No dia em que começou a primavera, os alunos do pré-escolar e da Escola Básica de Eira do Penedo de Soajo, assim como a comunidade das restantes unidades do Agrupamento de Escolas de Valdevez (AEV), foram ao encontro da natureza e da vida em estado puro, numa saudável combinação de ambas na Porta do Mezio, "pulmão" do Parque Nacional (PN).
Com ou sem "empurrões" do calendário e do Plano de Atividades, sem dúvida que a iniciativa do “Abraço à floresta”, no início da estação luminosa, justifica, na planificação do ano letivo, um dia diferente para a população escolar nos ciclos inferiores ao secundário, muito embora seja importante sublinhar que se está a correr o risco de sacrificar muitos tempos letivos ao programar demasiadas atividades fora do contexto de sala de aula.
A comitiva vinda da sede do concelho ainda não tinha chegado à Porta do Mezio e, pelo caminho, o telemóvel já anunciava que, em determinadas áreas de pré-Parque Nacional, não há rede móvel, apesar dos investimentos infraestruturais executados com vista ao reforço da cobertura.
Ao entrar na porta de entrada do PN, que é Reserva Mundial da Biosfera, logo se percebe que tudo ali é sossego e natureza. Mas as marcas dos incêndios de 2016 estão ainda bem visíveis nas encostas despidas de árvores, aspeto um pouco atenuado pelo trabalho de reflorestação e de conservação que as brigadas CNAF e os sapadores florestais têm desenvolvido desde 2017.
Independentemente dos “castigos” infligidos à mãe natureza, são diversas as atrações existentes neste autêntico “santuário” natural, como os alunos, divididos em grupos (ciclos escolares), tiveram oportunidade de vivenciar na primeira pessoa, durante esta manhã de sol resplandecente. Os do pré-escolar e 1.º ciclo encontram-se espraiados nas instalações da Porta do Mezio, onde desfrutam de várias atividades lúdico-didáticas, entre oficina de árvores autóctones, ateliê de educação ambiental, parque infantil e “Aldeia dos pequeninos”. E muitos petizes, de enxada na mão, ajudam à plantação de árvores para fecundar o “coração” do PN, gesto singelo, é certo, mas um passo de vincada importância para tornar esta nova geração mais ativa na proteção dos valores naturais.
Por seu lado, os meninos do 2.º ciclo encaminham-se para o Núcleo Megalítico do Mezio, onde as mamoas, construções milenares, subiram a primeiro plano através das explanações do arqueólogo Nuno Soares, enquanto os colegas do 7.º e 8.º anos realizavam um passeio revigorante pelo trilho do Mezio, numa ação que serviu também para recolha de lixo. Enquanto isso, os alunos do 9.º ano, devidamente acompanhados, estiveram de visita ao Gião.
À hora marcada, por volta do meio-dia, os cerca de 1700 alunos estão todos concentrados na Porta do Mezio e, depois do apelo à educação ambiental, que tanto o diretor do AEV, Carlos Costa, como o presidente da Câmara, João Manuel Esteves, difundiram em nome da sustentabilidade, deu-se o “abraço” simbólico à floresta.
Mas o desafio maior é fazer com que a mudança de atitudes e de comportamentos face ao ambiente se cumpra plenamente todos os dias e em todos os lugares fora da fotogenia e longe das câmaras…