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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Após dois anos de cancelamentos devido à Covid-19, Soajo recebe, de 22 a 24 de julho, mais uma edição da Feira de Artes e Ofícios Tradicionais (FAOT), cuja abertura está marcada para as 18.00 desta sexta-feira. A organização, que emparceira o Município, a ARDAL, a Junta de Freguesia, a Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo, o Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas e o Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo, vai aliar os petiscos à cultura (de raiz popular) e as tradições à animação, mas as tasquinhas continuarão a ser a grande razão de ser da feira. Fora isso, ­­­­­o principal ponto de interesse desta edição prende-se com a realização de um festival de atividades de natureza, com o intuito de diversificar os pontos de interesse e, assim, adicionar valor ao evento, numa simbiose perfeita entre natureza e lazer, associada à prática de exercício físico, através dos trilhos com recantos cheios de história.

O Largo do Eiró equiparar-se-á a uma pequena “praça de alimentação” para degustação dos sabores típicos da Terra, os quais também podem ser experimentados nos restaurantes da vila soajeira. E nos stands montados no recinto estarão muito bem representados quer o artesanato quer os produtos locais, nomeadamente o mel, a broa, o pão-de-ló, as compotas, os licores, os chás, as ervas aromáticas…

Tendo por base um formato mais dinâmico e menos estático (com o objetivo, por certo, de alargar o tempo de permanência do público visitante), logo no dia de abertura está prevista a realização de um diversificado leque de iniciativas, com uma forte componente de animação turística, a pensar em vários públicos: Caminhos do Pão e Caminhos de Fé (18.00), passeios de charrete (18.00-20.00), batismos a cavalo (18.00-20.00) e visita guiada pelo centro de Soajo (19.00). Mas o ponto alto do primeiro dia é a dramatização da peça “O Juiz de Soajo” (pelas 21.30), junto ao Pelourinho. Já a animação de cariz musical estará a cargo dos cantadores Leiras de Soajo e Carminda dos Arcos (19.00), para lá dos “Sons do Minho” (22.30).

No sábado, depois da abertura da feira, marcada para as 15.00, sobem a primeira plano o entretenimento com a música de Hugo Costa & Ricardo Rocha (16.00); a apanha do potro (19.00), num campo próximo do cemitério; e o encontro de rusgas populares (22.30). Em paralelo, desenrolar-se-á o festival de atividades de natureza tendo como atrações um passeio de jipe pela serra de Soajo (pelas 16.00) e uma caminhada noturna para observação de estrelas (20.30).

O domingo promete uma jornada virada para as tradições da Terra: malhada de milho (15.00), na Eira do Penedo; desfile etnográfico entre a Casa do Povo e o Largo do Eiró (16.00); e festival folclórico com os ranchos das Camponesas da Vila de Soajo, de Vilarinho das Quartas (Soajo), de Eiras e de Rio Frio, a partir das 16.30, na sala de visitas de Soajo (Largo do Eiró). Em complemento realizar-se-á o programa adstrito ao festival de atividades de natureza.

Apesar de continuarem suprimidos desta edição os concursos de mel, broa e vinho (pouco concorridos enquanto existiram devido aos prémios pouco apelativos quando comparados com os lucrativos concursos de gado que prolifera(va)m pelo concelho) e de não estarem previstas demonstrações artísticas ao vivo, o programa, apesar disso, contém vários “ingredientes” para fazer crescer a FAOT na escala de valor e, com isso, gerar bom rendimento para os expositores que dão vida aos produtos e ofícios tradicionais, em estreita relação com a animação turística e as manifestações genuínas de cultura popular.

Mas, segundo relatam vários soajeiros, não basta expor e ter comes e bebes nas tasquinhas, era necessário dar mais ênfase ao fazer, experimentar, demonstrar e divulgar o que Soajo tem de melhor, sob uma perspetiva de diferenciação. Há marcas na Terra que podiam permitir uma outra abordagem, com a finalidade de as potenciar. Dos saberes às recriações, das raças autóctones aos produtos da endogenia, das lagoas à serra, do casario ao monumental conjunto de espigueiros, dos trilhos às paisagens deslumbrantes, dos usos e costumes, quase mais nenhuma terra tem tanto para oferecer como Soajo…

Reunida, no passado dia 26 de junho, a Assembleia de Freguesia de Soajo aprovou, por maioria, com seis votos a favor (PSD) e três abstenções (PS), o Relatório de Contas de 2021. Também foi aprovada a alteração ao Plano Plurianual de Investimentos (PPI) e Orçamento de 2022, ano para o qual transitou do exercício anterior um valor de 55 mil euros.

No início dos trabalhos, os presidentes da Assembleia e da Junta, António Cerqueira e Alexandre Gomes, respetivamente, sem justificações substantivas, fizeram um público pedido de desculpas por a Assembleia de abril só se ter realizado às portas de julho.

 

Relatório de Contas

Com a abstenção dos socialistas Albino Enes, Vítor Covelo e Diana Domingues (que, nesta sessão, substituíram os efetivos Ana Lage, Rui Araújo e Rosalina Araújo, todos indisponíveis, ou por doença ou por razões profissionais), foi aprovado, por maioria, o Relatório relativo ao exercício de 2021, com votos a favor dos vogais da maioria social-democrata António Cerqueira, João Gomes Pereira, Estrela Ribeiro, António Barreira Gomes, Márcio Carvalho e Rosa Maria Costa. Os vogais da oposição justificaram a sua posição com o facto de “não terem um conhecimento cabal do documento”, considerando, apesar disso, a abstenção “um voto de confiança” no trabalho do executivo.

Na apresentação do Relatório de Atividades e Conta de gerência de 2021, o secretário da Junta referiu que “as receitas, na sua grande maioria, foram obtidas pelo executivo anterior, tal como as despesas foram da sua responsabilidade, visto que nós só entrámos em outubro, sendo, por isso, um pouco ingrato para nós estarmos a apresentar receitas que não obtivemos e despesas que não fizemos”, começou por dizer Ivo Baptista, que explicou a origem das receitas da Junta.

“Grande parte do volume de receita provém do Fundo de Financiamento de Freguesias (FFF), ‘bolo’ que praticamente alimenta a Junta, o excedente do FFF é a transferência da competência adstrita à limpeza de bermas e de valetas, [competência] que nós transferimos para os Baldios. A isso acresce um protocolo de 30 mil euros que a Câmara celebra com a Junta, este é um ponto que não nos agrada nada, a distribuição igualitária pelas freguesias está a prejudicar muito Soajo”, criticou Ivo Baptista.

Por seu lado, a despesa repartiu-se por conservação e manutenção de ruas e espaços públicos (27 mil euros), reparações diversas (3 mil euros), investimento em viação rural, leia-se, pavimentação de caminhos (60 mil euros), despesas com arruamentos e obras complementares (52 mil euros).

Segundo Ivo Baptista, “a maior dificuldade nestes meses de administração da Junta foi gerir 3 ou 6 mil euros que foram entrando nos cofres da Junta de três em três meses, uma vez que, devido à não aprovação do Orçamento do Estado (OE), os cerca de 60 mil euros de FFF, que é praticamente o dinheiro que a autarquia gere, não entraram de uma vez só nos cofres da Junta. Agora, sanado o impasse político, e com o ‘bolo’ a que Soajo tem direito perto de entrar na conta, será muito mais fácil trabalhar com 60 mil euros (a pronto) do que receber o dinheiro a conta-gotas”, reforçou o secretário da Junta, para quem “até há pouco tempo, era difícil trabalhar sob aquelas condições, tendo em consideração todas as despesas que a autarquia tinha (tem)”.

“Nós não temos culpa, ninguém tem culpa, o Governo também não, não foi o Governo que se meteu nesta embrulhada”, ressalvou Ivo Baptista, na esperança de que, com a aprovação do OE, a verba do “FFF chegue toda de uma vez para podermos trabalhar com melhores condições, realizando obras”.

Na dialética política que se seguiu, sempre em tom cordato, o vogal Vítor Covelo questionou o executivo sobre as taxas de permanência das autocaravanas no recinto do Campo da Feira e quis saber se o atraso na discussão/aprovação das contas pela Assembleia de Freguesia não podia vir a ter consequências para o funcionamento da Junta.

Apontando para o relatório de gestão, o secretário da Junta confirmou aquilo que já era do domínio público: “não existiram receitas de autocaravanismo, temos de pensar nesta matéria, assim como na questão dos feirantes, cada vez há menos. Se continuarmos a cobrar uma taxa pela ocupação do terrado, a maior parte dos feirantes vai desistir e deixar de vir à feira de Soajo”, vaticinou o vogal da Junta.

A respeito ainda das taxas, Ivo Baptista recordou que, “como ficou definido na Assembleia de Freguesia anterior, essa será uma decisão a tomar em conjunto com todos os deputados, incluindo os do PS, mas, infelizmente, não tem sido fácil conjugar a disponibilidade de todos, de qualquer modo, fica, aqui, a promessa de que antes da próxima Assembleia de Freguesia vamos ter de nos juntar todos para definir as respetivas taxas. A questão das taxas será, portanto, um ponto para discutir e votar na próxima Assembleia”, antecipou o secretário da Junta que, em resposta a Vítor Covelo, afastou qualquer cenário penalizador para a autarquia por causa do atraso na aprovação do Relatório de Contas.

Por seu turno, o deputado Albino Enes constatou a exiguidade da verba que Soajo recebeu em 2021 por conta do IMI (3267,20 euros), “valor que corresponde apenas a uma parte dos impostos que os soajeiros pagam, quando o montante arrecadado pelo Município devia ser entregue a Soajo na sua totalidade. Estamos a pagar para valorizar as casas dos Arcos, acho isto injusto”, alegou o vogal do PS, opinião corroborada pelo social-democrata Ivo Baptista.

“Este imposto é pago à Câmara e uma percentagem é transferida para a Junta. Também acho que a Câmara recebe um ‘bolo’ muito grande. Apensas uma pequena parte do dinheiro chega a Soajo, a atentamos ainda ao facto de Soajo ter o território que tem, estando englobado em área do PN. Além disso a Câmara ainda tem o poder de votar o Plano Diretor Municipal (PDM) e escolher as zonas de construção. São tudo batalhas que são votadas pela Assembleia Municipal. Dentro do que a lei permite, tudo faremos para tentar inverter a atual situação”, prometeu Ivo Baptista.

 

Alteração ao Orçamento e PPI  

Para englobar o excedente de 2021, exercício em que transitou um total de 55 mil euros, procedeu-se a uma alteração ao Orçamento de modo a incluir nas contas de 2022 o referido montante, que soma ao Orçamento para o ano em curso. “Ainda bem que, quando entrámos, as contas não estavam a zero”, congratulou-se Ivo Baptista.

Na discussão sobre este ponto, o executivo prestou esclarecimentos sobre o facto de a Junta já ter um elemento em exercício de funções a meio tempo.

“O Estado autoriza que as juntas tenham um elemento a meio tempo recebendo a respetiva compensação por isso. Atenção que da conta da Junta não sai 1 cêntimo deste dinheiro, a verba para remunerar este cargo é depositada pelo Estado na Junta de Freguesia e, depois, a autarquia faz o pagamento”, disse Ivo Baptista.

“Tendo em conta as circunstâncias, […] optámos que fosse a Jaqueline a exercer o cargo em regime de meio tempo. Neste momento, tanto eu como a Jaqueline estamos a tirar a sexta-feira, dia em que não vamos trabalhar, para ficarmos na Junta. Se descontarmos os quatro ou cinco dias que tiramos por mês, que equivalem aos 200 e tal euros que recebemos de compensação, acho justo que alguém fique englobado neste meio tempo, cujo exercício entrou em vigor no passado mês de maio”, comunicou o secretário da Junta, não tendo ficado claro se a função está a ser efetiva e presencialmente exercida.

 

***

No período em que, no estrito cumprimento do regimento, os vogais da Assembleia de Freguesia questionaram o executivo, foram suscitadas variadíssimas questões sobre diferentes matérias, que se apresentam a seguir, de modo resumido.

Rede viária

Vítor Covelo defendeu que “a segurança dos cidadãos tem de estar à frente de tudo”, fazendo “votos que, neste novo ciclo político, se façam algumas obras, como na estrada da Várzea, que apresenta, hoje, um declive de dezenas de metros sem qualquer proteção”.

Para o vogal do PS, “mais tarde ou mais cedo, vai acontecer algum acidente, parece que estamos à espera que isso aconteça, temos de fazer diligências para colocar, quanto antes, os rails na estrada da Várzea”.

Em prol da segurança do povo, o deputado do PS solicitou, igualmente, o arranjo da estrada de Vilar de Suente, povoação que, “ao não ter acesso alternativo, corre perigo sempre que houver incêndios como já aconteceu no passado”.

Por outro lado, segundo Covelo, “em grande parte do trajeto da estrada do Mezio, não há sinalização horizontal, lamentavelmente, a pintura das linhas está a ser feita a conta-gotas. A Câmara tem de se preocupar com a nossa segurança e, neste aspeto, o Município está a falhar”, advogou o deputado de Vilarinho das Quartas.

Na resposta, o presidente da Junta frisou que, em relação à estrada da Várzea, “o assunto já foi falado com quem de direito, estamos a aguardar, temos feito pressão, mas esta é uma obra que não depende só da Junta”, ressalvou Alexandre Gomes que, a propósito do reclamado acesso a Vilar de Suente, num local próximo do cemitério, assegurou que o mesmo “também já foi objeto de discussão”.

Quanto às linhas da estrada, “é verdade que elas estão a ser feitas aos poucos, vamos esperar que as coisas melhorem, mas tal não depende só da Câmara, trata-se de uma Estrada Nacional”, salvaguardou o autarca social-democrata que preside a Junta soajeira.

 

Casas de banho em Vilarinho das Quartas

O PS questionou o executivo sobre se “a Junta já exerceu alguma pressão acerca da entidade responsável pelas casas de banho em Vilarinho das Quartas, as quais devem ser disponibilizadas tanto aos residentes como aos turistas, é para isso que elas lá estão”, defendeu Vítor Covelo.

O presidente da Junta garantiu que “já foram efetuadas diligências com o objetivo de colocar ao dispor da comunidade as casas de banho, só que alguém tem de as abrir e fechar, sugiro que seja a Associação a fazer esse trabalho”, propôs Alexandre Gomes.

 

Atlas da Geodiversidade

O vogal Vítor Covelo perguntou se “a Junta dedicou algum tempo à leitura do livro Atlas da Geodiversidade” e se a mesma ia “tomar alguma posição acerca do que lá está escrito, dado que a serra de Soajo foi completamente esquecida”na obra que tem a chancela da Câmara.

O presidente da Junta não fugiu à questão. “A respeito do livro, já não podemos fazer grande coisa, está escrito, a não ser que se faça um novo…Quanto ao resto, foi promovida uma reunião sobre essa matéria, não estamos de acordo com a nomenclatura usada, por isso é que já se criou uma comissão para lutar pelo nome da serra de Soajo”.  

 

Propostas da oposição

Sob iniciativa de Albino Enes, foram apresentadas várias recomendações ao executivo, a seguir sintetizadas: “aumentar a frequência das reuniões de trabalho entre os eleitos (as quais devem ser mais informais e menos formais)”; “remover os cabos telefónicos desativados para minimizar o impacto visual, sendo que o ideal seria fazer a sua travessia através do subsolo, mas a curto prazo isso não é possível, dados os custos económicos inerentes”; “criar um plano com prioridades para ver se há disponibilidade para comprar terrenos com o intuito de criar mais lugares de estacionamento”; “criar um parque de campismo/autocaravanismo, uma mais-valia para a terra, porque ia gerar emprego e criar receitas, desde que o mesmo fosse bem gerido e divulgado”; “sensibilizar e distribuir sacos pelos feirantes para acondicionamento do lixo”; “criar um percurso histórico-interpretativo (edifício onde funcionou o tribunal, edifício municipal, casa do regedor…), é um projeto que não seria oneroso, desde já me voluntario para reunir informação, delinear o percurso e colaborar no que for preciso”, sugeriu Enes, que alertou ainda o executivo para a necessidade de “uniformizar/padronizar os sinais de informação tanto no comércio como no centro histórico”; de “intervir na Fonte do Souto e no Miradouro dos Cruzeiros, que, dado o mau estado de segurança das ampares, apresenta um risco iminente de acidente, além disso, merece mais asseio, pois tem um espaço envolvente de excelência, onde sobressaem os espigueiros, é, portanto, uma mais-valia turística subaproveitada e que está votada ao abandono”, lamentou.

Na resposta, o presidente da Junta sublinhou que “a Fonte do Souto não está esquecida, brevemente serão executadas lá obras, quanto ao Miradouro dos Cruzeiros, de que já se falou em reunião anterior, também será objeto de intervenção. Por fim, há todo o interesse que a sinalização e a publicidade dos comércios sejam padronizadas”, reconheceu Alexandre Gomes.

 

ETAR e estação elevatória

Albino Enes quis saber “quanto mais tempo vai levar a reparar a anomalia na estação de tratamento de águas residuais, pois, apesar dos alertas recorrentes, continua a haver o problema das descargas e dos maus cheiros. Relativamente à estação elevatória próxima do Poço Negro, no passado cheguei a assistir aos despejos de águas negras por um tubo diretamente para a corga, indo desembocar no rio. Hoje, mais do que nunca, temos de proteger o ambiente e salvaguardar a imagem turística da freguesia”, vincou o vogal eleito nas listas do PS.

Em reação, o presidente da Junta garantiu que “foram feitas obras recentemente na ETAR, que está a funcionar bem agora. Em relação à estação elevatória, de facto há lá um problema, não nos queremos desculpar, pois nada justifica o despejo de resíduos para o rio”, admitiu Alexandre Gomes, que elogiou a “excelente ideia do percurso histórico-interpretativo” lançada por Albino Enes.

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Assuntos de interesse da freguesia

No ponto destinado aos interesses da freguesia, o autarca Alexandre Gomes frisou que a prioridade da Junta é “a criação de parques de estacionamento, estamos a tentar negociar o terreno da Laranjeira, para tirar os carros do Largo do Eiró e para que os moradores dos Cruzeiros não tenham de estacionar no Campo da Feira, pois acho que este fica muito longe. Tentaremos baixar os valores pedidos, mas a aquisição do terreno e as respetivas obras não ficarão por menos de 70 mil euros. O Município está disponível para ajudar, mas o financiamento nunca será total”, notou o presidente da Junta.

Sobre o assunto em apreço, Vítor Covelo sugeriu ao executivo que a “estratégia tem de passar por pensar na solução toda, ou tiramos o trânsito no Eiró ou abrimos o estacionamento para os turistas, por isso é fundamental vedar a entrada do Eiró, […] se fizermos o parque de estacionamento em cima apenas vamos criar parque para os moradores porque os turistas vão continuar a estacionar no Eiró. Repito: quando pensarem neste problema, pensem na solução toda, e vejam a melhor maneira de os carros não entrarem no Eiró a não serem os dos residentes”, alertou.

Para esse efeito Vítor Covelo recomendou “a colocação de um pórtico de elevação à entrada do Eiró, bem como a entrega de um chip aos residentes e aos fornecedores do comércio – como se vê em muitas cidades –, esta não é uma solução onerosa e a mesma resolveria o acesso ao parque de cima, ao mesmo tempo que desobstruiria o Eiró”.

A respeito do estacionamento no Largo do Eiró, apesar da sinalética de proibição, Alexandre Gomes alegou que, “se a Junta quiser, a Guarda passa aqui diariamente, só que a autarquia não quer fazer isso, para evitar a aplicação de coimas”.

Com visão distinta, o presidente da Mesa da Assembleia disse não concordar com esta atuação condescendente. “Se há possibilidade de a Guarda aqui passar todos os dias, eu estou a favor que se chamem as autoridades e, quem tiver o carro ilegalmente estacionado, seja quem for, tem de arcar com as consequências”, sustentou António Cerqueira.

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Período destinado ao público

A respeito do assunto suscitado, Manuel Araújo defendeu que “a Junta tem de mandar vir a GNR para que esta multe os transgressores. A Junta de Freguesia é culpada pela atual situação, a autarquia pode e deve agir para fazer cumprir a lei, manda vir a GNR e esta atua, não podemos ser amigos de toda a gente, quem está numa Junta de Freguesia tem amigos e inimigos. E se cumprir a lei tem mais amigos do que inimigos”, retorquiu Manuel “Leiras”.

O mesmo cidadão exortou a Junta a avisar com antecedência a realização da feira mensal para evitar o “estacionamento indevido de carros por esquecimento dos condutores” e lamentou que “os autocaravanistas ocupem o espaço dos feirantes, que ainda por cima pagam o terrado, e “esta é a razão por que a feira está a morrer”.

O presidente da Junta confirmou que “a Junta não está a ter qualquer benefício com o estacionamento dos autocaravanistas, […] pois não estamos a cobrar nada, para isso, tínhamos de lá ter um funcionário poliglota e a tempo inteiro – e nós não temos condições para termos um funcionário em permanência a tomar conta das autocaravanas. O único benefício é que os autocaravanistas fazem alguns gastos no comércio”, salientou Alexandre Gomes.

Mas, na ótica do secretário da Junta, “o mais grave não são os autocaravanistas parqueados no Campo da Feira, mas sim os que estão no parque fronteiro ao Poço das Mantas, estes é que não nos trazem vantagem nenhuma, ao contrário dos que estão no recinto do Largo da Feira, que frequentam e fazem despesa no comércio, acho que é importante para Soajo ter turistas no centro”, preconizou Ivo Baptista.

Na sua interpelação, Américo Peixoto disse ter informações de que o Relatório de Contas de 2021 foi entregue, a 30 de abril, no Tribunal de Contas, mas o secretário da Junta, Ivo Baptista, garantiu que o documento oficial (“e não o resumo ou o rascunho”) só seria entregue depois de o mesmo ser aprovado, como foi na Assembleia de 26 de junho, e com as devidas assinaturas.

Em relação ao Atlas da Geodiversidade, Américo Peixto foi taxativo. “O presidente da Junta disse uma coisa muito importante, ‘nós já não podemos recuar naquilo que está escrito’, mas vai ser inaugurado no dia 15 de agosto o Centro Interpretativo e Etnográfico e nós não sabemos o que lá está. Depois, vamos dizer ‘aquilo já está feito e já não podemos mexer naquilo’, é apenas um alerta. Ninguém de Soajo sabe o que está no museu, nem sequer sabe onde é que está o espólio da Junta (incluindo balanças) que se encontrava no piso de baixo”, acusou.

Na mesma toada, Américo Peixoto mostrou-se inconformado para “inércia” do executivo. “Eu faço tudo por Soajo, mas há coisas que estão a passar do limite, basta enumerar as fontes que não têm água potável (nem sequer contêm informação sobre o estado da mesma), a falta de iluminação em Bairros, as placas de sinalização em Bairros (umas estão partidas, outras danificadas ou gastas)… E estou a falar só de Bairros”, atirou Peixoto, para quem “os caminhos são outro problema, o mesmo acontece em relação aos animais, matéria sobre a qual, segundo parece, há diversas ilegalidades, estamos a chegar ao cúmulo, não estou aqui para ser o problema, estou aqui para resolver problemas, mas as verdades são para ser ditas aqui”, justificou.

A uma questão de Américo Peixoto sobre a recém-criada comissão para defesa do nome da serra de Soajo, Ivo Baptista esclareceu que “a associação já está fundada e registada, só falta escolher a Direção. A comissão será constituída por dois elementos dos órgãos autárquicos de Soajo, eu e Rui Araújo. Resta apenas escolher o resto dos sócios fundadores e eleger uma Direção. A partir desse momento todas as pessoas que se queiram juntar serão bem-vindas”, disse o secretário da Junta.

Na sua longa intervenção, Américo Peixoto considerou ainda que “a apresentação do Relatório de Contas devia estar a cargo da tesoureira, Jaqueline Fidalgo, já que o secretário está incumbido de outras funções”. Em resposta, a visada alegou que “não tinha o curso de Gestão, pedindo à Mesa para “se passar à frente”.

Por fim, Peixoto denunciou que a realização de “duas reuniões no mesmo dia é uma situação ilegal, tal como foi comentado na Assembleia Municipal [realizada na antevéspera em Soajo], para tal basta que um dos vogais do PS queira impugnar esta reunião”.  

Por seu lado, Filipa Correia solicitou que a Junta e outras entidades se empenhassem mais na salvaguarda da segurança das crianças que participam em passeios escolares, alegando haver situações a rever em matéria de transportes.

A mesma cidadã lamentou o défice de assistentes operacionais na Escola Básica Eira do Penedo/Jardim-de-Infância, por esse motivo, “os pais fizeram um abaixo-assinado para manifestar desconhecimento, sendo que estes profissionais não fazem as pausas a que têm direito, porque, caso contrário, estariam a sobrecarregar outros funcionários. Esperemos que no próximo ano letivo a situação seja revista”, exortou.

Para finalizar, Filipa Correia defendeu que a escola pré-primária de Soajo devia estar aberta nos meses de julho e agosto, tal como sucede com todos os infantários do concelho, “pois tem de haver o mesmo tratamento para todos”. Segundo esta mãe, “a escola pré-primária é uma estrutura muito importante, pela qual temos todos de lutar, e que pode ajudar à fixação de pessoas em Soajo, mas se continuarmos a perder serviços, ou se estes tiverem menos qualidade, o mais certo é que as pessoas se mudem para outro lado”, alertou Filipa Correia.

O presidente da Junta prometeu, dentro das competências adstritas à autarquia, pressionar as entidades competentes em prol das causas suscitadas.