dúvida, a melhor forma de homenagear a Eira dos Espigueiros, o símbolo da nossa cultural tradicional”, cuidadosamente retratado nesta moeda de coleção que pode ser comprada em instituições de crédito e nas tesourarias do Banco de Portugal.
Com uma emissão limitada (60 mil moedas normais, 2500 de prata e 2500 de ouro), a peça foi muito procurada nesta cerimónia de apresentação pública – foram adquiridas trezentas moedas correntes (em cuproníquel) com acabamento normal (2,5 euros de valor facial) e trinta de prata com acabamento proof (45,51 euros cada). E houve quem reservasse, no ponto de venda improvisado, a de ouro (890 euros), mas, por falta de provisão da INCM, não foi possível adquiri-la em Soajo.
De resto, alguns dos presentes também levaram para casa o livro Caretos e Coretos – Tradições Populares em Portugal (edição da Imprensa Nacional e Museu Casa da Moeda), relativo à série “Etnografia Portuguesa”. No capítulo que mais interessa à comunidade local, é dito que as edificações para armazenamento do milho são “construções de grande perfeição, feitas inteiramente de pedra”, material que, segundo Jorge Dias e Veiga de Oliveira (na obra Espigueiros Portugueses), confere a estes pequenos monumentos “um aspeto inconfundível, ao mesmo tempo bárbaro e inconfundível”.
Cantares de Soajo
Depois da troca de lembranças, subiu a primeiro plano a expressão musical com as Fiadeiras e as Cantadeiras, preciosas guardiãs da identidade e do património imaterial de Soajo.
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Citações
. “A série Etnografia Portuguesa vai perto da cultura popular. A moeda que celebra os espigueiros é uma obra de arte que cabe no porta-moedas e que podemos oferecer”. (Gonçalo Caseiro, presidente do Conselho de Administração da INCM)
. “A moeda alusiva aos espigueiros reforça o orgulho que temos na nossa Terra. Este ato é um marco da História […] e consolida a vontade de passar o testemunho aos nossos descendentes”. (João Manuel Esteves, presidente da Câmara Municipal)
. A cunhagem da moeda alusiva aos nossos espigueiros, classificados como Imóvel de Interesse Público desde 1983, vem perpetuar a nossa identidade. Falar dos espigueiros […] é, sem dúvida, fazer referência à ancestral solidariedade do nosso povo”. (Manuel Barreira da Costa, presidente da Junta de Freguesia de Soajo)
. “É uma honra vir a Soajo, terra que conheço há muitos anos. Mas o desenho dos espigueiros foi uma boa razão para cá vir. […] E lembrem-se de que não há segunda emissão da moeda”. (Isabel Carriço, coautora do desenho da moeda)
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Fotos: Soajo em Notícia e António Neto