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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

A deputada municipal Sandra Barreira, que também é secretária no executivo da Junta de Soajo, queixou-se, na Assembleia Municipal de 26 de junho, do tratamento discriminatório a que o lugar da Várzea tem sido sujeito pela Câmara Municipal por motivo da remoção do único contentor de lixo instalado na idílica aldeia. O colega de bancada, Romão Araújo, já tinha, de resto, suscitado o mesmo tema na Assembleia de 30 de maio. Nas duas interpelações, o presidente da Câmara não prestou qualquer esclarecimento.

“Durante o estado de emergência, foi retirado um contentor do lixo na aldeia da Várzea, que já foi tão prejudicada com a questão da barragem e que tem o Plano das Albufeiras na gaveta, à espera de ser executado, e agora nem sequer a um serviço tão básico como a recolha de resíduos tem direito”, começou por dizer a deputada da CDU.

“São muito poucos os residentes [26], de facto, mas, ainda assim, são merecedores dos mesmos direitos de todos os outros residentes do Município”, defendeu.

A deputada soajeira rematou o assunto com uma imagem: “A Várzea é um caso paradigmático do que se passa nas aldeias que ficam a mais de trinta quilómetros, longe da vista e longe do coração”.

Dentro das atribuições legais em matéria de ambiente, é missão da Câmara providenciar os equipamentos para deposição de lixo, bem como promover a salubridade dos mesmos, mas à Junta, como órgão de proximidade, também compete zelar e agir com prontidão em nome dos superiores interesses da população.

Segundo apurou o blogue Soajo em Notícia, o contentor foi removido há meses do lugar da Várzea.

Esta quinta-feira de manhã, o sinal de sino avisou a população de Paradela para o exercício de autoproteção contra incêndios que se ia realizar no lugar ao abrigo do programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”. Sob temperaturas relativamente baixas para a época de verão, o simulacro, com dois pontos de encontro ou refúgio (Casa do Povo/capela e Castelo), visou melhorar a capacidade de resposta dos vários agentes envolvidos na proteção de aglomerados populacionais e, ao mesmo tempo, sensibilizar a população para evitar comportamentos de risco.

O primeiro local de concentração decorreu no largo fronteiro à capela e à sede da Casa do Povo, para onde convergiu a população residente da parte de baixo da aldeia, já alertada pela oficial de segurança local, Cristina Martinho (será coadjuvada nesta missão por Fernando Martinho), para se aglomerar no local onde as pessoas, em cenário de catástrofe, se vão refugiar com o objetivo de escapar às chamas.  

Entre as várias forças da Proteção Civil presentes nesta ação, em que todas ficaram a conhecer melhor o lugar, tomaram a palavra a Poteção Civil Municipal (PCM), os Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (BVAV), a representante do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo e a GNR, além da Junta de Freguesia de Soajo e da Comissão de Baldios de Soajo.

Na sua intervenção, o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal frisou que “o lugar de Paradela, devido à vegetação ao redor, à proliferação de eucaliptos e à idade avançada dos moradores, é muito perigoso e de risco elevado”, disse Olegário Gonçalves, anunciando aos populares que decorrem trabalhos de recuperação dos pontos de água no lugar para permitir o abastecimento dos meios terrestres e aéreos.

Do lado da PCM ainda, o técnico Luís Macedo explicou que a realização do simulacro no lugar de Paradela resulta do entendimento que a Proteção Civil tem acerca do “perigo” que os incêndios representam nesta aldeia. “Em caso de um incêndio de grandes dimensões, que ninguém naturalmente espera, o risco de perda de vidas humanas é enorme. Sabemos que as pessoas têm apego aos bens (como as suas casas), mas a verdade é que estes são passíveis de reconstrução, as vidas humanas é que não”, vincou o chefe da Divisão do Ambiente.

Por seu turno, o comandante dos BVAV, colocando também a tónica na “segurança da população”, passou do ambiente simulado para a realidade vivida frequentemente na aldeia de Paradela. “Há um histórico de incêndios à volta do lugar, muito recentemente [2016] tivemos de cortar a estrada, e sem dúvida que Paradela é um dos lugares que nos causam mais preocupação, porque os bombeiros estão demasiado longe, demoram cerca de 25-30 minutos a cá chegar, isto se houver bombeiros disponíveis no momento da ocorrência, visto serem muitas as deflagrações simultâneas no concelho”, alertou.

Para Filipe Guimarães, “a primeira prioridade é salvaguardar sempre as vidas humanas. Mas para isso é importante que toda a gente cumpra e se reúna no ponto de refúgio, fazendo jus ao ditado ‘Primeiro eu, depois eu e sempre eu’. Os moradores também são bombeiros, embora sem farda. A vossa vida é a nossa causa, faremos tudo para vos proteger”, garantiu o comandante, que também vê no eucalipto “o maior inimigo do território”, espécie invasora que “está a tomar conta dos montes outra vez”.

Já o presidente da Junta de Freguesia realçou a “importância” da iniciativa para salvar vidas humanas, prometendo a máxima colaboração da autarquia para “ajudar naquilo que for necessário”. Manuel Barreira da Costa observou que “a lista de cinquenta e tal moradores aumentará com a vinda dos emigrantes em julho e agosto para cerca de duzentas pessoas, incluindo crianças, pelo que é importante atualizar a listagem, devendo as pessoas aqui presentes passar a mensagem”.

A oficial de segurança local, uma das originalidades da metodologia, deu cumprimento ao papel que lhe foi destinado, mostrando o seu contentamento pela presença da totalidade dos moradores nos pontos de encontro e avisando-os de que, em caso de incêndio no futuro, “a probabilidade de ser mais severo do que o de 2016 é grande, dada a rápida propagação do eucalipto”, sustentou Cristina Martinho.

“Há cada vez mais eucaliptos (até nos currais das casas), eles rebentam em todo o lado, todos, incluindo eu, temos bouças com eucaliptos, se pensarmos em tirar rendimento de cinco em cinco ou de seis ou seis anos, vamos acabar com as nossas casas e com as nossas vidas. Pensem em vender, arrancar e cortar os eucaliptos”, recomendou.

Cristina Martinho informou ainda os residentes de que o ponto de refúgio na Casa do Povo/capela acolherá os moradores da Laje para baixo, enquanto os moradores do lado de cima deverão confluir para o Castelo, levando com eles os medicamentos que habitualmente tomam.

Em representação do CDOS de Viana do Castelo, Cátia Silva elogiou a iniciativa neste aglomerado, insistindo no “princípio da segurança” para salvaguardar a proteção de pessoas e bens.

Por fim, o capitão de infantaria Gabriel Barbosa, comandante do Destacamento Territorial da GNR de Arcos de Valdevez, tratou de comunicar aos presentes o “trabalho de fiscalização da Guarda”, pedindo às pessoas para avisarem a GNR das zonas que estão em perigo, com menção dos proprietários dos respetivos terrenos”.

Depois do primeiro ato de sensibilização, o dispositivo operacional rumou à parte de cima da povoação, prosseguindo o plano no Castelo, onde, também em ambiente simulado, se pretendeu aperfeiçoar a capacidade de resposta das várias entidades envolvidas na operação.

No âmbito do referido programa (que o lugar de Vilar de Suente já havia testado há dois anos), procedeu-se, complementarmente, à colocação de sinalética (direcional e pontos de refúgio) e à disponibilização de kits de primeiros socorros. Mas, em contexto real, que ninguém espera (re)viver, também serão fornecidos líquidos e alimentos à população para garantir condições à permanência no local o tempo que for preciso em caso de urgência.

No fim, a população terá ficado com a perceção de que a autoproteção é uma missão de cada um e de todos os residentes do aglomerado de Paradela, onde, dos 55 habitantes (praticamente todos compareceram a este simulacro), a grande maioria tem mais de 65 anos.

A iniciativa resultou da articulação entre Autoridade Nacional de Proteção Civil, CDOS, Câmara Municipal (Serviço Municipal de Proteção Civil), GNR, INEM, BVAV, Junta de Freguesia e Comissão de Baldios.

Um homem sofreu esta terça-feira ferimentos ligeiros na sequência de um despiste do veículo em que seguia, um quadriciclo, vulgarmente conhecido como “papa-reformas”, na ponte de Covelo (vila de Soajo). O alerta foi dado pelas 14.11, de acordo com a página oficial da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

A vítima de 73 anos, natural de Cidadelhe (Lindoso), “já tinha anteriormente raspado no muro fronteiro à Casa do Povo, e, por sorte, na ponte do Covelo, não caiu ao rio”, segundo disse ao blogue Soajo em Notícia o comandante dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, Filipe Guimarães.

Participaram nas ações de socorro 12 operacionais, apoiados por quatro viaturas.

Fotos | Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez

Depois de Vilar de Suente (em junho de 2018), é a vez de Paradela testar o programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” na próxima quinta-feira, 25 de junho (pelas 10.00). A iniciativa – que resulta da articulação entre a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viana do Castelo, o Serviço Municipal de Proteção Civil, os Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, a Junta de Freguesia de Soajo e a Comissão de Baldios de Soajo – visa treinar o aglomerado de Paradela (aldeia considerada de risco) na estratégia de proteção contra incêndios.

O programa a implementar inclui cinco grandes pilares: proteção da povoação (segurança de pessoas e bens); prevenção de comportamentos de risco; sensibilização e aviso à população (por sinal de sino e megafone); retirada do aglomerado; local de abrigo e refúgio.

Uma figura central deste programa – e em torno do qual se baseia a metodologia – é o denominado “oficial de segurança da aldeia”, um voluntário escolhido para retirar a população local do (simulado) cenário de catástrofe (que, na realidade, se viveu em agosto de 2016). Por regra, é nomeado (ou nomeada) alguém com um perfil que conjugue capacidade de liderança, conhecimentos em matéria de segurança e respeito por parte da população.

É a pensar na prevenção e na redução de efeitos provocados por (possíveis) incêndios que ao “oficial de segurança” será confiado o papel de difundir avisos aos conterrâneos e organizar evacuações de casas/residências conduzindo as pessoas para o local de refúgio (presumivelmente no largo fronteiro ao cemitério), para além da promoção de ações de consciencialização sobre incêndios junto dos conterrâneos para que estes evitem comportamentos de risco.

No âmbito desta ação, a ANPC procederá à distribuição de sinalética, kits de autoproteção e equipamentos de primeiros socorros. Também serão fornecidos líquidos e alimentos à população para garantir condições à permanência no local o tempo que for preciso em caso de urgência.

O Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) está a promover desde quinta-feira, 18 de junho, uma visita guiada (conhecida no meio pelo anglicismo press trip) dedicada ao ecoturismo e que vai ter este sábado, 20 de junho, uma paragem em Soajo, “pulmão” do Parque Nacional. Divulgar os “tesouros”, as potencialidades e a diversidade do território, como um destino seguro para o próximo veraneio, é o objetivo da campanha promocional lançada pelo TPNP, que antes já tinha promovido uma outra iniciativa, esta vocacionada para o turismo de natureza.

Gizada pelo TPNP, em parceria com a Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, a viagem dos líderes de opinião passa por outros dois concelhos da Ribeira Lima (Ponte da Barca e Ponte de Lima), e ainda pelos municípios transmontanos de Bragança, Vinhais, Boticas e Montalegre, bem como por várias áreas protegidas (para além do PN, o Parque Natural de Montesinho, a Reserva Unesco da Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica e a Reserva UNESCO da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurês).

Na etapa de Soajo, os bloggers deverão apreciar, entre outros elementos, a serra, os trilhos e as lagoas. O jantar será servido no restaurante da Porta do Mezio e a jornada de sábado finaliza com uma observação noturna de estrelas.

O roteiro termina domingo, 21, em Ponte de Lima.

Segundo o presidente do TPNP, “estas iniciativas estão incluídas no plano de retoma para reerguer o turismo, que será concretizado em dois anos”, estima Luís Pedro Martins.

Foto | Internet

 

Foi aprovado, pelo Município, o estudo prévio para a obra de remodelação e ampliação do edifício do Centro Social e Paroquial de Soajo com vista à “instalação de uma estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI)”. Com esta deliberação, a IPSS de Soajo está mais perto de oferecer como resposta social um lar de idosos.

O equipamento terá capacidade para vinte residentes e, cumulativamente, um serviço de apoio domiciliário para trinta utentes.

Reunida, na Casa do Povo da Vila de Soajo, a Assembleia de Freguesia aprovou, por maioria, o relatório de contas de 2019. Também foi aprovada a primeira alteração ao Plano Plurianual e Orçamento de 2020, ano para o qual transitou um saldo de 59 819,02 euros.

Depois da apresentação que Nuno Soares fez do projeto do Centro de Interpretação Etnográfica de Soajo, sobre o qual este blogue fez ontem circunstanciada notícia, a reunião do órgão deliberativo prosseguiu com a leitura da carta de renúncia que a deputada Rosalina Araújo (CDU) entregou à Mesa, há mais de meio ano, e com a qual formalizou a sua resignação ao mandato.

“Em sede de Assembleia de Freguesia, na sessão de 7 de setembro de 2018, votei a favor da proposta do executivo sobre a regularização do estacionamento e do trânsito no Largo do Eiró. Passado um ano, a obra arrancou e o resultado é um atentado à sala de visitas de Soajo.

Sou frontalmente contra este desarranjo do Largo do Eiró por considerar que não representa nenhuma mais-valia, ao contrário, descaracteriza o Largo do Eiró e atenta contra o Pelourinho, que é um Monumento Nacional.

Assumo, portanto, as responsabilidades políticas do meu voto e, em conformidade, renuncio ao mandato nesta Assembleia de Freguesia”, lê-se na carta que a deputada entregou no dia 30 de novembro de 2019.

***

Período de antes da ordem do dia

No período de questionamento do executivo, a oposição suscitou questões sobre a grande aglomeração de turistas em Soajo, a falta de um Plano de contingência para mitigar os riscos de contágio pelo novo coronavírus e os “critérios” subjacentes à distribuição de máscaras e de cabazes de alimentos pela população.

 

Enchentes nos locais de veraneio e Plano de contingência inexistente

A deputada Manuela Jorge, do MSI, perguntou se o executivo tinha elaborado algum Plano de contingência para responder à “elevada taxa de ocupação do alojamento local”, desafiando ainda a Junta a limitar o número de veraneantes no Poço das Mantas e no Poço Negro para defesa da saúde pública, apelo que o deputado António Brasileiro também fez na sua breve interpelação.

Em jeito de réplica, o presidente da Junta considerou que a autarquia de Soajo “não tem nada que ver com o alojamento”, dizendo que “quanto mais pessoas vierem melhor – é bom que encham as casas para que as pessoas recuperem o dinheiro que gastaram em obras”, justificou.

Sobre as enchentes que as praias estão a registar, Manuel Barreira da Costa sublinhou que “o Poço das Mantas foi feito para ter lá muita gente e, para que isso fosse uma realidade, em consonância com os restantes elementos do executivo, decidi não abrir as comportas… É bom que lá esteja muita gente, as pessoas apreciam e começam a ir para lá fazer piqueniques, só não gosto é das autocaravanas”, alegou.

A respeito do Plano de contingência, o autarca do PSD frisou que a Junta estava a trabalhar conjuntamente com a Proteção Civil, o Parque Nacional e a Câmara Municipal”, anunciando, em jeito de aparte, que o referido Plano também era competência da Comissão de Baldios.

Ato contínuo, Manuel Barreira da Costa entendeu tecer uma longa declaração sobre a pandemia, a seguir transcrita quase na íntegra:

“Estou muito contente por ninguém da nossa freguesia ter sido contaminado, a não ser no Lar [de Grade], onde tivemos uma ‘baixa’… [Apesar dos bons indicadores], não podemos baixar a guarda, porque há pessoas que se misturam e é preciso continuar a guardar as distâncias, pois a pandemia ainda não acabou. Entretanto, já fizemos a feira [de 7 de junho] e correu tudo muito bem.

Façam, portanto, cuidado, porque estão a chegar os emigrantes, que estes não queiram levar daqui o vírus, nós também não o queremos receber… Eles não vão ser obrigados a estar de quarentena, sei que já chegaram quatro ou cinco pessoas a Adrão e ninguém está de quarentena… É preciso ter cuidado com a pandemia”, repetiu o presidente da Junta, que, paradoxalmente, se mostrou despreocupado com a chegada de grandes vagas de turistas nacionais nesta primeira quinzena de junho.

A contradição não passou ao lado de Manuela Jorge, que logo retorquiu: “O presidente da Junta acaba de dizer que ‘temos de ter muito cuidado porque a pandemia ainda não passou’, daí que uma das minhas solicitações seja o reforço da vigilância, mas, perante isto, o presidente diz que está ‘muito contente [com essa grande onda de turismo rural]’, e eu também, porque quero que as pessoas rentabilizem os alojamentos e que haja postos de trabalho, só que, num contexto de pandemia, não me parece que seja assim tão bom. […] Ou seja, por um lado, diz que temos de ter muito cuidado, por outro, diz que combinou com o executivo no sentido de não abrir as comportas do Poço das Mantas, embora defendendo que a Junta não tem nada que ver com este assunto”, desmontou.

Para a deputada da oposição, dada a falta de medidas de segurança sanitária, “o que se vê em Soajo é que as pessoas andam ao molhe e fé em Deus, não respeitam absolutamente nada e andam sem máscara. E, se calhar, vai acontecer em Soajo o que está a suceder em Sistelo onde as pessoas se estão a meter em casa com medo da gente que chega”, conta Manuela Jorge, lembrando ao executivo que, “se há normas para cumprir noutros sítios, a Junta também têm de as fazer cumprir”.

 

Cabazes de alimentos e máscaras

Interpelado pela mesma deputada do MSI acerca dos critérios que presidiram à “distribuição pela população de cabazes de alimentos e de máscaras”, o presidente da Junta referiu que os bens de primeira necessidade foram dados “a quem pensamos que deles precisavam mais”, enquanto os seiscentos equipamentos de proteção foram entregues a quem “chegou primeiro”, pois “não andamos a escolher pessoas”, defendeu-se Manuel Barreira da Costa.

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Atividade da Junta

Da atividade desenvolvida em meses recentes pela Junta, o presidente da autarquia sublinhou a “colocação de algumas barras de proteção em caminhos muito inclinados para ajudar à mobilidade dos idosos”, a “entrega de medicamente providenciada pela Junta às pessoas da Várzea durante o período de emergência” e a “realização de uma reunião no Mezio com a Direção do Parque Nacional”, onde a autarquia soajeira vincou posições sobre o destino a dar às casas florestais (o autarca sugeriu a reconstrução de três), a degradação de pontões e das zonas de lazer, a problemática da pesca e dos incêndios, a necessidade de desbloquear a obra relativa à segunda fase do Poço das Mantas e a questão da lenha seca, que “deve ser dada aos residentes” e não vendida com o dinheiro a reverter para o ICNF (60%) e para os Baldios (40%), segundo alegou Manuel Barreira da Costa.

De resto, foram feitas diligências para executar uma entrada/saída em Adrão, que é considerado “lugar de risco”, e, na área social, a Junta ajudou pessoas necessitadas e, como anunciado na reunião de 30 de novembro de 2019, deu continuidade à sua política de concessão de créditos aos pais com o objetivo de custear despesas com os filhos nascidos em 2019/2020.

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Prestação de contas

Aprovados por maioria, os documentos de prestação de contas referentes à gestão de 2019 foram discutidos de modo muito superficial nesta reunião.

A deputada Manuela Jorge questionou o executivo sobre algumas rubricas, nomeadamente um donativo (de 50 euros) ao Instituto Politécnico de Viana do Castelo (por motivo de uma ação de fomação no âmbito do Projeto RevitAgri); os contratos de emprego de inserção (Bolsa dos trabalhadores) no valor de 1415,40 euros, relativos, segundo o tesoureiro, a “despesas com a Segurança Social”; a adjudicação a Diamantino Covelo de “vários trabalhos relacionados com limpezas”; e um aluguer do Expresso Carralcova, no montante de 760 euros, para o “Passeio Sénior à Senhora dos Remédios (Lamego)”, informou Fernando Gomes. 

“Picado” pela interpelação, o presidente da Junta, no contra-ataque, visou a deputada do MSI: “Uma palavrinha à dona Manuela, já que fez tantas perguntas sobre as contas da Junta, eu também quero ver as contas da Comissão de Regadios”, retorquiu Manuel Barreira da Costa.

Entretanto, depois de aprovar a prestação de contas, a Assembleia deu “luz verde” a uma proposta de revisão do Plano Plurianual de Investimentos (PPI), permitindo à Junta aplicar em 2020 o saldo que transitou do ano transato. “Esta revisão orçamental justifica-se pelo facto de existir a necessidade de integrar no orçamento de 2020 o saldo de gerência anterior no valor de 59 819,02 euros. Ao integrar este saldo de gerência, teremos necessariamente de refletir este valor nas rubricas do orçamento da despesa e no PPI de acordo com os mapas financeiros. Esta revisão não implica que a Junta vá gastar o dinheiro todo”, aclarou Fernando Gomes.

A proposta foi aprovada por unanimidade.

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Período destinado ao público

No período destinado ao público, Manuel Araújo (Leiras) quis saber se o executivo tinha conhecimento de uma “plantação (com vedação) executada por Cabana Maior em terreno, na zona do Mezio, que está em litígio”.

O presidente da Junta respondeu laconicamente “não ter conhecimento disso”, mas António Cerqueira (“Catito”) confirmou que já se tinha apercebido desta situação anómala.

Enquanto isso, o presidente da Assembleia, António Enes Domingues, recomendou que a Junta e a Comissão de Baldios se dirigissem ao local para verificarem in loco a operação indevidamente realizada em zona de contencioso.

Por fim, na sua longa explanação, Rosalina Araújo começou por visar ironicamente as declarações contraditórias do presidente de Junta: “Em relação aos nossos emigrantes temos de fazer muito cuidado, mas com a gente que vem aos fins de semana para Soajo (são aos cinquenta carros da curva da Cova Vinhas a Sobreirós) não temos de fazer cuidado, porque a Soajo nada chega, estamos na Serra Brava”.

Depois, estendeu as críticas ao executivo pela inação e pela não observância das medidas de segurança sanitária, com riscos acrescidos para a grande maioria dos moradores.

“[…] A nossa Junta poderia ter um papel de sensibilização e de presença junto das pessoas no sentido de não contactarem com os residentes, de usarem máscaras e de respeitarem o distanciamento, que é muito necessário, porque somos nós que transmitimos e que somos contagiados pelo vírus. […] Não sou contra as pessoas virem, sou totalmente a favor que venham, mas façam cuidado, porque, se o vírus entrar cá, perdemos 70% da nossa população, entre doentes e os velhinhos vai quase tudo”, alertou, apontando de seguida falhas na resposta à crise pandémica.

“Plano de contingência, infelizmente, não houve, houve, sim, uns cabazes dados ao pessoal que sempre recebeu trezentos e tal euros de vale de reforma e que vai continuar a receber (a pandemia em relação aos reformados não mudou nada) e depois houve entregas aos amigos mais próximos. Já as máscaras foram entregues aos que chegaram primeiro, é impressionante, cada critério que uma pessoa fica abismada”, acusou Rosalina Araújo, antes de fazer um apelo ao bom senso dos eleitos no sentido de consciencializar os banhistas para o respeito pelas regras de segurança e para a necessidade de salvaguardar a limpeza dos locais de veraneio.

“Por favor, ponham-se no terreno, sei que é difícil – exige tempo e compromisso –, mas tentem sensibilizar os banhistas do Poço das Mantas, do Poço Negro, do Poço do Bento e dos outros todos a usarem máscara quando estão com os residentes e a levarem o lixo, porque se não for o caso será mais um problema que a Junta e a freguesia terão: o rio e as bermas das estradas vão ficar uma vergonha com plásticos, latas, garrafões e papéis… Vocês devem fazer mais nesse ponto”.

“Mas outro problema grave reside no facto de as casas de banho no Campo da Feira estarem abertas dia e noite e, depois, vamo-nos queixar ‘ai Jesus que [o vírus] chegou cá, ai Jesus que começamos a levar os idosos para o Alto da Veiga ou, então, para o ventilador’, e então é que vai ser bonito. Depois, alguém vai ser responsável, e não se esqueçam, porque, para memória, a responsabilidade vai ser de vocês [Junta], porque vocês é que são o executivo”.

De ar grave, o presidente da Junta não teceu qualquer consideração.

O projeto do Centro Interpretativo e Etnográfico de Soajo (CIES), a implementar no edifício da antiga Câmara (antiga prisão) de Soajo, foi aprovado por unanimidade, pela Assembleia de Freguesia, no passado dia 13 de junho. A iniciativa de âmbito cultural pretende dar a conhecer aos visitantes os costumes e modos de vida ancestrais de Soajo.

“A localizar no Largo do Eiró, o CIES irá, através de um discurso interpretativo que seja acessível a escolas, turistas e à própria comunidade local, honrar e promover o legado histórico e etnográfico da vila e freguesia de Soajo”, lê-se na fundamentação técnica do projeto”, assente em “três temáticas – história, território e etnografia – que se entrecruzam”.

Apresentado aos órgãos autárquicos da freguesia e ao público presente pelo chefe da Divisão Sociocultural do Município, o projeto em causa será, portanto, desenvolvido num edifício que possui uma “carga histórica muito importante para os soajeiros”, como bem sublinhou Nuno Soares logo no início da explanação.

O edificado será objeto de uma intervenção na sua parte estrutural (cobertura e remoção de infiltrações) e, em respeito pela sua traça, serão preservadas quer a “estética” quer a “volumetria”, bem como salvaguardadas as características estruturais do edifício, para que este “seja adaptável funcionalmente no futuro”.

Quanto à sua arquitetura, serão introduzidas algumas alterações no espaço interior, desde logo a instalação de sanitários no rés-do-chão, onde será mantido o “amplo espaço para funcionar como área de armazém (materiais museológicos recolhidos)”, podendo eventualmente ser utilizado por associações ou pela Junta.

No andar de cima, as intervenções respeitarão, de igual modo, a “pré-existência”, estando previsto, como elemento novo, um “espaço Backoffice para acolher um(a) colaborador(a) em permanência”. De resto, serão projetadas duas salas expositivas (uma maior do que a outra) dedicadas à história e ao território, bem como à etnografia, em perfeita simbiose com a identidade de Soajo.

O futuro espaço, condicionado pelas suas reduzidas dimensões, vai, como se disse acima, aliar as referidas temáticas, que serão “comunicadas através de uma multiplicidade de meios como touch-screen, multimédia, vídeos, objetos e painéis interpretativos” – o objetivo é combinar materiais museológicos com tecnologia interativa” para que os “visitantes façam uma exploração dos elementos que estarão representados (ou não por falta de espaço) no Centro”, que também funcionará aos fins de semana, em resposta ao maior fluxo turístico.

Nesta linha, o equipamento “é um produto para Soajo” e “será alimentado pelos soajeiros” (que até já deram vários contributos nesta apresentação pública), mas “o espaço está pensado, acima de tudo, para servir de apoio ao visitante que chega e não sabe nada de Soajo”.

Tendo por base esta “filosofia”, a iniciativa vai conjugar o património histórico/etnográfico com a disponibilização do máximo de informação possível (bilingue, português e inglês) através de equipamentos digitais”. “O turista encontrará vitrinas com suporte Kiosk, conteúdos digitais, diversos materiais expositivos, espólios com centenas de anos, painéis dedicados à história com leituras concisas, móveis recuperados para a estrutura cénica e muito mais”, especificou Nuno Soares.

O futuro CIES, a funcionar em estreito “diálogo” com o património físico exterior (e por isso é que o visitante será convidado a fazer roteiros pedonais para ver in loco elementos como o Pelourinho, a Casa do Juiz, o Núcleo de Espigueiros, as estátuas do Sabujo…), colocará em relevo, entre outros aspetos, a importância da serra na identidade do povo soajeiro; a história do Juiz de Soajo na primeira pessoa, como símbolo da inteligência e da justiça; a expressão semiótica das narrativas, da poesia e da literatura; a interligação da cozinha tradicional à comunidade soajeira de montanha; o ciclo da cozedura do pão; as memórias despertadas por acessórios como a masseira…

Calendário apertado

O dossiê técnico e os conteúdos a desenvolver estão praticamente ultimados, pelo que o projeto, a candidatar a financiamento, será apresentado e colocado à votação em próxima reunião de Câmara.

Se o cronograma for cumprido, até ao final do ano em curso serão adjudicados os trabalhos e será dado início ao processo de recolha de informação com consulta a vários soajeiros.

A intervenção no edificado deverá arrancar no primeiro trimestre de 2021.

A Assembleia de Freguesia de Soajo reúne-se em sessão ordinária este sábado, 13 de junho (19.00), no amplo salão da Casa do Povo, com o objetivo de, entre outros assuntos, discutir e deliberar as obras do Centro etnográfico. 

Da ordem de trabalhos constam os seguintes pontos:

. Leitura e aprovação de atas de reuniões anteriores.

. Período de antes da ordem do dia.

. Informação da atividade da Junta de Freguesia.

. Apreciação para votação das obras do Centro etnográfico.

. Apreciação e votação dos documentos de prestação de contas.

. Período destinado ao público.

Já é conhecida a lista dos sete patrimónios alto-minhotos selecionados para a final distrital do concurso “7 Maravilhas da Cultura Popular” (promovido pela RTP) e nela há a destacar a presença de uma representação soajeira na categoria Músicas e Danças.

O painel de especialistas reduziu à seleção de notáveis o Vira do Alto Minho (onde está integrado o Rancho Folclórico de Vilarinho das Quartas com o seu homólogo de Merufe, Monção), as Concertinas e cantares ao desafio de Ponte de Lima, a Romaria de S. Bartolomeu (Ponte da Barca), as Feiras Novas (Ponte de Lima), a Romaria de São João d’Arga (Caminha), a Romaria de Nossa Senhora da Agonia (Viana do Castelo) e a Romaria Santa Marta (Viana do Castelo).

A notícia do apuramento do Vira do Alto Minho para a final distrital foi recebida com especial agrado pelo diretor do Rancho Folclórico de Vilarinho das Quartas.

“Alegremente comunicamos que o nosso grupo é parte integrante do concurso às ‘7 Maravilhas da Cultura Popular’. Apoiado pela Junta de Freguesia de Merufe, damos asas ao Vira do Alto Minho. Já estamos nas finais distritais e com o vosso apoio podemos chegar longe. Vamos mostrar aquilo que todos nós nascemos a saber fazer, dançar o nosso lindo vira”, rejubila Rúben Coelho.

Na pormenorizada apresentação que é feita no portal oficial das “7 Maravilhas”, sublinha-se que “o Vira do Alto Minho é dançado em toda a região, não sendo específico de uma parcela em concreto. Ao comando de um marcador, todos os alto-minhotos, de imediato e espontaneamente, dançam sobre a mesma coreografia, como se tivesse sido ensaiado. Ainda nos dias de hoje, em algumas das principais romarias, se podem observar estas danças de improviso, nomeadamente, nas romarias de São João D’Arga e da Senhora da Peneda. Os grupos folclóricos têm a função de dar vida a este património imaterial, que passou de geração em geração e ainda nos dias de hoje se mantém vivo”.

Segundo Tomaz Ribas (in Danças do povo português), que é citado no texto, “o vira, normalmente, dança-se aos grupos de quatro pessoas, isto é, de dois pares; mas também pode ser dançado em filas paralelas de quatro, seis, oito, dez ou mais pares. Estes colocam-se frente-a-frente, braços erguidos ao alto, virados para o mesmo lado e os dedos, como castanhetas, para marcarem o estalado. Ao primeiro passo, rodam na mesma direção; os pares rodopiam, voltando sem alterar o andamento; depois, os pares, em grupos de dois, colocam-se ao centro, enfrentam-se, recuam, voltam ao meio, e, em volta cerrada, ombro a ombro, cruzam-se e trocam de lugares”.

Para além da categoria Músicas e Danças, os demais patrimónios concorrentes às “7 Maravilhas da Cultura Popular” estão organizados nas restantes seis categorias: Artesanato; Lendas e Mitos; Festas e Feiras; Rituais e Costumes; Procissões e Romarias; Artefactos.

De referir que, na fase que se segue, os sete patrimónios do Alto Minho recém-selecionados serão votados pelo público.

A edição de 2020 do popular concurso, que já vai na sua nona organização (desde 2007), contou este ano com um elevado número de candidaturas.

Fotos | Arquivo e portal "7 Maravilhas da Cultura Popular"

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