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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Foi instalada na Avenida 25 de Abril, vila de Soajo, na semana passada, uma tarja com a inscrição “Pró-Parque Nacional Soajo-Gerês”, sob iniciativa do movimento “Soajeiros para as Restaurações das Verdades”, que pretende alterar o nome do Parque Nacional Peneda-Gerês, por uma questão de “justiça, história e de interesse municipal”.

Para o grupo que, segundo Jorge Lage, luta “contra as aldrabices encomendadas a Choffat”, a atual denominação de ‘Parque Nacional Peneda-Gerês’ decorre do “triunfo da fé sobre a razão geográfica e histórica", e, por tal motivo, o movimento defende a “reposição da verdade” e a consequente correção da nomenclatura para “Parque Nacional Soajo-Gerês”.

Apoiando-se em documentos, escritos e livros de “caráter científico”, o movimento soajeiro conclui que apenas as serras de Soajo e Gerês constam entre as 12 existentes a norte do rio Douro, mas, paradoxalmente, é a Peneda que aparece em relevo na atual designação do único Parque Nacional, segundo o grupo de ativistas de Soajo, por motivo das “celebrações de Nossa Senhora da Peneda”.

O movimento “Soajeiros para as Restaurações das Verdades” – que promete intensificar a luta quando a “guerra” contra a pandemia estiver controlada – também quer afirmar a denominação “carne cachena da serra de Soajo” em consonância com a “verdadeira designação da serra”.

Sapador florestal até há cerca de dois anos e meio, o soajeiro Tiago Brito decidiu dedicar-se a tempo inteiro à apicultura com o objetivo de fazer desta atividade a sua fonte de rendimento. É graças a agronegócios como este que Soajo ainda segura alguns jovens, atenuando um pouco o êxodo rural.

Tiago já detinha algumas colmeias quando era sapador, mas a sua reconversão profissional deu-se com uma formação (de cinquenta horas) promovida pela ADERE. “Desde aí nasceu o gosto pela produção de mel. Por isso, de lá para cá, já tive mais duzentas horas de formação na área apícola e a minha ideia é fazer do mel o meu projeto de vida”, começa por dizer este produtor de 25 anos, que, além de gerir a empresa Dolce Gaio, também se dedica ao alojamento local.

“Invisto muito na qualidade e na pureza do mel”

De fato de proteção posto, e fruto de um investimento de “40-45 mil euros”, Tiago Brito possui cerca de 150 colmeias, distribuídas por quatro apiários na serra de Soajo, incluindo um de 25 colmeias na Gavieira. “A nossa serra oferece as condições ideais à produção de mel, pois nela há em boa quantidade pólen (embora mais tardio agora), água e néctar”, refere o produtor, que, na primeira cresta (colheita), tirou “cerca de 80 kg de mel, sobretudo de urze”.

Mas ser apicultor implica conhecimento e um trabalho incessante de vigilância dos apiários. “O produtor tem de gerir as colónias e avaliar se estas têm alimento suficiente para o inverno, estação do ano em que se faz muito trabalho de armazém (reparação e preparação de material) e em que há um pico de procura do produto. No resto do ano, a partir da primavera, há um maneio diário, entre desdobramentos, captura de enxames, renovação de rainhas e cresta”, conta Tiago.

Num setor altamente competitivo, a apicultura é cada vez mais profissionalizada. “Em primeiro lugar, é importante ter formação especializada para trabalhar na área, porque esta atividade exige capacidade técnica e maneio a fazer”, atalha Tiago Brito, querendo dizer que um apicultor profissional tem de compreender a “biologia da abelha” e interpretar o “meio em que a colónia está inserida”.

Os conhecimentos teóricos são “importantes”, mas as muitas horas de prática é que fazem a diferença. “Quem tem muita experiência no terreno conhece as técnicas para respeitar as abelhas e a respetiva colónia, deixando-as trabalhar naturalmente e mantendo os apiários saudáveis”, acrescenta Tiago Brito.

Este ano, a produção de mel está muito aquém das melhores expetativas. “Num bom ano, com as 150 colmeias que tenho, devia tirar 2500 kg, mas em 2021 a produção não deverá ir além dos 700 kg”, estima Tiago Brito, que faz repercutir no fraco rendimento os “efeitos nefastos da vespa-asiática, das alterações climáticas e da floração tardia, como se tem notado em Adrão com a flor de urze”.

Mas, de um modo geral, o maior impacto provém dos estragos devastadores provocados pela vespa velutina. “Uma grande colónia desta invasora pode destruir um apiário em pouco tempo, basta um dia”, alerta Tiago Brito, que instalou harpas elétricas nos apiários para eliminar as vespas-asiáticas e, ao mesmo tempo, salvar as abelhas. “Porque, se não houver abelhas, o mundo acaba”, avisa o produtor, para quem as abelhas “têm de ser protegidas, pois sem elas não há polinização, nem mel (e seus derivados), nem fruta, nem flores para perfumes…”

Para aumentar a rentabilidade da atividade apícola, Tiago Brito já lançou produtos derivados de mel, nomeadamente “rebuçados de mel”, e em fase de projeto está a criação de uma “parceria com uma empresa local de animação turística [Soajo Nomadis]” para “aliar os trilhos à cultura de produção de mel”, com o objetivo de dar a conhecer aos turistas o “inseto fabuloso que é a abelha, como se de um apiário pedagógico se tratasse”, explica.

Passo a passo, Tiago Brito gostaria de ver fundada uma associação de produtores para atestar o mel de qualidade da região. “Falta-nos criar uma entidade que represente os apicultores do Alto Minho, só assim poderemos certificar o mel do nosso território, que não é igual ao de outras regiões”, sublinha este apicultor de Soajo, que diz “preferir a produção em qualidade à produção em quantidade”. “Eu invisto muito na qualidade, muitos clientes dizem-me que o mel Dolce Gaio é um produto ‘diferenciado’ pela qualidade e pureza, por isso é que é um mel cristalizado”, reforça.

Para lá de controlar o processo produtivo e o design (frasco e rótulo), Tiago Brito faz ainda a promoção do produto nos meios digitais e a sua distribuição por estabelecimentos de Soajo (incluindo casas de turismo) e da sede do concelho. E, para chegar a mais público, encontra-se em fase de criação um “website por empresa especializada”.

Uma vez ultrapassada a fase mais crítica do projeto, a do seu lançamento, que Tiago Brito venceu, agora o maior desafio é “pôr diariamente à prova o negócio”, “aprendendo com os melhores técnicos” e “participando em todas as ações de formação que surgirem”, com os olhos sempre postos na “inovação” e na “diferenciação”.

MBC

A perda gradual de serviços, o escasso mercado de trabalho e a falta de oportunidades estão na base do êxodo populacional de Soajo, constatação que é corroborada tanto por residentes como por emigrantes. No plano da administração política, Manuel Barreira da Costa, o autarca local há mais tempo em funções executivas na “folha de serviço”, com apenas quatro anos de interregno neste século entre outubro de 2013 e outubro de 2017, e que está perto de abandonar as lides políticas (não é candidato às autárquicas de 26 de setembro), é o primeiro a reconhecer o declínio do território.

No âmbito da sessão pública “Arcos Convers@: (des)igualdades em foco”, realizada neste mandato prestes a terminar, denominada “Como está Soajo em relação ao acesso à saúde?”, o presidente da Junta de Soajo, quando desafiado a responder a uma das problemáticas mais impactantes para a envelhecida população da freguesia, não escondeu a degradação do serviço médico que está a ser prestado à população.

“Já estivemos muito melhor, já tivemos três doutores, numa altura em que havia mais gente também. Mas está a tornar-se cada vez mais difícil ter em Soajo um médico, agora só o temos durante um dia e meio por semana… E, no horizonte, não vejo grande possibilidade de ter outro médico, o que é muito mau para nós”, lamentou Manuel Barreira da Costa, que admitiu, em tom crítico, a progressiva retirada dos vários serviços de proximidade.

“Pouco a pouco, vamos ficando com menos serviços. Já fecharam várias instituições – banco, farmácia e em relação à escola não sei o que vai acontecer, esperemos que continue a funcionar e que a Extensão de Saúde também não feche”, alertou o autarca social-democrata nessa sessão de auscultação do povo de Soajo.

Além da dificuldade em aceder a vários serviços por motivo da deslocalização de recursos, os efeitos da política de abandono de terras como Soajo também estão bem à vista noutras áreas, a começar pelo grave problema do despovoamento.

“[Tendo em conta os poucos nascimentos que há], e considerando que em Soajo morrem cerca de trinta pessoas por ano, os números dos Censos, menos 314 pessoas entre 2011 e 2021, refletem a realidade”, declarou na Assembleia de Freguesia realizada no mês findo o presidente da Junta, que, todavia, não incluiu nas contas finais o peso do êxodo da população em idade ativa.

Para a comunidade soajeira que acompanha o pulsar da terra é uma evidência que não se consegue promover a fixação de pessoas sem garantir acesso generalizado a serviços de interesse geral, como centro de saúde, agência bancária, correios, Internet de banda larga, farmácia e transportes.

Foto de arquivo

Não obstante a grave crise sanitária que perdura desde a primavera de 2020 e o facto de na decorrência dela terem surgido outras crises, como a do emprego e a do investimento, há, ainda assim, histórias de pessoas que combateram o ceticismo e a conjuntura desfavorável com entusiasmo e vontade, e criaram o seu próprio negócio.

Cristina Costeira e Lisa Araújo uniram esforços e abriram em abril de 2021 o espaço ‘As Marias’ na vila de Soajo, negócio que mistura produtos locais, petiscos, restaurante (unicamente serviço de comida para fora) e mercearia. Com sandes e outras iguarias a qualquer hora, menus centrados em ingredientes da terra e um ambiente acolhedor, o novo estabelecimento oferece à freguesia e aos turistas uma alternativa que prima pela diferença.

“Ideia foi desenvolvida a pensar no novo perfil de turista”

“O espaço chama-se assim – ‘As Marias’ – por este nome já ter sido utilizado por nós anteriormente numa edição da Feira das Artes e Ofícios de Soajo (‘Tasca das Marias’) e por ser um nome popular que fica no ouvido, ainda por cima estamos perto da igreja e temos vista para o caminho onde passam muitas Marias”, começa por dizer Cristina Costeira, natural de Lindoso e com uma experiência internacional de sete anos e meio em Espanha (Lanzarote e Pontevedra).

A ideia de montar o negócio surgiu quando as duas amigas deixaram em setembro de 2019 o café/snack-bar (com serviço de restauração) que era o ganha-pão delas. “Depois de sairmos, pensámos em algo ligado ao turismo, mas mais direcionado para os turistas que procuram conhecer a cultura e a história dos lugares que visitam, já não é só o turista que vem ver os espigueiros e as lagoas e que se vai embora de seguida. Após termos encontrado o local ideal, decidimos abrir este espaço, sempre com a preocupação de aliar a tradição à inovação”, conta Cristina.

A experiência de dez anos no ramo e a complementaridade entre as duas empresárias de 39 anos foram desde o início auxiliares preciosos para o sucesso da iniciativa. Cristina exibe a arte de lidar com o público, enquanto Lisa tem mão para a cozinha, depois de ter abandonado, por falta de trabalho, uma carreira de oito anos como técnica de CAD. “Eu funciono melhor como relações públicas, já a Lisa é quem confeciona os pratos, bolos e compotas”, revela Cristina, que chegou a frequentar o curso de Gestão de Empresas na Universidade do Minho.

Apesar dos tempos de pandemia, o negócio está a correr “muito bem”. “A procura tem sido muito boa, tanto de clientes de Soajo como de turistas. Os locais procuram sobretudo a comida, já os turistas compram principalmente compotas e produtos típicos da terra, incluindo o artesanato. Quem vem gosta e volta, sem dúvida que viemos movimentar esta zona da Torre, que estava em declínio”, concordam Lisa e Cristina, contentes por terem “de volta todos os antigos clientes”.

A comida “caseira” é a que impera no menu e é temperada com produtos naturais como malagueta. “Massa à lavador, cozido à soajeira, jardineira, lasanha (de carne, legumes e atum), carne à alentejana, dobrada e feijoada são, segundo a época, alguns dos pratos servidos em regime de takeaway”, enumeram Cristina e Lisa.

Além disso, a dupla condimenta as refeições e as saladas com os produtos que a horta dá na branda do Murço – couves, batatas, tomates, framboesas, curgetes, morango… – e reaproveita a fruta para compotas, enquanto a comida que não é servida ao almoço é destinada às “caixinhas mágicas”, uma outra novidade da casa. “Através destas, os clientes levam uma refeição para casa por metade do preço ao jantar. A adesão tem sido bastante boa, assim não há desperdícios de comida”, sublinha a soajeira Lisa.

N’As Marias há sempre saladas (de presunto, queijo, atum…) e petiscos a servir na hora. Pregos em pão de baguete rústico com manteiga de alho. Cachorros com cebola caramelizada e mostarda. Sandes de presunto em pão de baguete com tomate seco, alface e queijo fresco. E menus – “fáceis de levar e à medida dos caminheiros” – constituídos por sopa desidratada e almôndegas em conserva.

Por outro lado, na montra da endogenia sobressai uma grande diversidade de produtos entre carne cachena desidratada (um dos emblemas locais), mel, bolos caseiros, sabonetes… Sem fórmulas sofisticadas, no espaço imperam a discrição e a genuinidade. “É aproveitar o que a terra nos dá e trabalhar” dentro e fora da cozinha com o avental posto.

Tudo “corre de feição”, mas nesta altura não há motivo para folgas. “Queremos alargar a componente de cozinha, para lá do prato do dia e das pizzas, e passar a oferecer o nosso serviço para festas de aniversário, preparando ingredientes quentes, frios, etc., assim como satisfazer pedidos de emigrantes para os familiares de cá. Por isso, temos de inovar todos os dias, senão...”, soltam.

Senão são ultrapassadas pela concorrência...

Tem raízes em Soajo (Paradela) o campeão olímpico na modalidade de karaté, na categoria de -67 kg, cujo concurso se disputou em Tóquio (Japão) esta quinta-feira, 5 de agosto. O multicampeão Steven da Costa, que representa a França e é irmão dos também karatecas Jessie e Logan, confirmou plenamente no tatami o favoritismo que lhe era atribuído e ofereceu a primeira medalha de ouro ao país do Hexágono na história das olimpíadas.  

Mas a pressão de ganhar não ajudou à desinibição do karateca de 24 anos e, por isso, o percurso até à coroação final foi tudo menos fácil. Steven venceu três dos quatro combates na fase de grupos, garantindo o apuramento para a meia-final, onde destronou o veterano cazaque Darkhan Assadilov (prestes a completar 34 anos), o seu principal oponente, a quem ganhou, por 5-2. Na grande final, o karateca treinado pelo soajeiro Michel da Costa (pai) levou a melhor sobre o turco Eray Samdan (5-0), impondo-se como o “rei” da modalidade.

Senhor de um palmarés de luxo (campeão do Mundo em 2018 e terceiro em 2016, bem como campeão da Europa em 2016 e 2019), Steven da Costa, devido à pandemia, teve de fazer uma preparação longe da família, mas nem isso evitou que escrevesse em Tóquio mais uma página dourada da sua carreira.

De referir que o karaté é pela primeira vez modalidade olímpica nesta edição do Japão, mas já não o será nas próximas olimpíadas marcadas para Paris, em 2024.

Foto | Reuters

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Expirou, esta segunda-feira, 2 de agosto, o prazo de entrega das listas de candidatos às eleições autárquicas de 26 de setembro. 

No que à Assembleia de Freguesia de Soajo diz respeito, há apenas duas candidaturas ao próximo ato eleitoral, protagonizadas por PS (não concorria desde as eleições de 2009) e PSD, já que a CDU e o Movimento Soajeiro Independente desta vez não vão a votos.

Eis as listas de candidatos à Assembleia de Freguesia de Soajo:

. PS – Américo Peixoto, Ana Lage, Rui Araújo, Rosalina Araújo, Albino Enes, Vítor Covelo, Diana Domingues, Manuel Morgado Couto e Sara Pedro.

Suplentes – Daniel Rodas Couto, José António Gomes, Filipa Correia, Pedro Araújo e Sandra Enes.

 

. PSD – Alexandre Gomes, Ivo Baptista, Jacqueline Fidalgo, António Cerqueira, António Barreira Gomes, Estrela Ribeiro, João Gomes Pereira, Márcio Carvalho e Rosa Maria Costa.

Suplentes – João Luís Neto, Sandra Marina Lopes, Sandra Pires, Tiago Brito Dias, Maria Helena Gomes, Tatiana Martinho, Manuel Carvalho, Ana Maria Quintas e Alberto Rodrigues.

 

Nota | Por integrar a lista do PS concorrente à Assembleia de Freguesia, Rosalina Araújo não teve qualquer interferência na redação deste artigo.