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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

A Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, reunida esta sexta-feira, 6 de dezembro, em sessão ordinária, deliberou, por unanimidade, não dar execução ao projeto da obra de requalificação urbana e paisagística do Largo do Eiró, bem como encerrar a empreitada e solicitar aos serviços municipais a apresentação de propostas de arranjo noutros espaços do concelho tendentes ao reaproveitamento das floreiras que vão ser retiradas da “sala de visitas” da vila de Soajo.

Depois de receber a comunicação da Assembleia de Freguesia sobre as deliberações que resultaram da reunião ocorrida no passado dia 30 de novembro (na qual os eleitos do órgão deliberativo aprovaram, por unanimidade, a retirada do material instalado no Largo do Eiró), a Câmara Municipal reuniu-se, no decurso desta semana, com os presidentes da Junta e da Assembleia de Freguesia.

“Neste encontro, Manuel Barreira da Costa e António Enes Domingues manifestaram a sua preocupação com as questões inerentes ao processo e solicitaram que se terminasse o projeto, removendo o material, ou seja, que não se executasse o projeto”, contou à vereação o edil João Manuel Esteves.

Face ao pedido formulado pelos autarcas de Soajo e tendo em conta as deliberações da Assembleia de Freguesia (entre as quais também foi decidida, recorde-se, a convocação de uma Assembleia de Freguesia extraordinária para discutir um novo projeto), assim como as vicissitudes conhecidas publicamente, o presidente do executivo municipal propôs à Câmara que:

- “não se executasse o projeto”;

- “se terminasse a empreitada e os serviços municipais acertassem com o empreiteiro o processo do ponto de vista administrativo e financeiro, com a assunção dos encargos daí decorrentes”

- “se solicitasse aos serviços de planeamento e urbanismo da Câmara Municipal a apresentação de propostas para arranjos urbanísticos no centro histórico de Arcos de Valdevez, bem como, eventualmente, nas freguesias, para que seja feita uma reutilização das floreiras que vão ser retiradas do Largo do Eiró, adequando o material aos espaços e às circunstâncias”. A este respeito, segundo apurou o blogue Soajo em Notícia junto da vereação, a freguesia de Cabana Maior já terá solicitado algumas floreiras ao Município, mas há outras possibilidades em cima da mesa.

Entretanto, fracassado o projeto do arranjo urbanístico, presume-se que a premissa de proibir o estacionamento no Largo do Eiró será operada mediante a colocação de sinalética vertical.

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O que foi feito pelas entidades públicas quando arrancaram os trabalhos de requalificação do Largo

Pouco depois de começarem os trabalhos, a Junta de Freguesia solicitou a presença do vereador Olegário Gonçalves no sentido “de se criarem condições para uma maior fluidez na passagem dos carros”, revelou João Manuel Esteves.

“É normal que, nesse encontro, algumas pessoas nas imediações, levantassem algumas objeções, pois as questões de estacionamento são sempre complexas, principalmente quando temos e deixamos de o ter”, admitiu o autarca do PSD.

Entretanto, o vereador Olegário Gonçalves, nesta reunião de Câmara, deu a sua versão dos factos, com uma detalhada intervenção, resumida a seguir.

“Sem dúvida que está a ser um processo com muita confusão à mistura, mas, logo numa primeira fase, as engenheiras da Câmara deslocaram-se a Soajo, conjuntamente com a empresa, tendo o projeto sido discutido entre todos. Depois disso, foi solicitado que alguém da Câmara se deslocasse ao local”.

“O incumbido fui eu, marquei uma reunião no local com a Junta de Freguesia, com o presidente da Assembleia de Freguesia e com alguns residentes e comerciantes do Largo do Eiró, com o objetivo de chegar a um consenso para um rearranjo do espaço”.

“As principais queixas que ouvi foram que não havia espaços para o cruzamento de carros, que havia floreiras a mais… Uns concordavam, outros discordavam… No final, atingiu-se um acordo de princípio consistindo em retirar algumas floreiras, ficar uma só fila de floreiras para desafogar o Largo do Eiró, que ficaria mais amplo para a realização de atividades. Também cheguei a acordo com as lojas comerciais quanto às floreiras e quanto aos espaços para cargas e descargas, limitando-se a entrada no Largo a residentes e a cargas e descargas, aliás, como já tinha sido solicitado pela Junta de Freguesia”.

“O assunto ficou assim tratado e estava uma Assembleia marcada para sábado, 30 de setembro, onde, pelo visto, se juntaram muitos populares, e onde nem sequer foi posto em consideração o acordo que tínhamos feito anteriormente. Também não foi colocada a alternativa de deixar terminar o processo e, depois, ver o que ia acontecer”.

Entretanto, nas redes sociais, lemos muitas notícias, umas contra, outras a favor… Surgiram fotografias de praças emblemáticas da Europa com floreiras em aço corten, um material que já temos aplicado na ecovia em vez da madeira, por se confundir com ela e por ter uma durabilidade (e resistência) muito superior”, sustenta Olegário Gonçalves.

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Depois de o executivo municipal dizer repetidamente, na reunião desta sexta-feira, que o falhado projeto “foi aprovado por todos os órgãos políticos (Câmara, Junta e Assembleia de Freguesia)” e que o mesmo “foi elaborado por técnicos especialistas da Universidade do Porto”, o presidente da Câmara expôs o projeto desde a sua origem.

Génese e contornos do projeto

O projeto foi realizado pela equipa que materializou o protocolo celebrado em tempos pela Câmara Municipal com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, envolvendo arquitetos paisagistas.

“O projeto – elaborado por um membro dessa equipa com a colaboração de um arquiteto que é o responsável pelo Museu de Serralves – tinha por objetivo valorizar o espaço nobre do Largo do Eiró, utilizando materiais nobres, no caso o aço corten, muito usado pela sua cor e textura em espaços e edifícios classificados em Portugal, no resto da Europa e nos Estados Unidos”, contextualizou João Manuel Esteves.

“O que se pretendia, através deste material, era valorizar um espaço cheio de história no meio da terra, criando, a partir do espaço envolvente, uma instalação artística (mais do que um arranjo), com um conjunto de floreiras e com canais com 3,5 metros em redor para circulação de carros e impedimento do estacionamento”.

Para o edil, o projeto, tal como foi concebido, teve em consideração a existência de um Monumento Nacional no Largo do Eiró e havia a preocupação de respeitar a noção de largo. “A forma como as floreiras iam ser colocadas respeitava a disposição do Pelourinho e das escadas deste. Supletivamente, aproveitavam-se as floreiras que foram feitas de propósito (e não são uns equipamentos quaisquer), privilegiavam-se as árvores autóctones e era criado um espaço amplo para lazer”.

Segundo João Manuel Esteves, “o arranjo em si não era muito complicado, não era uma coisa que degradasse e que fosse irreversível, aliás, no interior das floreiras, existem amarras para que as estruturas sejam içadas e deslocadas”.

Por outro lado, “estava prevista a instalação de bancos para as pessoas se sentarem, sem remover nenhum do lajedo existente, aproveitando e valorizando a arquitetura original”.

 

Fundamentação do arquiteto paisagista

O arquiteto paisagista que trabalhou o projeto, entre vários considerandos, frisa, na sua fundamentação, que “o dimensionamento e a localização das floreiras partem da base do Pelourinho, definindo uma grelha orientadora do desenho do espaço, sendo este o elemento determinante para o posicionamento das floreiras”.

O que correu mal?

Para o executivo municipal, o projeto era “virtuoso”, mas a contestação do povo já era de prever.

 “O grande objetivo era tirar os carros dali, por isso, a ideia de acabar o estacionamento era, já de si, bastante perturbadora. Por outro lado, esta era uma obra pública e à vista de todos… Depois, há um conjunto de vicissitudes e de atos de vandalismo reprováveis, que eu refuto completamente”, sublinhou João Manuel Esteves.

Custos

A obra foi adjudicada por 60 049 euros, mas, devido ao cancelamento da mesma, foi feito um auto, sendo que o material colocado no Largo do Eiró e os trabalhos do (des)arranjo ficam por 55 961 euros, menos 4088 euros do que o valor da empreitada por inteiro.

“A obra estava praticamente concluída”, justifica o presidente da Câmara Municipal.

O já precário funcionamento do executivo da Junta de Freguesia foi um dos temas levantados na Assembleia de Freguesia do passado sábado e, embora o presidente da autarquia tivesse respondido às interpelações de Cristina Martinho (MSI) e António Alves (PSD) deixando no ar a possibilidade de resolver o “problema da melhor maneira”, a última informação veiculada aponta em sentido contrário, podendo, no entanto, haver razões ponderosas para tal.

Segundo o edital datado de 2 de dezembro, Manuel Barreira da Costa comunica que, a partir de agora, “só vai estar presente na sede da Junta às segundas-feiras de cada semana”, acrescentando, porém, que “irá passando em outros dias da semana para o caso de ter de assinar algum documento que faça falta”.

No lacónico comunicado, nada se diz sobre a obrigatória reunião semanal do executivo.

De sublinhar que o serviço de atendimento da assistente administrativa não sofrerá quaisquer alterações.

Reunida, no passado dia 30 de novembro, a Assembleia de Freguesia de Soajo, dominada, na sua primeira parte, pela polémica obra de requalificação do Largo do Eiró, como este blogue deu ontem notícia disso, aprovou, por maioria, com quatro votos a favor, três contra e uma abstenção, o Plano e Orçamento para 2020, o qual contempla um total de 181 400 euros. A exemplo de anos anteriores, foram prestados esclarecimentos telegráficos sobre o documento que vai reger o exercício económico no ano que vem.

“Vamos tentar fazer o nosso melhor, esperando cumprir este plano de intenções, dentro das nossas disponibilidades financeiras”, eis o grande mote que Manuel Barreira da Costa (PSD) lançou no início da sumária apresentação, durante a qual o autarca informou que “os caminhos a ratificar serão executados em alcatrão e alguns em cubo”.

Sem revelar investimentos de monta para 2020, o presidente da autarquia anunciou, no entanto, uma novidade. “Decidiu-se, em reunião da Junta, conceder um crédito de 500 euros para custear despesas por cada bebé que nasça”, comunicou.

Entretanto, tendo por base as interpelações dos eleitos da oposição, ficou a saber-se, entre outras rubricas, que está prevista uma despesa de 27 500 euros por conta de aquisição de serviços (incluindo-se, aqui, os custos decorrentes da contratação do funcionário da Junta); “2 mil euros para investimentos em iluminação pública”; e “2500 euros para parque e jardins”.

Cristina Martinho, do MSI, lamentou “a não previsão de mais obras de interesse”, a pouca atenção dada aos lugares, exemplificando o seu ponto de vista com “os 6 mil euros para Paradela”, e a “falta de arranjos para o lugar da Várzea, que muito carece deles”. Por seu lado, Vítor Covelo, do MSI, lembrou o direito de os eleitos saberem concretamente quais as “outras beneficiações previstas para os vários lugares de Soajo”.

António Enes Domingues (CDU), que se absteve na votação, justificou a sua posição com a seguinte declaração: “Quer eu votasse a favor, contra ou me abstivesse, a situação seria a mesma, portanto, isto é um princípio errado da Lei das Autarquias Locais, votar a favor ou não vai dar ao mesmo, a culpa não é da nossa Assembleia, é da lei geral, que está mal feita, ou seja, não faz diferença nenhuma votar a favor, contra ou optar pela abstenção”.

Cristina Martinho, na sua declaração de voto, acusou o executivo de “se estar a marimbar completamente para os deputados, só responde se quiser ou responde ao lado, portanto, se nós não servimos para nada, também não servimos para votar”.

Para memória futura, eis a posição dos eleitos presentes na sala: votaram a favor do Plano e Orçamento António Cerqueira, Luísa Gomes, António Alves e Valdemar Freitas (todos do PSD); votaram contra Cristina Martinho, António Brasileiro e Vítor Covelo (os três do MSI); e absteve-se António Enes Domingues (CDU).

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Período de antes da ordem do dia

No período de antes da ordem do dia, sob proposta de António Cerqueira (PSD), foi aprovado, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento de Ti Ana do Cego, “uma senhora que criou condignamente sete filhos, […] mas foi também uma embaixadora da cultura, das tradições e da história de Soajo”.

Também sob iniciativa do 2.º secretário, a Assembleia ratificou a proposta de criação de uma comissão no sentido de impedir a deslocalização dos espigueiros que não estão classificados (mas esta mesma Assembleia, em 7 de setembro de 2018, já aprovara a necessidade de se constituir uma comissão com o intuito de preservar e valorizar o património de Soajo).

Aliás, em diversas sessões deste órgão, tanto a CDU como o MSI, com o apoio do PSD, defenderam a urgência em se conservar aquilo que caracteriza e é a essência do território, não só os espigueiros e o restante património catalogado oficialmente como também as calçadas, as pontes, os pontilhões, as ramadas, as latadas, as fontes e os cortelhos.

Votada redundantemente esta recomendação, passou-se, de seguida, à fase de solicitação de esclarecimentos ao executivo sobre variados temas. Com algum detalhe, faz-se uma compilação do que foi perguntado, sugerido e respondido.

 

Coberto para os passageiros

O tema do coberto para os passageiros que aguardam pelo transporte coletivo, junto ao monumento alusivo aos 500 anos do Foral de Soajo, voltou, de novo, a primeiro plano nesta Assembleia.

“O outono tem sido duro, o inverno vai ser mais duro, e a paragem de autocarro continua sem aparecer, ficando as crianças [e adultos] à chuva. Temos três lugares para estacionamento ao lado do Restaurante Videira, não seria fácil ao executivo abdicar de um lugar e colocar lá a paragem de autocarros?”, perguntou o deputado Vítor Covelo.

O presidente da Junta aproveitou a deixa para dar uma boa nova.

“A cobertura para a paragem de autocarro está pronta, já temos lugar para ela, acho que vem tarde, mas vale mais tarde do que nunca”, comunicou Manuel Barreira da Costa.

Coberto para a frota da freguesia

Discutido e votado mais que uma vez, o assunto do coberto para as viaturas da freguesia ressoou na sala. “Espero que hoje a Junta nos indique ‘é ali, isto é, um sítio onde os Baldios possam construir a infraestrutura, sem qualquer custo para a Junta de Freguesia’, porque os carros são de nós todos, é o nosso património e estamos a desperdiçá-lo”, avisou Cristina Martinho, referindo-se a duas viaturas dos sapadores, um trator, um limpa-bermas e um atrelado.

Sem qualquer resposta ao pedido, a deputada do MSI assacou responsabilidades ao executivo. “Estão à chuva porque o senhor presidente não diz que ‘é ali que se faz o coberto’, lembro que o presidente e os restantes eleitos deviam representar o povo que votou neles”.

 

Luz em Vilar de Suente

O MSI interpelou a Junta para saber “o porquê da demora, mais ou menos um mês, para se restabelecer a luz em Vilar de Suente, entre as 17.00 e as 18.00”.

O presidente da Junta reconheceu que ”foi um processo demorado, fizeram-se várias vezes, numa das ocasiões, o engenheiro prometeu vir cá no dia seguinte, mas só veio uma semana depois, a EDP funciona assim!”, atirou Manuel Barreira da Costa.

 

Funcionamento da Junta

Cristina Martinho questionou se as obrigatórias reuniões do executivo se estão a realizar e qual o funcionamento do órgão, por seu lado, Vítor Covelo questionou a hipótese de os serviços da Junta de Freguesia passarem “a funcionar ao domingo de manhã para que todo o povo consiga aceder”.

“Quanto à possibilidade de abrir a Junta ao domingo, essa é uma questão nossa, admito que a alguns conviesse. Mas a Junta está aberta dois dias por semana e os serviços administrativos estão abertos no posto de turismo todos os dias úteis”, retorquiu Manuel Barreira da Costa.

 

Relação entre os membros da Junta

O deputado António Alves, do PSD, leu uma declaração e sem paninhos quentes foi direto ao assunto: “Peço ao senhor presidente da Junta que informe esta Assembleia sobre o que está a acontecer entre o senhor e os vogais desta Junta de Freguesia, porque nas várias vezes que passei na Junta, em dias de funcionamento normal, encontrei somente o senhor presidente. Quem se candidata a estes cargos tem de cumprir o que lhe está distribuído, caso contrário, pede a demissão e dá o lugar a quem possa cumprir”, advertiu.

Manuel Barreira da Costa respondeu com diplomacia: “Estamos aqui os três hoje, outras vezes, não estamos, o Fernando trabalha em Ponte de Lima e a Sandra trabalha no Porto. Espero que eles arranjem mais tempo, mas este é um problema entre nós e vamos tentar resolvê-lo da melhor maneira”.

Posto de turismo

Assunto recorrente, voltou a ouvir-se que “o posto de turismo de Soajo fechado ao fim de semana deve ser caso único no mundo e, quando está aberto, encaminha os visitantes para Sistelo, por isso, neste contexto, fechem-no”, recomendou Cristina Martinho, que reclamou a vinda de “alguém do Turismo da Câmara para assegurar o funcionamento aos fins de semana”.

O presidente da Junta admitiu “não ter resposta para isso”, só “se alguém comparticipar com dinheiro” para custear as despesas do seu funcionamento.

Lixeira

O eleito António Cerqueira denunciou uma “lixeira (telhas, cimento, pedras…)” existente nas imediações do cemitério de Adrão. “Pedia que a Junta tapasse a lixeira e desse uma limpeza ao largo, porque está indecente”, exortou.

Na resposta, Manuel Barreira da Costa disse que “a Junta não pode intervir neste crime ambiental, porque foi feita queixa ao Ministério do Ambiente do empreiteiro que vazou o material e o mesmo já foi chamado. Se ele não tirar tudo de lá, exigimos que ponha dois ou três cargas de terra preta. Mas esta é uma questão que o Ministério do Ambiente terá de resolver com ele”.

 

Espigueiro da “Lage”

O presidente da Junta contou o que já se sabia, apenas não revelou as diligências feitas pelo povo e pelos serviços da Divisão de Cultura Municipal.

“Quando soube que estava em curso a venda do espigueiro da “Lage” para fora de Soajo, embarguei logo o desmantelamento. O comprador exigia 200 euros, agora exige 600 euros, pela colocação e retirada dos andaimes. Temos pessoas para comprar o espigueiro só para que não saia dali. A pessoa que mora em frente vai ficar com ele”.

Estacionamento

Com reduzido espaço para o estacionamento automóvel, a vila de Soajo tem grandes necessidades nesta área e carece de alternativas, foi isso que constatou a oposição (e o público, como a seguir se verá).

“Vamos ter um problema grave no próximo verão com falta de estacionamento. É um problema que temos de resolver e precaver, porque cada vez há mais pessoas a visitar-nos, as lagoas recebem cada vez mais banhistas vindos de fora. Faça-se menos uma obra e solucione-se este problema”, defendeu Cristina Martinho.

 

Contentores

A falta de higienização dos terminais do lixo foi outra vez levantada pela oposição.

“Há lodo, gordura e maus cheiros a exalar dos contentores perto do Restaurante Videira”, criticou Cristina Martinho.

Na resposta, o presidente da Junta admitiu a imundice. “Tem razão, é uma porcaria. Estou cheio de pedir aos serviços da Câmara que venham higienizar aquilo. Informo que, depois da obra do Eiró, será feita lá uma intervenção, com colocação de portas diferentes”.

Iluminações de Natal

Perguntado sobre as luzes de Natal, o presidente da Junta garantiu que “vai haver iluminação sem custos para a autarquia soajeira”.

Casos de pobreza

A deputada Cristina Martinho recomendou que a Junta fizesse um levantamento das pessoas que vivem sozinhas em casa, “quantas vezes em condições desumanas”.

 

Sinalética das estradas

O deputado António Brasileiro solicitou à Junta a marcação (sinalética) horizontal das estradas “por causa do nevoeiro”.

O presidente da Junta admitiu o problema. “A estrada até ao Mezio [EM220] e a que vai para baixo do Mezio [EM304] são municipais, como tal, esta é uma recomendação para fazermos à Câmara, de facto, as linhas estão a ficar bastante gastas, pelo que, em dias de nevoeiro, com escuridão, não se vê o meio da estrada”.

Casas de banho

A falta de limpeza das casas de banho voltou à baila. “Sem manutenção, fechem-se as casas de banho. Elas estão imundas, o que os visitantes levam daqui não podia ser pior”, lamentou Cristina Martinho.

Parque de autocaravanismo

Perguntado sobre o parque de autocaravanismo, o presidente da Junta usou uma terminologia original. “Não temos um parque de autocaravanas, temos um parque de manutenção para as pessoas meterem água, descarregarem e pernoitarem só uma noite”

Mas, neste mandato, os órgãos autárquicos da freguesia aprovaram uma taxa a pagar pelos autocaravanistas depois das primeiras 24 horas de permanência, o que invalida a leitura do autarca social-democrata, que nunca quantificou o valor rendido por este serviço disponibilizado no Campo da Feira.

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Investimentos

Manuel Barreira da Costa comunicou que o projeto do lar de idosos no Centro Social e Paroquial de Soajo vai a concurso público no próximo ano. “Custará à volta de 700 mil euros e será dotado de vinte camas no piso de cima, enquanto os serviços administrativos ficarão em baixo”.

“Está tudo acordado entre a Segurança Social e a IPSS de Soajo. O projeto foi-nos apresentado em sede de Junta, acho que é uma iniciativa que vem colmatar muitas das necessidades que temos em Soajo”, congratulou-se o autarca do PSD.

Em relação aos passadiços na zona do Poço Negro, o executivo confirmou a informação que já era do conhecimento geral. “Os projetos estão aprovados, mas são inviáveis, pertencem ao passado. Sem autorização dos proprietários para passagem nos terrenos, não há passadiços”, sentenciou.

Enquanto isso, a toponímia, contendo erros, como o soajeiro Jorge Lage bem frisou várias vezes, vai ter de ser, boa parte dela, revista. “Por exemplo, na Costa Velha há três ou quatro becos, quando só pode existir um. Teremos de encontrar outro nome, para esse efeito, foi criada uma comissão pela Câmara. Não concordo, mas querem tirar a Avenida 25 de Abril e ficar o correio na Estrada 304 […], querem tirar o Caminho [Estrada] dos Espigueiros e ficar a Estrada 530, ora a Avenida 25 de Abril e o Caminho [Estrada] dos Espigueiros são os dois únicos que têm condições para serem ruas, porque têm passeios. Veremos se eles vão atender ao meu pedido. Certo é que alguns dos caminhos vão sofrer alterações e, na altura certa, a Junta terá de trazer o processo à Assembleia”, explicou Manuel Barreira da Costa.

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No período destinado ao público, intervieram Sandra Casanova (elogiou a discussão participada nesta Assembleia; louvou os eleitos por reconsiderarem o projeto do Largo do Eiró; e questionou o executivo sobre a localização do anunciado lar); Ana Lage (equacionou a possibilidade de se alocar verbas para um parque de estacionamento alternativo, “o problema é que não há quem venda os terrenos”, respondeu Manuel Barreira da Costa; e regozijou-se por o projeto dos passadiços ter fracassado, porque havendo tantas infraestruturas sem manutenção, esta, caso fosse erguida, estaria condenada a ser mais uma atirada ao esquecimento); Manuel Mourão (levantou a questão de uma permuta de terrenos em Adrão); Luís Silva (exortou a Junta a ter uma página “com mais elementos de informação e sem erros ortográficos”, e difundiu, como morador, a necessidade de ter luz a noite toda em Cunhas, bem como “melhorar os acessos deste lugar à vila de Soajo”); Daniel Couto (queixou-se da imundice existente nos recintos dos contentores e da quantidade de gatos e cães “à solta”; e defendeu a necessidade de criar uma comissão para proteger os cortelhos e os espigueiros não classificados); Américo Peixoto (debruçou-se sobre a obra de requalificação do Largo do Eiró e as insuficiências que resultam da criação de uma comissão de gestão sem rostos e sem local para reuniões; alertando, noutro plano, para a falta de informação sobre o projetado lar); e Manuel do Canto (agradeceu, com ironia, o não arranjo do Largo do Pedrão).

A Assembleia de Freguesia de Soajo, reunida no passado dia 30 de novembro, aprovou, por unanimidade, a convocação de uma Assembleia extraordinária para abrir caminho a uma alternativa ao muito contestado projeto de requalificação urbana e paisagística do Largo do Eiró, cujas obras arrancaram no passado dia 19 de novembro, mas acabaram suspensas oito dias depois. No “sitiado” Largo do Eiró, o que agora salta à vista é o espaço cercado de mais de trinta estruturas (várias contendo terra vazada pela empresa adjudicatária) e a plantação de couves nalgumas delas, como sinal de protesto.

Sem qualquer possibilidade de tomar uma deliberação sobre o projeto, por não constar da ordem de trabalhos, a Assembleia de sábado, muito concorrida pelo povo soajeiro, autorizou também a criação de uma comissão (até ver, sem rostos nem local onde reunir) e, em paralelo, acordou uma “proposta de remoção das estruturas [aço corten] o mais rápido possível, com a prerrogativa de não haver estacionamento no Largo do Eiró”, estando prevista a colocação de uma placa proibindo o estacionamento neste local.

Mas esta Assembleia de Freguesia teve momentos acalorados e um caso que passou despercebido à grande maioria – a deputada Rosalina Araújo, no início dos trabalhos, entregou à Mesa uma carta de renúncia do cargo, assumindo a sua quota-parte de responsabilidades pela aprovação do fracassado projeto na Assembleia de 7 de setembro de 2018, mas a missiva não foi lida pela Mesa.

Para pacificar os ânimos, o presidente da Junta de Freguesia comunicou que a sessão extraordinária do órgão deliberativo se realizará no início da próxima semana (“segunda ou terça”) e nela participará um elemento da vereação da Câmara, acompanhado de um técnico. Acrescentou que a anunciada comissão terá a possibilidade de apresentar alternativas ao “(des)arranjo” do Largo do Eiró, que o próprio Manuel Barreira da Costa classificou de “porcaria” mais que uma vez.

“Que se juntem três ou quatro pessoas, apresentem alternativas, falem com o povo e se articulem com a geringonça da Junta”, exortou o autarca social-democrata.

Para uma mais fácil perceção dos pontos de vista dos eleitos, o blogue Soajo em Notícia edita, a seguir, o essencial das declarações que a respeito da iniciativa em curso foram proferidas por Manuel Barreira da Costa, Cristina Martinho e João Manuel Esteves (o presidente da Câmara, questionado pela oposição, no caso o CDS, pronunciou-se sobre o tema na Assembleia Municipal de 28 de novembro).

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. Manuel Barreira da Costa | “Regozijo-me pela elevada participação de soajeiros nesta Assembleia, sinal de que estão preocupados com o Largo do Eiró, eu também estou, não gosto do que estou a ver, mas todos nós, tanto a Junta como a Assembleia, temos um bocado de culpa, pois todos votámos a favor daquela porcaria que está no Largo do Eiró”.

“E votámos a favor porque não sabíamos ao certo o que se ia pôr ali, de qualquer maneira, como nós queremos fazer uma coisa em condições, […] vamos ouvir todas as pessoas. Espero que, na Assembleia extraordinária, venham em massa como hoje, os interesses de Soajo estão à frente de tudo”.

“Tenho, aqui, uma solução alternativa, passaria por tirar metade daqueles contentores: a parte interior saía toda, só ficava uma fila”, concluiu Manuel Barreira da Costa, antes de se ouvirem na sala algumas palavras de ordem contra os eleitos e a favor da remoção total das estruturas apelidadas de “barcos”, “ferralha” e “sucata”.

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. Cristina Martinho | “Sinto-me enganada como deputada, não votei o que está no Largo do Eiró. Mas a culpa, que seja dito também, foi mostrar o projeto à pressa. Interessa a todos que os carros transitem à vontade, que as pessoas fluam e, sobretudo, que não se perca a noção de Largo do Eiró, uma praça pública de encontro, onde as pessoas se reúnem e confraternizam, para além de continuar a ser um local de eventos”.

“Acho que devemos arrumar a uma esquina todo o material [estruturas] até arranjar uma alternativa para que os ânimos não fiquem ainda mais exaltados e não se crie ali um turbilhão. A opinião do público que está aqui é que ninguém quer o Largo do Eiró assim. Tal como está, não! Ontem [sexta-feira, 29 de novembro], as pessoas tiravam fotografias a este ferro, não tiravam ao pelourinho, quando o pelourinho é que tem história”.

“Sugiro que seja trazido mais do que um plano alternativo (com mais granito ou madeira em vez do ferro) para não bloquearmos e não ficarmos com esta aberração no Largo do Eiró mais um ou dois meses à espera de uma resolução, algo que se tornaria demasiado perigoso, tal como o Largo está agora”.

“Desejamos, por isso, que o projeto seja o mais leve possível, onde a definição do Largo do Eiró seja respeitada, sem esconder o pelourinho e as casas. Simplesmente, temos de tirar o trânsito, existem praças sem trânsito e sem nada por todo o mundo e são lindíssimas”, vincou Cristina Martinho, com o presidente da Junta a revelar concordância.

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. João Manuel Esteves | “O que temos no Largo do Eiró é um projeto normal de reabilitação urbana, foi aprovado tanto por nós como pelos órgãos da autarquia de Soajo, estamos a implementar o projeto, há sempre vicissitudes que acontecem quando um espaço público tem carros e queremos tirar de lá os carros. O que há no local é, portanto, uma alteração substancial àquilo que existia.

“O que lamento profundamente são os atos de vandalismo, estes não podem ocorrer, como é óbvio. Mas a situação está a ser resolvida e, atendendo às preocupações manifestadas pelas pessoas, a Junta de Freguesia e a Câmara estão a articular as melhores soluções para o projeto. O que a todos interessa é valorizar um espaço digno de reabilitação urbana, o qual tem, reconhecidamente, muito valor e uma grande carga histórica”.

“Convém sublinhar que esta obra, como é pública, e não é vedada, não é daquelas empreitadas que se fecham e só no fim é que se veem, foi sendo desenvolvida sob o olhar público e, como tal, sentiu-se necessidade de serem reposicionadas algumas coisas [estruturas]”.

“A obra não está pronta, é um arranjo que emprega materiais nobres para uma área nobre, tem nas proximidades um Monumento Nacional. Por tudo isto, queremos que seja um local de distinção”.

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