Com ponto único na ordem de trabalhos, a Assembleia de Freguesia de Soajo reuniu-se, extraordinariamente, no passado dia 14 de dezembro, para apreciar o ordenamento do Largo do Eiró, depois de abortada a obra de requalificação urbana e paisagística, por a Assembleia de Freguesia ter recusado este projeto e por a Câmara Municipal ter decidido não dar execução à obra, colocando um ponto final na empreitada.
Sob proposta do deputado Vítor Covelo (MSI), foi aprovada, por unanimidade, a colocação de sinalização permanente no Largo do Eiró, devendo os serviços técnicos municipais optar pela “proibição de estacionamento”, sem vedar, no entanto, a passagem aos condutores (sejam estes moradores ou não). Supletivamente, por indicação de Cristina Martinho (MSI), foi sugerido que se faça menção na placa de cargas ou descargas a um período limitado de tempo para esse efeito.
Uma segunda proposta, sob recomendação da mesma deputada, estabelece que sejam reservados lugares específicos, “entre a esquina da Casa do Rocha e as Alminhas”, para o estacionamento dos indivíduos com deficiência e dos trabalhadores da Extensão do Centro de Saúde. Foi aprovada por maioria, com a abstenção de António Alves (PSD).
Entretanto, no arranque dos trabalhos, o presidente da Mesa lançou o mote para se pensar mais nas soluções e menos nos problemas. “O projeto [do Largo do Eiró] foi ‘chumbado’ e sobre ele não há mais discussão!”, avisou António Enes Domingues (CDU), enquanto António Brasileiro (MSI) criticou o facto de “o projeto ter começado mal ao se pôr o carro a andar à frente dos bois” e Cristina Martinho questionou a legalidade das deliberações da Assembleia de 30 de novembro último.
Mas, em nome da Junta, a secretária Sandra Barreira, a única eleita do executivo presente nesta sessão, sentiu necessidade de historiar o projeto de arranjo que tinha por objetivos regular a circulação, restringir o estacionamento e embelezar o Largo do Eiró.
“A Câmara Municipal apresentou uma solução e, neste processo, estivemos todos mal, da Junta à Assembleia… Toda a gente esteve mal, porque, hoje em dia, ninguém sabe falar, sabem fazê-lo no Facebook, mas não sabem arranjar soluções e criticar de uma forma construtiva”, atirou a representante da CDU, que, depois de falhado o projeto, anunciou uma inédita formulação acerca da iniciativa, sem que dela fosse dado qualquer conhecimento aos eleitos na referida reunião do mês findo.
“As vantagens deste projeto eram a elasticidade, em que as peças [floreiras] iriam funcionar tipo Lego, iam-se compor pouco a pouco… De início, seriam usadas trinta, entretanto, as pessoas iam-se habituar e quando já não precisassem das trinta, se calhar, seriam tiradas 15, distribuindo-as por outros lados ou, em alternativa, seriam vendidas, porque o aço corten vale uma fortuna… Ou seja, uma vez concluído o arranjo, daqui a um mês, dois meses ou um ano, ou nas festas, tiravam-se todas as floreiras, e seria reposicionada uma meia-dúzia… As outras iam sendo espalhadas. Foi isso que ficou acordado na reunião com a Câmara, na presença dos engenheiros [na segunda quinzena de novembro]”, acrescentou Sandra Barreira, precisando que o arranjo continha “28 bancos de madeira, com pernas em aço corten, para serem distribuídos, permitindo criar um género de praça”.
Para comprovar a flexibilidade da iniciativa que “caiu de vez” e já não tem retorno, a secretária admitiu que “eram demasiados bancos”, mas que os mesmos “podiam ser redistribuídos por outros espaços da freguesia onde fizessem sentido, até para impedir o estacionamento noutras zonas, perto dos espigueiros, por exemplo”, apontou.
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Intervenções do público
No período excecionalmente aberto ao público, por se tratar de uma Assembleia extraordinária, Manuel Araújo (“Leiras”) visou Sandra Barreira por esta ter declarado que “na Assembleia ‘ninguém sabe falar’, […] se calhar também a pessoa que ouve não saberá ouvir”, retorquiu, reafirmando, de permeio, que “o povo não quer ferro em Soajo, quer granito”.
Por fim, sugeriu a “hipótese simplíssima de colocar uma placa junto à cabine [elétrica] a proibir o trânsito, bem como a instalação de sinalética a proibir o estacionamento no Largo do Eiró. Mas não parece que a Junta esteja disposta a proibir o estacionamento, porque, se estivesse, bastaria chamar a GNR uma vez e esta trataria de fazer uma ronda, multando todos os carros indevidamente estacionados. Bastaria uma vez e nunca mais ninguém iria estacionar lá. A Junta tem esse poder”, afirmou Manuel “Leiras”, pedindo que “a Junta passe a dar a cara em vez de catar votos para as eleições”.
Por seu lado, Tatiana Martinho recomendou a colocação de sinalética adequada no outro acesso que conduz ao Largo do Eiró e criticou “um comércio por colocar tudo no meio do Eiró”.
Também Ana Lage aconselhou a disposição de sinalética conveniente, lembrando a importância da previsão de lugares de estacionamento para indivíduos com deficiência com dístico nas viaturas, mas também para os acompanhantes de idosos.
Já Américo Peixoto considerou que o problema do Largo do Eiró não se cinge à sinalética, correndo-se o risco “de andar a apreciar, de seis em seis meses, novas propostas, […] porque não vai dar resultado colocar sinalética. Por isso, a Junta que faça o seu trabalho e proponho-me a ajudar. Aviso que, daqui por uns tempos, vamos ter um lar de idosos e, nessa altura, esta proposta já não vai servir, com o fluxo de ambulâncias”.
Por fim, por sugestão de Daniel Couto, ficou a ideia de colocar “um sinal de estacionamento proibido em frente ao caixote do lixo, encostado à casa de Ti Clara”, e um segundo no “sítio onde tiraram o caixote do lixo, encostado à casa do Ferrada, já lá não está o caixote, mas está o ferro [de suporte ao caixote do lixo], por isso, que se coloque lá um virado para o centro”.