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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Decorreu, de 12 a 14 de julho, a 20.ª edição da Feira das Artes e Ofícios Tradicionais (FAOT), com mais de trinta stands e um programa que aliou a tradição à mostra de saberes e sabores de Soajo (e não só). O mau tempo de sábado à tarde condicionou o negócio e a adesão de público, mas o domingo ajudou a salvar a realização.

O Campo da Feira, no seguimento da pretérita edição, foi o epicentro da iniciativa. A mostra de artesanato e de ofícios tradicionais, originalmente a razão de ser do certame, já não tem a pujança de outrora, mas as famosas construções (espigueiros em miniatura) sobressaem sempre pela beleza e pelo primor. Também se viram nos stands bonitas peças de vestuário, requintadas bonecas e felizes reaproveitamentos de materiais naturais, a maioria dos quais pertença de soajeiros, que este blogue melhor dará a conhecer no futuro.

Noutra ala do recinto, estiveram posicionadas as “tasquinhas”, onde foram degustados os típicos produtos da endogenia, como os fumados e a deliciosa carne da serra de Soajo, sem esquecer a gastronomia caseira (rissóis, pataniscas, bolinhos de bacalhau, moelas, panados, bifanas e caldo-verde), servida nas tabernas de Ricardo Fernandes e Ivo Baptista, Américo Peixoto e Sabores do Vez. Por perto, quem quis provou os néctares da região (a Associação dos Vinhos Verdes de Valdevez fez as honras do setor), os licores, as compotas, o mel…

Sem surpresa, o pão-de-ló, grande embaixador da Soajo, fez do stand de Debra Abelheira um dos mais procurados da feira. No expositor vizinho, os produtos Serrana Gourmet, de Lisa Araújo e Rose Marie Galopim, também saíram bastante.

Para além dos petiscos e da doçaria de qualidade superlativa, Soajo é vila famosa por ser uma localidade com ricas tradições, que, apesar de estarem a cair em desuso, ainda assim, vão sendo recriadas pelas associações locais de tempos a tempos.

O programa de domingo permitiu que o público “descobrisse” e/ou revivesse os “velhinhos” carros de vacas e a malhada do milho… Uma e outra tradição dizem muito de onde vem o povo soajeiro. Os seis primitivos meios de transporte (carregados de giesta, fentos, feno, lenha, dorna e arado), alguns dos quais com rodas e eixos de madeira, percorreram as labirínticas ruas do centro histórico de Soajo, desde o Largo do Eiró até às imediações do cemitério, num cortejo dominado pelos cantares da terra, pela concertina e, claro, pela farta chiadeira. As meninas e as mulheres, bem como os meninos e os homens, vestiram os típicos trajes da Terra e outros traziam tudo o que tinham e o que era preciso na labuta campestre: engaço, foucinhões, cajado, farnel…

Os animais vieram, na sua grande maioria, de outras freguesias e, até, do concelho vizinho de Ponte da Barca. José da “Rola”, de Ázere, foi quem encabeçou o desfile na dianteira do primeiro carro puxado pelas vacas. O soajeiro (e barquense) Gonçalo Dias (conhecido por “Janeiro”) era o único a representar a terra anfitriã, isto porque já (quase) ninguém em Soajo tem gado destinado a estes trabalhos (o uso da força dos animais foi substituído, há muito tempo, pelos tratores).

Mas é bom recordar que, não há muitas décadas, as famílias trabalhavam com estes carros de vacas e era assim que carregavam tudo. Era um trabalho duro que pouco rendimento dava.

De facto, em tempos idos, era do milho que se “fintava” a pobreza. Para recuperar essa memória, foi reproduzida, ao som das concertinas e dos cantares de Soajo, a malhada tradicional do milho na Eira do Penedo, num cenário de rara beleza. A assistência aplaudiu a atividade que apela à tradição, mas nos dias de correm ninguém faz malhada nos moldes antigos.

Ainda no domínio da essência da Terra, feliz a ideia que Jorge Lage teve ao fazer passear no domingo bonitos exemplares do sabujo, o cão que Soajo entregava aos reis de Portugal.

A História ensina que “o sabujo não é um cão qualquer, é, praticamente, a matriz de cães portugueses. Pela sua robustez e valentia, era muito utilizado, fundamentalmente, para prender as feras ou caça grossa”, palavras, cheias de sentido e com provas documentais, que o investigador soajeiro proferiu, em agosto de 2016, no ato de inauguração da estátua ao cão sabujo e aos seus cuidadores.

Mas o primeiro momento de exaltação do orgulho de ser soajeiro aconteceu logo na sexta-feira (à noite), no Largo do Eiró, onde o programa histórico-cultural da FAOT teve um arranque excelso com a mágica dramatização (apenas soajeiros na pele de atores) da peça O Juiz de Soajo, com vivas a Sarramalho, “o melhor, o mais justo, o mais digno e o maior da serra”.

O juiz de Soajo, considerado o “símbolo da inteligência e da justiça de todo o povo de Soajo”, proferiu a sentença relativa a um crime de morte do qual foi, ele próprio, testemunha: “Caros soajeiros, que o homem morra, que não morra, dê-se-lhe um nó que não corra, degradado para toda a vida, tem cem anos para se preparar…”, condescendeu o juiz de Soajo, superiormente representado por António Cerqueira (“Catito”). Como a sentença não foi acatada pela maioria das pessoas, houve recurso a instâncias superiores.

O juiz serrano, intimado a aparecer naquela que “devia ser a casa do Tribunal da Relação do Porto”, admitiu que “não temos os livros das leis, mas temos uma alma para salvar e uma consciência para nos guiar. Mataram um homem na serra, sem dúvida, e outro, andávamos no trabalho, foi culpado e preso. Que culpa há ai? Nenhuma, nenhuma, senhor juiz… Mas eu sabia que esse homem estava inocente e que alguém o havia de salvar”, alegou, antes de justificar, a pedido do juiz desembargador do Porto, os termos da sentença lavrada por ele.

“Que morra o criminoso que anda à solta, encontre-se ele onde se encontrar. Que não morra o inocente, o braço útil de trabalho. […] Dei cem anos ao mocinho para ele se preparar até à verdade chegar. Porque amamos o degredo da nossa vida, então, que dure cem anos”, explicou o juiz soajeiro que, assim, convenceu o juiz desembargador do Porto, do qual se despediu sem dó nem piedade.  

“O juiz de Soajo, cadeira onde se sentou, nunca consigo a levou. E, mais do que isso, a partir de hoje, serei eu o desembargador de Soajo”, atestou o juiz Sarramalho, que, no regresso a Soajo, foi recebido com “vivas” e a todos agradeceu com uma declaração reveladora da força que caracteriza o povo soajeiro: “os serranos também se sabem defender”.

Supletivamente, também remeteu para a essência da localidade a exposição de trajes antigos (patente no espaço da antiga Câmara), que, com a preciosa ajuda de pormenores, recriou as indumentárias de tempos idos, segundo as circunstâncias (trajes de trabalho, de festa…). Pouco público a terá visto, mas quem viu ficou maravilhado com as relíquias expostas, todas cheias de história e muito bem cuidadas. Nesta “viagem” ao passado, a maioria não largou da vista as vestes com acessórios preciosos, a despensa improvisada, o volume que conta a História de Soajo, a masseira, os tamancos, a cesta de merenda com broa…

No mesmo registo de mostra para regalar, também a pequena exposição “Olhar Soajo – O Homem e a Serra” serviu para lembrar aos visitantes as riquezas que povoam o território de Soajo, uma Terra bafejada pela natureza em estado puro e pelo património construído.

É da serra, aliás, que provém uma parte da sobrevivência do povo soajeiro, através da produção de mel e da criação de gado. Fazendo jus ao peso socioeconómico da atividade, nove apicultores participaram no concurso que premiou Manuel Rodas (1.º), Cristina Martinho (2.º) e Daniel Couto (3.º).

À parte o concurso de mel, desenvolveu-se, em local distinto e em permanência, uma pequena mostra de animais (gado bovino, equino, ovino...), na qual alguns criadores se fizeram representar com pequenos efetivos.

A componente de animação (assegurada pela TVI na tarde de domingo) teve, este ano, uma versão mais reduzida. De sublinhar que, no contexto da música de raiz popular, a organização deu merecido palco aos grupos de Soajo (Rancho Folclórico das Camponesas da Casa do Povo da Vila de Soajo, Rancho Folclórico da Associação Cultural e Desportiva dos Amigos de Vilarinho das Quartas e o Grupo de Bombos 'Bate n’Avó'). O mau tempo de sábado cancelou a atuação do Rancho da Vila de Soajo, mas a rusga de sábado à noite ajudou a compensar o imprevisto.

A FAOT emparceirou, de novo, a Junta de Freguesia de Soajo, a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez-ARDAL, a Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, a Associação dos Vinhos de Arcos de Valdevez e várias associações de Soajo.

Uma palavra especial aos voluntários e à boa vontade dos soajeiros que rechearam o espaço-museu com trajes e diversos acessórios do lar.  

A Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) apresentou, esta sexta-feira, 12 de julho, o projeto de promoção do Parque Natural (PN), com “a inauguração de uma tela gigante na sua loja situada no aeroporto do Porto”, diz a TPNP em comunicado.

“Cumpre-se, assim, uma das metas estabelecidas pela Direção da TPNP, de criar condições para diversificar a visitação no território, distribuindo os turistas pelas quatro sub-regiões. No aeroporto Francisco Sá Carneiro, existirá informação pormenorizada quer sobre o PN, quer sobre a oferta, ao nível da hotelaria, restauração e lazer, dos espaços circundantes”, refere o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins

“Este painel é a primeira imagem que os turistas recebem mal entram no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. E, sabendo que o aeroporto é a porta de entrada de 90% dos turistas que nos visitam, é importante que a primeira mensagem seja de dirigi-los para o destino, para o território do Porto e Norte de Portugal”, acrescenta o máximo responsável da TPNP.

A escolha das imagens e slogans a passar aos turistas procurou ter em conta as características de cada mercado emissor, e a mensagem difundida é a de que o PN “é já ali, a uma hora de distância”. “[…] É a primeira vez que um PN, o único que temos no nosso país, tem a oportunidade de estar aqui a ser apresentado aos turistas”, sublinha Luís Pedro Martins.

Para a TPNP, “o turismo de natureza está em franco crescimento no destino Porto e Norte e constitui uma das apostas da entidade em termos de promoção”. Por isso, é propósito da entidade “potenciar as estruturas existentes em toda a região, instando as comunidades intermunicipais, os municípios e os players a trabalharem em rede, de forma a disponibilizarem a quem visita a região uma oferta integrada”, conclui Luís Pedro Martins.

A ação contou com a presença do presidente da TPNP, bem como de representantes dos municípios de Terras de Bouro, Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Montalegre, os cinco concelhos que geograficamente partilham o único Parque Nacional português.

Foto de baixo: TPNP

Realiza-se, de 12 a 14 de julho, a vigésima edição da Feira das Artes e Ofícios Tradicionais (FAOT). O programa desta organização, que emparceira a Junta de Freguesia, a Câmara Municipal, a ARDAL-Porta do Mezio e a Cooperativa Agrícola, foi apresentado esta quarta-feira, 10 de julho, no Centro Municipal de Informação e Turismo de Arcos de Valdevez.

Face a realizações anteriores, a edição de 2019 apresenta uma programação menos compacta, evitando-se a sobreposição de eventos. Este ano, foram, por isso, reduzidos os momentos de animação e suprimidas algumas atividades, nomeadamente o concurso pecuário, as provas comentadas de vinhos e o passeio equestre.

É no recinto do Campo da Feira que estarão concentrados os 33 stands dedicados maioritariamente aos produtos locais, ao artesanato e aos petiscos. Para além da vertente de negócio, o certame engloba concursos (mel e de fotografia), animação de rua, música tradicional (folclore e rusgas) e variadas atividades lúdico-desportivas e etnográficas à volta do património natural e cultural da Terra.

A respeito da essência de Soajo, serão pontos altos desta organização a encenação da peça O Juiz de Soajo (com atores da freguesia) no Largo do Eiró, o desfile de seis carros de vacas, a malhada tradicional na Eira Comunitária dos Espigueiros e a exposição de trajes tradicionais no edifício da antiga Câmara.

Para o edil João Manuel Esteves, “o que mais se destaca nesta feira é o bom que temos, nomeadamente os produtos, as empresas, os restaurantes e o património, […] que fazem com que Soajo seja uma marca diferenciada no contexto do PN”.

Secundando estas declarações, Fernando Gomes, tesoureiro da Junta de Freguesia, sublinha que a “FAOT é um evento significativo para Soajo”, no qual estão congregados “setores como o turismo, a cultura, a gastronomia e os doces, sendo o pão-de-ló uma das grandes marcas soajeiras”.

No dizer de Beatriz Silva, técnica da Cooperativa Agrícola, a FAOT é o “pulmão da atividade agropecuária que a instituição desenvolve e trabalha”, facto que estará espelhado, desde logo, na exposição de “animais autóctones (bovinos, pequenos ruminantes, equídeos e galináceos)”.

Enfim, a apenas dois dias de mais uma edição, o coordenador geral da ARDAL-Porta do Mezio, Pedro Teixeira, assegura que a FAOT vai oferecer um programa de “enorme qualidade e carregado de tradição”.

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Programa completo da FAOT

. 12 de julho (sexta-feira) | Abertura da FAOT (18.00); exposição de trajes antigos e exposição de fotografia “Olhar Soajo – O Homem e a Serra”; animação com arruada de bombos (18.30); visita guiada pelo centro da vila de Soajo, com concentração junto aos espigueiros (19.00); jornadas gastronómicas nos restaurantes e nas tasquinhas (20.00); peça de teatro O Juiz de Soajo (21.30); encontro de rusgas populares (22.30).

. 13 de julho (sábado) | Jeep tour serra de Soajo (9.30); subida do rio Adrão (10.00); abertura da FAOT (11.00); jornadas gastronómicas nos restaurantes e nas tasquinhas (12.00); animação de rua, com a Banda do Galo (14.30); Trilho dos Caminhos do Pão e Caminhos da Fé (15.00); entrega de prémios do concurso de mel (17.00); atuação do Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo (19.00); visita guiada pelo centro de Soajo (19.00); mostra gastronómica nos restaurantes e nas tasquinhas (20.00); animação com Miguel 7 Estacas.

. 14 de julho (domingo) | Jeep tour serra de Soajo (9.30); abertura da FAOT (11.00); mostra gastronómica nos restaurantes e nas tasquinhas (12.00); “Somos Portugal” da TVI (14.00); desfile de carros de vacas (15.00); malhada do milho tradicional (17.00); visita guiada pelo centro da vila de Soajo (17.45); mostra gastronómica nos restaurantes e nas tasquinhas (20.00); atuação do Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas (21.00); encerramento da feira (23.00).

A Câmara Municipal adjudicou à empresa Baltor a obra de requalificação urbana e paisagística do Largo do Eiró.

Esta deliberação foi precedida da declaração de “caducidade” do processo no qual outra empresa, numa primeira fase do concurso, tinha conseguido levar a melhor, mas, devido a manifesto incumprimento burocrático, a firma em causa acabou excluída.

“A empresa em falta não apresentou, em tempo útil, os documentos todos, automaticamente caducou o procedimento”, explica o executivo.

A intervenção, no valor de 59 mil euros (mais 4 mil euros do que a proposta subscrita pela empresa excluída), realizar-se-á no ano em curso.

Realizou-se, no passado dia 5 de julho, no salão nobre dos Paços do Concelho, o ato solene de assinatura do protocolo de amizade e cooperação entre os municípios de Arcos de Valdevez e de Antony (França), na presença de vários soajeiros (entre familiares, amigos e eleitos locais). A versão francesa do tratado já tinha sido firmada em terras gaulesas, pelos edis João Manuel Esteves e Jean-Yves Sénant, no passado dia 28 de junho. Na origem do protocolo está a soajeira Rosa Macieira Dumoulin, conselheira municipal na Câmara de Antony.

Os signatários do convénio, que “define as linhas orientadoras da parceria”, comprometem-se “a manter contacto regular”, “a favorecer o intercâmbio entre os cidadãos dos dois municípios para promover uma melhor compreensão mútua em vários domínios” e a conjugar “forças para cooperar em toda a extensão”.

No conjunto dos objetivos específicos, inerentes ao presente protocolo de amizade e cooperação, constam, entre outros, a “definição conjunta dos assuntos de cooperação mútua”; a promoção de “intercâmbios entre os respetivos cidadãos”; a “elaboração de projetos de âmbito económico, social, cultural e ambiental”; a implementação de “boas práticas de parceria através de ações conjuntas”; e a “partilha de práticas, conhecimentos e experiências”.

No discurso (bilingue) de boas-vindas à delegação de Antony, o presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez sublinhou que, “a partir de agora, temos mais um membro na nossa rede de cooperação”, através da qual “pretendemos congregar o talento, o dinamismo e o apego à terra em prol do progresso das respetivas comunidades”.

Para João Manuel Esteves, “o que verdadeiramente une a parceria é a vontade de fazer mais e melhor em conjunto”, pelo que esta cooperação “vem intensificar […] as relações e as experiências entre os cidadãos, as empresas e as associações de cada município”, a pensar no “reforço da identidade”, na “promoção de oportunidades” e na “captação de mais visitantes e de mais investimento”.

O protocolo agora celebrado, que rende homenagem ao “envolvimento da soajeira Rosa Macieira Dumoulin”, aponta, consequentemente, ao intercâmbio em diversas áreas, nomeadamente “educação”, “cultura”, “desporto”, “ambiente”, “economia” e “turismo”.

Por seu lado, o edil de Antony, Jean-Yves Sénant, “feliz e entusiasmado pela assinatura do nono tratado de amizade e cooperação” (as restantes geminações dizem respeito a vilas ou cidades de Israel, Alemanha, Arménia, Estados Unidos, Líbano e República Checa), frisou que o município ao qual preside “não é particularmente rico em património cultural e histórico”, mas “é uma cidade agradável para se viver e para se visitar”. 

O autarca francês realçou, ainda, que a cidade de Antony conta com "62 mil habitantes", está "localizada a sul de Paris" e apresenta a particularidade de "15% dos seus habitantes terem nascido no estrangeiro", sendo estes provenientes de "cem países". “E dentro dessa comunidade há uma forte representação portuguesa, boa parte é originária de Arcos de Valdevez”, contextualizou Jean-Yves Sénant, eleito nas listas do UMP.

“Para além disso, há associações portuguesas em Antony e, depois, há Rosa Macieira Dumoulin, que foi quem propôs a geminação das localidades. Quando apresentei o dossiê ao Conselho Municipal, a proposta foi aprovada por unanimidade, ninguém se opôs, mesmo a oposição que, é sempre contra, desta vez votou a favor”, detalhou.

Antes de receber em mãos as prendas da edilidade arcuense (destaque para uma lembrança de madeira com escritos “gravados a quente”), Jean-Yves comprometeu-se a fazer “propaganda” pelo turismo da “bonita” e moderna” vila de Arcos de Valdevez, indo passar lá a mensagem de que “Portugal não é só Lisboa, existe também o norte e Arcos de Valdevez, com o seu imenso património histórico”.

O convénio assinado, com dois anos de duração, “será avaliado em 2021 pelos signatários, que decidirão da sua renovação ou introdução de eventuais alterações”.

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Entrevista com Rosa Macieira Dumoulin

“Nunca imaginei vir a Portugal como vereadora da República Francesa para assistir a tal ato” 

 

  1. Com que sentimento sai deste ato solene? É o concretizar de um sonho?

Sinto uma grande honra por trazer a República Francesa às vilas de Arcos de Valdevez e de Soajo. É uma grande emoção para mim, na verdade, nunca imaginei vir a Portugal como vereadora da República Francesa para assistir a tal ato.

  1. Revê-se no papel de embaixadora?

“Embaixadora” é uma palavra muito linda. Se eu for uma boa embaixadora de Soajo e dos Arcos em França, mais honra terei e mais realizada ficarei.

  1. Quando nasceu a ideia desta geminação?

Surgiu em 2008 quando cá vim, depois de algum tempo sem visitar Arcos de Valdevez e Soajo. Há um ano apercebi-me de uma grande dinâmica, com a vila de Arcos de Valdevez em crescimento e no caminho da modernidade. Também Soajo se está a abrir para o estrangeiro e com a firme vontade de ter mais visibilidade. Foi isto que esteve na génese da ideia, misturada com a intenção de mostrar aos franceses outra coisa, que não só as praias do sul de Portugal.

  1. Como é que vê Soajo?

Soajo está muito direcionado para o turismo da natureza, com uma efetiva preocupação de proteção ambiental. Soajo tem muito a dar e a mostrar no contexto ambiental. Há gente nova que pretende promover a natureza no seu estado puro.

  1. Com raras exceções, a juventude de Soajo pouco participa na atividade e no pulsar político da terra. Porquê?

Não estou surpreendida com isso, em França existe o mesmo problema, a juventude não participa. Mas, possivelmente, nós, agentes políticos, também não fizemos bem as coisas, não conseguimos mostrar à juventude que só com mais implicação é que pode fazer mudar o rumo. Não basta criticar, é preciso mais proatividade.

  1. Costuma passar férias em Soajo?

Em anos recentes, tenho vindo menos vezes. Mas, a partir de agora, virei, com certeza, mais vezes.

  1. Foi eleita nas listas do UMP. Quais os ideais políticos desta força partidária?

Os principais são dar valor ao trabalho e ao ambiente, que, em boa verdade, são princípios abrangentes e comuns a todos os partidos. Nos tempos que correm, temos de trabalhar conjuntamente, o mundo político mudou muito. Por vezes, temos de colocar o ideário político de lado, não fechando a porta a projetos em prol de interesses coletivos de primeira ordem.

Está materializada a ideia que a soajeira Rosa Macieira-Dumoulin lançou para aproximar Antony e Arcos de Valdevez.

Depois de assinado na Câmara de Antony, no passado dia 28 de junho, o protocolo de cooperação e amizade entre o referido Município gaulês (arredores de Paris) e o seu homólogo de Arcos de Valdevez, é já esta sexta-feira, 5 de julho (18.30), que o salão nobre dos Paços do Concelho acolhe uma cerimónia parecida para ratificação da antedita geminação.

Em entrevista concedida, há meses, ao blogue Soajo em Notícia, Rosa Macieira, conselheira municipal na Câmara de Antony, reafirmou o seu “orgulho por ter apresentado este projeto”, acrescentando que, o seu bom acolhimento, “honrava a amizade entre os dois países”.

Autarca em França desde 2007, Rosa Macieira conta o que lhe veio à cabeça no momento em que a proposta foi aprovada pelos eleitos do Município de Antony, pequena cidade com cerca de 60 mil habitantes.

“Pensei com grande emoção no meu pai. Nunca duvidou de mim. Hoje, represento a República Francesa e difundo fora de portas a vila de onde sou originária”, diz Rosa, “feliz” por espalhar o nome das suas origens por terras de Antony, onde “muitos munícipes até já querem visitar os Arcos”.

Em reunião da edilidade arcuense, na fase em que os contactos estavam em pleno andamento, o autarca João Manuel Esteves teceu palavras de reconhecimento pelo dinamismo de Rosa Macieira. Em declarações, pela mesma altura, a este blogue, a soajeira devolveu os elogios:

“Isto só foi possível graças ao entusiasmo e generosidade de João Manuel Esteves”, admitiu a conselheira municipal, que se encontra de visita ao Alto Minho, integrando uma comitiva liderada pelo “maire” de Antony, Jean-Yves Sénant.

No conjunto de iniciativas a empreender ao abrigo do protocolo, estão incluídos os intercâmbios escolares.

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Quem é Rosa Macieira-Dumoulin?

Nasceu, há 53 anos, em França, mas tem as suas raízes em Soajo, localidade onde costuma passar férias no estio.

Desde cedo, Rosa Macieira teve vontade de experimentar a “coisa pública” e a cofundação de uma associação local foi o primeiro passo para tentar mudar o destino das pessoas. Foi adjunta de direção na Korian (acompanhamento de grupos vulneráveis, nomeadamente terceira idade e doentes) e, pouco a pouco, foi tendo uma ascensão sustentada, fruto da inegável qualidade do seu trabalho.

É autarca  em Antony há 12 anos. Exerce as funções de conselheira municipal para o público sénior e de delegada para os assuntos europeus. Tem-se empenhado fortemente para travar o avanço da extrema-direita em França.

Acredita que a política é a arte do “impossível”, porque permite “mover montanhas”, e, tendo por base o exemplo corajoso de vários portugueses radicados em França, exorta a comunidade a participar mais no destino da nação de acolhimento.

Sempre que pode, como atualmente acontece, Rosa volta a Soajo, a terra que “representa as raízes de um povo com grande coração, o sorriso do pai, as férias da juventude e o primeiro amor”.

Para conhecer melhor a pessoa e ficar a par do pensamento de Rosa Macieira, o blogue reedita entrevista publicada em 2016.

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 “Soajo representa as minhas raízes”

  1. De tempos a tempos, regressa a Soajo, onde, por vezes, passa férias. O que é que procura em Soajo?

Não vou todos os anos a Portugal, mas regresso, com grande prazer, a Soajo, sempre que posso. É em Soajo que encontro – nas pessoas sinceras e generosas – os meus verdadeiros valores e as minhas raízes. É a oportunidade de recordar os tempos bem passados com os meus pais (e restante família). É o reviver das festas com os meus amigos que estão no Canadá e nos Estados Unidos.

  1. Enuncie três razões para visitar Soajo.

A beleza da natureza e as paisagens à volta.

A beleza da vila e dos vários lugares.

O sorriso e a bondade do povo soajeiro.

  1. Como e quando é que ingressou na atividade política?

Comecei pelo meu bairro, onde, com outros habitantes, criei uma associação. Solicitei, à época, ao presidente da Câmara, Patrick Devedjian, que viesse visitar-nos regularmente. Quando ele, depois, me pediu para integrar a equipa dele, a minha resposta foi célere e afirmativa, porque entendo que devemos participar na vida política da nossa localidade: é a única maneira de mudar e melhorar a vida de todos, fazendo jus ao facto de vivermos sob um regime democrático, logo, com o poder de votar e de participar, no que for possível, na vida pública.

  1. A comunidade portuguesa, incluindo a soajeira, está, é público, bem adaptada a França. Que perceção é que os franceses têm dos portugueses?

Os franceses têm um grande respeito pela comunidade portuguesa que, na verdade, é corajosa e está bem adaptada. Mas, para mim, é demasiado discreta: a comunidade lusa deveria participar mais na vida política de França, o país onde essa comunidade vive, estuda, cresce e leva, muitas vezes, uma vida conjugal. Lembro que todos temos o direito de votar nas eleições municipais (autárquicas) para fazer ouvir a nossa voz.

  1. Diz-se que “a política é a arte do impossível”. Quer comentar?

O antigo presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou, em tempos, que a política pode dar muito aos povos, neste sentido, a política pode mudar o rumo e o destino de uma nação. Ou seja, a política faz acreditar, sim, no impossível, desde que a comunidade se empenhe para atingir um objetivo coletivo. Em suma, a política permite realizar coisas impossíveis e “mover montanhas”. Não esqueçamos que o “impossível não é francês”.

Foto que encima a notícia é do LusoJornal

O Turismo de Portugal e a Sociedade de investimento que gere o Sistema Português de Garantia Mútua (SGPM) lançaram um instrumento financeiro para as empresas do turismo.

Esta ferramenta destina-se às PME ou Mid-cup que desenvolvem atividade turística e pretendem aumentar, diversificar ou alterar as suas fontes de financiamento. Estas são convidadas a participar, como emitentes e em conjunto com outras empresas do turismo, num empréstimo obrigacionista (com taxa de juro competitiva).

O Turismo de Portugal e a SGPM asseguram financiamento até 15 milhões de euros por empresa, com garantia pública associada e maturidade de sete anos.

Segundo a parceria promotora, dispensa-se a “prestação de garantias reais ou pessoais”, sendo o “processo de adesão e financiamento simples”.

A informação está disponível no portal do Turismo de Portugal.

Rendido aos lugares e às pessoas de Soajo. O portuense Américo Peixoto fala “apaixonadamente” da terra que conheceu em 2002, fruto da relação com a mulher Soledade Lage (soajeira), e o sentimento de pertença é tão grande que tomou nas mãos dele a beneficiação do espaço da Fonte de Bairros, com o devido consentimento da Junta de Freguesia.

“Gosto de passar aqui ao entardecer, numa dessas incursões, em maio passado, encontrei a área transformada numa imundice, foi nessa altura que comecei a tratar do espaço… Faseadamente, fui limpando os terrenos e removendo as ervas daninhas, depois, com a ajuda de algumas pessoas, nomeadamente um carpinteiro da zona, reparou-se a placa da Fonte de Bairros, pintaram-se (com tinta cedida pela Junta) os ferros, bem como a placa indicativa da fonte”, conta Américo Peixoto.

Outras necessidades substantivas foram, entretanto, colmatadas no entorno. “Depois, introduzimos algum mobiliário, designadamente uma papeleira e um foco para iluminar melhor o caminho. E, noutro plano, tornou-se mais visível o ano, 1966, a que remonta o fontenário”, acrescenta o “orgulhoso benfiquista” de 60 anos.

Os melhoramentos não estão concluídos, mas o que falta não depende só de Américo. “Com a boa recetividade do proprietário do terreno, tentaremos fazer algo mais bonito… O quê? Reconstituindo a ramada para cobrir, de novo, esta área com vinha”.

O feedback das pessoas é “muito bom” e a diligência até pode ter o condão de despertar consciências. “As pessoas dizem que o espaço está espetacular e asseado, por isso é que os soajeiros e visitantes vêm para aqui lanchar e confraternizar ao fim da tarde. Gostava muito que outros soajeiros pegassem nesta singela ideia emprestando o seu tempo e saber a iniciativas parecidas”, revela Américo Peixoto, que ainda não conseguiu decifrar o escrito “Mellys”, gravado na parede do fontenário, o qual “eventualmente, dirá respeito a uma família muito antiga, de 1822”, adianta.

De bem com a terra de adoção, o festeiro das solenidades de agosto próximo não poupa nas palavras para dar loas a Soajo. “Estou apaixonado por esta localidade, acho as pessoas espetaculares, gosto muito da juventude, dou-me especialmente bem com os jovens, aliás, vejo-me como um jovem mais velho”, conclui.

Antes (foto de cima)

O Rancho Folclórico das Camponesas da Casa do Povo da Vila de Soajo promoveu, no passado dia 29 de junho, um concorrido convívio de S. Pedro, que aliou a boa comida à música de raiz popular.

O menu servido aos comensais incluiu sardinhas, barriguinhas, fêveras e caldo-verde.

Depois dos petiscos, preparados por dezena de voluntários, ressoaram no terreiro os cantares em torno das tradições de Soajo.

 

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