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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Com alguns dias de “atraso”, cumpriu-se a tradição. A Casa do Povo da Vila de Soajo realizou o tradicional convívio de S. João no dia 28 de junho (e não no dia 23), para fazer coincidir os festejos com a efeméride do 70.º aniversário sobre a inauguração da prestimosa associação equiparada a IPSS, que conta com um rico historial de serviços prestados à comunidade. 

Como de costume, o ponto alto do encontro sanjoanino foi a degustação de sardinhas, fêveras e barriguinhas, pitéus acompanhados de broa, vinho e caldo-verde.

Os tocadores de concertina e o bailarico levaram a animação ao terreiro da Casa do Povo, onde se juntaram mais de cem pessoas.

O Município fez-se representar pelo edil João Manuel Esteves e pela vereadora do Associativismo, Emília Cerdeira. 

Reunida, no passado dia 27 de junho, a Assembleia de Freguesia de Soajo aprovou, por unanimidade, a atualização do protocolo de apoio financeiro a transferir pela Câmara para a Junta de Soajo. Mas a polémica da remuneração a meio tempo auferida por elemento da Junta de Freguesia, sem que o cargo tivesse sido efetivamente desempenhado, subiu a primeiro plano nesta sessão em que o executivo foi criticado por “falta de dinamismo e de ideias”.

No arranque dos trabalhos, o secretário da Junta informou que “o Município decidiu aumentar, em 7,5%, os valores a protocolar com as juntas de freguesia por conta de obras e limpezas no ano em curso. Como este aumento não estava previsto na altura da votação do Orçamento para 2023, a alteração tem de ser discutida e votada nesta Assembleia, pelo que é importante que os senhores deputados votem a favor, não é que seja muito dinheiro, mas todo ele é bem-vindo”, sublinhou Ivo Baptista.

Em conformidade, os eleitos da maioria social-democrata e da oposição socialista votaram a favor do protocolo municipal no valor de 58 628 euros. A ajuda municipal destina-se, maioritariamente, a custear obras de beneficiação no Caminho das Minas, lugar de Cunhas, no montante de 10 mil euros; no Caminho das Barreiras, Adrão, no valor de 5 mil euros; e no cemitério de Paradela, no montante de 25 mil euros. Os restantes 18 628 euros serão aplicados na operação de limpeza da rede viária vicinal.

Nesta sessão, pouco concorrida, o órgão deliberativo autorizou, por unanimidade, o executivo a fazer as diligências necessárias com vista à revisão dos limites territoriais da freguesia, consagrando, para o efeito, uma despesa extra. Na circunstância, o secretário da Junta referiu que, “por ocasião da aprovação do Orçamento para 2023, não foi alocada qualquer verba na rubrica de ‘despesa’ em relação à iniciativa de alterar os limites da freguesia, quando, na verdade, nós vamos precisar de contratar um advogado, com custos daí inerentes. Para defendermos os interesses da nossa terra, e uma vez que a Associação recém-constituída não está contente com os limites da nossa freguesia, ser tomadas medidas, muito em breve”, assegurou Ivo Baptista.

Sem obstaculizar a estratégia a empreender pela Associação, a deputada Rosalina Araújo reclamou, porém, uma maior interação com a população. “[Mesmo que não se abra o jogo todo], acho que a Associação deve começar a sair do casulo e auscultar a população, apresentando publicamente as grandes linhas de ação, porque urge aproximar a Associação do movimento popular, já que a união é fundamental para as lutas que se avizinham”, justificou a deputada do PS.

No ponto relativo aos “assuntos de interesse para a freguesia”, o presidente da Junta, Alexandre Gomes, do PSD, comunicou que está em curso o processo de “numeração das sepulturas nos vários cemitérios de Soajo, algo que já devia estar feito”. Posteriormente, será feita a organização dos cemitérios, através da “emissão de alvarás”, com concessão de parcela ao titular da respetiva sepultura.

Na dialética política que dominou o debate, a oposição solicitou “esclarecimentos" em relação ao regime de meio tempo.  “Qual foi o período em que esse regime vigorou, porque é que a função não foi exercida, quem recebeu os valores, quanto foi o valor recebido e quais são as consequências políticas que a Junta retira relativamente a esta trapalhada?”, questionou Rosalina Araújo, acrescentando “ser triste constatar que um elemento da Junta mentiu a esta Assembleia, não acredito que o tenha feito de modo intencional, mas por desconhecimento”, ressalvou.

Em resposta, o secretário da Junta explicou que, acerca da polémica levantada, “o executivo fez o pedido para que a tesoureira fosse abrangida por este regime (prevendo 600 euros por mês), entretanto, a Jaqueline Fidalgo falou com a patroa e ambas chegaram à conclusão de que não seria possível continuar neste regime. Nesta circunstância, a Jaqueline solicitou ao contabilista o cancelamento do regime. Era esta a informação que eu tinha na reunião anterior. Mas, segundo o contabilista, à luz da lei, este regime de meio tempo não pode ser cancelado a qualquer altura, o período de vigência decorre sempre até 31 de dezembro do respetivo ano civil, ou seja, a Jaqueline continuou a receber este dinheiro durante mais alguns meses, porque o contrato não podia caducar antes desse prazo. Chegados aqui, reconheço que, na última reunião, dei uma informação errada, não pretendia mentir, por isso, estou, aqui, hoje [27 de junho], para retificar a informação que não estava correta”, penitenciou-se Ivo Baptista.

Na contra-argumentação, a oposição, através de Rosalina Araújo, sublinhou que “a falha de maior gravidade, no meio disto tudo, é que a função em causa não foi cumprida entre maio e agosto, período durante o qual este serviço, apesar de remunerado, não foi colocado à disposição dos fregueses. Perante os factos, e não tendo a função sido cumprida, há o cometimento de peculato, porque há recebimento indevido por um cargo não desempenhado. Por outro lado, noto que, durante oito meses, o executivo não informou esta Assembleia de que o meio tempo na prática não existiu, mas o mesmo vigorou na teoria e em termos contabilísticos. Ou seja, há aqui uma omissão em relação à forma como o meio tempo foi cumprido. Daí as perguntas: onde está o valor e que destino vai ser dado a esse dinheiro que foi recebido por um serviço que não foi prestado?”, perguntou a porta-voz do PS.

O secretário da Junta defendeu-se das acusações feitas sobre a polémica de momento. “Em primeiro lugar, nós não omitimos nada! Se essa informação não foi prestada, foi porque ninguém nos questionou sobre isso. Em segundo lugar, posso acrescentar […] que, das 24 freguesias a quem um profissional de contabilidade presta serviço, 22 são abrangidas por este regime de meio tempo, sendo que a maior parte delas o horário de atendimento nas instalações da respetiva autarquia está cingido a uma hora em certo dia da semana. Em face disto, arrisco-me a dizer que, nas freguesias todas do concelho, ninguém trabalha tanto por tão pouco como nós. Reafirmo: podemos não fazer nada de jeito, mas ninguém trabalha tanto por tão pouco como nós. Acrescento que o valor que a tesoureira da Junta recebeu durante meses não foi um valor líquido, ela teve de declarar o dinheiro e pagar x todos os meses à Segurança Social, além disso, a remuneração foi englobada no IRS – a Jaqueline teve de pagar uma paulada de IRS do bolso dela”, contra-argumentou Ivo Baptista, sugerindo que a requerente movesse, caso fosse esse o entendimento, uma “queixa na esquadra da GNR dos Arcos”.

No pingue-pongue que dominou o debate, a deputada do PS rebateu, ironicamente, as alegações do secretário. “O executivo da Junta de Soajo trabalha muito por tão pouco, está tudo dito! Mas, na verdade, é preciso fazer muito mais. E citando as palavras que Luísa Cunha proferiu numa das Assembleia mais concorridas, sou também de opinião que ‘é triste, estamos bastante desiludidos, não há dinamismo, não há ideias’ e, ao invés, o secretário ainda acha que o executivo trabalha muito por tão pouco”.

Também as senhas de presença subiram a primeiro plano nos trabalhos da Assembleia de Freguesia. “As senhas constam como pagas nas contas de 2022, só que nenhum dos deputados da oposição e da maioria as recebeu, apesar disso, a rubrica aparece como paga, quando não foi o caso”, sustentou Rosalina Araújo.

O presidente e o secretário da Junta admitiram “assistir razão” à queixosa. “É verdade que o valor não foi pago em virtude de ter havido um atraso. Procederemos ao pagamento, por transferência bancária ou por cheque, nos próximos dias”, garantiu Ivo Baptista, refutando, no entanto, a crítica de “falta de transparência” no processo.

Entretanto, a oposição pretendeu, igualmente, fazer o ponto da situação sobre:

. “a colocação de amparas nas Barreiras” – “Já contactámos vários serralheiros, o Ivo acompanhou um deles para dar orçamento em relação a vários sítios, mas não houve manifestação de interesse”, informou o presidente da Junta;

. “a sinalização horizontal na estrada entre a zona de Reigada até aos vários lugares da freguesia”; . “a Fonte do Poço, que nunca secou na vida, mas arrisca secar este verão, porque nela jorra apenas um pequeno fio de água” – “Está previsto fazer uma intervenção, a mesma consiste em tirar uma pedra para não se mexer no socalco todo, a fim de averiguar o problema existente na mina”, comunicou Alexandre Gomes;

. “a Fonte do Souto da Vila, que continua uma lástima, isto quando a água é o nosso bem mais precioso” – “Esta fonte carece de uma intervenção mais aturada, porque é preciso deitar abaixo o socalco, tirar a cobertura do tanque e fazer uma nova”, adiantou o presidente da Junta;

. “a Fonte de Ganão, que, pelo visto, tem lá uma mangueira posta por alguém que se lembrou que é mais dono do que todos nós que somos donos de uma fonte pública”.

No período em que, no estrito cumprimento do regimento, os vogais com assento no órgão deliberativo questionaram o executivo, Rosalina Araújo fez, ainda, um sublinhado especial para a Convocatória (Edital) da presente Assembleia de Freguesia colocada no edifício da Junta, na qual consta a data (errada) de 28 de junho (às 19.00), em vez do dia 27”.

“Deve haver mais responsabilidade, senhor presidente da Mesa da Assembleia, e quando as sugestões são boas, venham elas de onde vierem, devemos aceitar os contributos. O deputado Rui Araújo deu um bom contributo para a elaboração da convocatória, mas o mesmo caiu em saco roto, por isso é que ‘os assuntos de interesse para a freguesia’ são relegados para o quarto ponto, quando esta matéria devia ser o segundo ponto da Ordem de Trabalhos”, defendeu Rosalina Araújo.

Em resposta, o presidente da Mesa da Assembleia pediu “desculpa pelo lapso”.

A mesma deputada do PS notou que, na senda de reuniões anteriores, a “presente sessão está a ser gravada por um telemóvel privado, apesar de a Assembleia de Freguesia já ter deliberado a aquisição de um gravador para fazer a respetiva gravação oficial, pois a que está a ser feita não tem, legalmente, valor nenhum”, atalhou Rosalina Araújo.

Noutro plano, a mesma deputada alertou que “o muro que ladeia o Caminho da Laranjeira está armadilhado com cacos e pedras afiadas, lá colocados pelo respetivo proprietário, para que os carros não batam nele. Por causa desta tropelia, um automóvel de dimensões maiores que se encoste ao muro fica riscado de um lado ao outro. Na falta de bom senso, compete à Junta de Freguesia avisar o infrator no sentido de remover de lá os cacos e caquinhos”.

Por seu lado, o deputado Vítor Covelo exortou a Junta de Freguesia a “fazer uma melhor divulgação das atividades realizadas em parceria com outras instituições com o intuito de aproximar as pessoas”.

Sob outro ângulo, o depoente eleito nas listas do PS levantou, de novo, “a questão da possibilidade de executar um segundo acesso a Vilar de Suente, porque, em caso de incêndio, o socorro pode estar em causa e a população ficará, uma vez mais, deixada à sua sorte”. Uma outra questão suscitada por Vítor Covelo prendeu-se com a “estrada das Sedas, que já não é considerada uma branda, e, por este motivo, compete à Junta beneficiar a calçada, uma vez que a degradação é de tal ordem que os carros ficam todos danificados”.

Por fim, o deputado de Vilarinho das Quartas lamentou que “a freguesia de Soajo não esteja a participar em nenhuma das atividades organizadas pela Câmara, casos da Rainha das Vindimas e das Marchas de S. João. De alguns anos a esta parte, as iniciativas organizadas em Soajo estão unicamente a cargo das associações ou dos cafés, quando não tem de ser assim, aliás, eu não sou obrigado a ir a um café para assistir a uma atividade na minha freguesia. Revejam-se no exemplo de Pitões das Júnias [pertencente ao concelho de Montalegre], uma freguesia pequenina, com menos residentes do que nós, mas com uma oferta cultural muito maior do que a nossa. Porquê? Porque há esforço e união das pessoas para que haja atividades”, explicou Vítor Covelo, reclamando “mais vida e dinamismo por parte da Junta de Freguesia para pojetar Soajo”.

“Temos de fazer uma aposta clara na cultura e no desporto – para os jovens só há um parque infantil. Faltam dois anos para terminar o mandato, vocês ainda vão a tempo de deixar uma marca. Não é só fazer obras públicas e caminhos para ganhar votos. Não podemos deixar cair as tradições no esquecimento, há coisas simples, como o carreto de estrume, que se podem fazer com pouco dinheiro. Temos de recolocar o nome de Soajo no lugar que merece”, encorajou.

Já o deputado Manuel Couto, do PS, suscitou a problemática do lixo no cemitério. “Os bidões [para cera] estão lá, mas o lixo está sempre espalhado. Sou de opinião que devia ser colocado um contentor normal no exterior, ao fundo do cemitério, para facilitar a recolha do camião”, sugeriu.

Mas, segundo o presidente da Junta, “o problema não reside no contentor, o cerne da questão está na falta de civismo das pessoas. Se colocarmos um contentor num sítio mais ou menos escondido, sabemos o que vai ser lá depositado, animais mortos, por exemplo. E aí teremos mais um problema à porta do cemitério”, vaticina Alexandre Gomes.

Por fim, no período destinado ao público, o cidadão Virgílio Araújo referiu que, “no Caminho do Pereiró, está por colocar um candeeiro no poste de eletricidade”, em tempos custeado pela filha; que “o caixote do lixo na Mina das Aranhas continua uma catástrofe”, e que “os esgotos neste mesmo sítio transbordam há cerca de mês e meio, sendo o cheiro nauseabundo”.

Nas últimas semanas, têm sido recorrentes os ataques de cães a gado ovino e bovino em explorações pecuárias de Soajo. As investidas dos caninos já originaram a morte de ovelhas e até de uma cria de vaca, além de ferimentos em vitelos. Depois de algumas denúncias, a GNR deslocou-se a Soajo para identificar a cuidadora dos cães.

Segundo contaram ao blogue Soajo em Notícia vários produtores de gado, os ataques “começaram na zona da Portelinha e daí estenderam-se a Malvar, Murço, Lajes e Arieiro. Nas primeiras investidas, foram mortas muitas ovelhas, pertença de vários criadores. Em tempos recentes, os cães passaram a atacar também bezerros, inclusive uma cria (de vaca), recém-nascida, foi comida pelos cães”.

“Os prejuízos acumulam-se e só não são maiores porque os produtores pecuários, in extremis, têm dispersado os cães nas explorações e nas imediações dos estábulos. É verdade que uma das produtoras com várias ovelhas mortas foi indemnizada, mas isso não serve de consolo”, alerta um criador.

Para uma queixosa, “a cuidadora dos cães, que está identificada pela GNR, não pode soltar os caninos nem se escudar na desculpa de que os cães, chipados, pertencem ao namorado. Para eliminar o risco de novos ataques, os cães têm de estar presos, porque, caso contrário, continuarão a atacar o gado. E o pior é que os cães já matam por desporto. Por isso, ou passam a ficar presos o tempo todo, ou são encaminhados para um canil”, defende.

“No início dos ataques, a matilha era constituída por três cães, agora, está reduzida a dois, mas isso pouca importa, porque, se a cuidadora continuar a permitir que eles vagueiem pelas explorações, os ataques nunca mais vão parar”, desabafa, desolado, um produtor.

Por seu lado, a cuidadora dos cães visada pelos exploradores de gado assegura que tomou as “diligências necessárias, mantendo a dignidade que as cadelas merecem”.

A Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a minuta do protocolo de apoio financeiro a celebrar com a Junta de Freguesia de Soajo no valor 58 628 euros.

A ajuda municipal destina-se, maioritariamente, a custear obras de beneficiação no Caminho das Minas, lugar de Cunhas, no valor de 10 mil euros; no Caminho das Barreiras, Adrão, no montante de 5 mil euros; e no cemitério de Paradela, no valor de 25 mil euros.

Os restantes 18 628 euros serão aplicados na operação de limpeza da rede viária vicinal.

A Assembleia Municipal, que se vai reunir no próximo dia 30 de junho, discutirá e votará a referida proposta de protocolo.

O Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas comemorou 12 anos de existência no passado domingo, 11 de junho, e festejou a efeméride com a organização do décimo festival de folclore no largo fronteiro à capela do idílico lugar. Além dos aniversariantes, o evento contou com a participação do Grupo de Danças e Cantares ‘As Gamelinhas’ de Palme (Barcelos), do Rancho Folclórico da Correlhã (Ponte de Lima) e do Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo.

No discurso da praxe, o diretor do Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas apontou a novidade preparada para este ano. “Em vez das tradicionais fitas de participação, optámos por fazer algo diferente, porque nós preservamos as nossas tradições e recolhemos aquilo que os nossos antepassados faziam, vestiam e cuidavam… Por isso, a nossa lembrança baseou-se na recolha de uma algibeira feita na freguesia de Soajo, há mais de cem anos, e decidimos fazer a respetiva recriação, com o objetivo de a oferecer, devidamente emoldurada, aos grupos convidados. Nos próximos anos, seguiremos esta linha”, antecipou Ruben Coelho, que chamou ao palco Emília Cerdeira, vereadora do Associativismo, Alexandre Gomes, presidente da Junta de Freguesia de Soajo, padre Custódio Branco, pároco de Soajo, Rui Araújo, em representação dos Baldios de Soajo, e Carla Araújo, em representação da Federação do Folclore Português, para a cerimónia de entrega de lembranças.

Finalizado o ato protocolar, o Rancho anfitrião e os convidados de honra levaram a festa e a alegria ao lugar, onde as “modinhas”, as danças e os cantares tradicionais, alguns dos quais fortemente associados aos trabalhos do campo, estiveram no epicentro das atuações.

Com vários elementos juvenis, o Rancho anfitrião, sob a direção de Ruben Coelho, tem-se notabilizado pela divulgação do folclore em respeito pelas tradições. “O nosso Rancho tem feito um grande trabalho de recolha para preservar e perpetuar no tempo trajes, danças, cantares e demonstrações do que era o trabalho árduo no campo, mantendo a respetiva identidade”, observou o responsável.

A tarde festiva reservou ainda espetáculos, a solo, de Daniel Sousa e Lucas Pina.

No âmbito das comemorações do seu 13.º aniversário, o Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas promove, no próximo domingo, 11 de junho (pelas 15.30), a décima edição do Festival Folclórico. Além do Rancho anfitrião, participarão na festa o Grupo de Danças e Cantares ‘As Gamelinhas’ de Palme (Barcelos), o Rancho Folclórico da Correlhã (Ponte de Lima) e o Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo. 

O Rancho da casa e os convidados de honra levarão a alegria ao largo da referida coletividade, onde as “modinhas”, as danças e os cantares tradicionais, alguns dos quais fortemente associados aos trabalhos do campo, estarão no epicentro do espetáculo.

Depois do festival folclórico, e a solo, Daniel Sousa (19.00) e Lucas Pina (20.30) encerram o dia comemorativo.

Foto | Arquivo

Soajo foi um dos epicentros do II Encontro Internacional da Rede Horrea (organizado pelo Grupo Horrea), que se realizou no mês findo, com a participação de cerca de setenta investigadores dos espigueiros ibéricos. A iniciativa entrecruzou reuniões de trabalho, palestras, exibição de documentários e visitas a locais onde pontificam aglomerados de espigueiros e de canastros de varas, nomeadamente em Soajo, Sistelo, Vilarinho do Souto (Ermelo), Lindoso e Puxedo (Lobios, Galiza).

Esta Rede transfronteiriça Horrea (palavra que significa “espigueiros” em latim), fundada em 2021, é formada por investigadores, associações e centros de investigação dos dois lados da fronteira, e está a trabalhar para candidatar os espigueiros existentes na Península Ibérica a Património Imaterial da UNESCO. O processo com vista ao reconhecimento deste património vernacular arrancou em várias províncias de Espanha (Galiza, Astúrias, Leão, Euskadi, Navarra e Cantábria) e consolidou-se neste II Encontro Internacional da Rede Horrea com a participação de associações e investigadores do norte e centro de Portugal. “O nosso caminho só termina quando chegar a chancela da UNESCO, é por isso que estamos em contacto com associações de outros países onde existe este tipo de património. Será um caminho tortuoso, mas todos juntos, e sob liderança portuguesa, vamos ser bem-sucedidos”, disse, com convicção, Carlos Fernández Coto, presidente da Asociación para a Defensa do Patrimonio Cultural Galego (APATRIGAL), que integrou a organização, em parceria com Fernando Barros (natural do Vale), investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, e Alice Tavares, presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação do Património Urbano.

No ato solene de abertura dos trabalhos foi frisado pela Rede Horrea que “o património associado às estruturas agrícolas está muito relacionado com o cultivo de cereais (milho), matéria-prima do pão”, e, por esse facto, “há, ancestralmente, um vínculo entre o Homem, a paisagem e a arquitetura vernacular, com a transformação do monte agreste em solo agrícola através do engenho humano, em simbiose com construções adaptadas à produção e transformação do milho (socalcos, moinhos, azenhas, eiras, fornos…)”.

Nas várias alocuções que preencheram as jornadas foi realçado que “os espigueiros, com o seu aspeto inconfundível e, ao mesmo tempo, requintado, sugerem poderosas edificações de eras remotas, lembrando ainda pequenas capelas (ou túmulos), embora a sua função seja bem terrena: conservar o milho”.

“O espigueiro era, sobretudo, uma construção funcional para guardar o milho, mas este património também se revestia de um caráter simbólico e artístico. Em Portugal, tal como nas Astúrias, os espigueiros têm cruzes, datações e elementos decorativos nas portas de madeira”, corroboraram Fernando Barros e Fernando Mora, da Asociación del Hórreo Asturiano.

A partir das investigações já realizadas no terreno, a Rede Horrea conclui que a antiguidade dos espigueiros nos dois lados da fronteira é bastante díspar. “Em Portugal, os espigueiros em pedra mais antigos remontam ao século XVIII, mas a maior parte provém do século XIX e muitos já datam do século XX, enquanto isso, nas Astúrias, existem espigueiros em madeira com o dobro da idade, sinal de que há manutenção e uma durabilidade desses elementos muito interessante”, sublinhou o arquiteto Fernando Barros, com diverso trabalho produzido na área da arquitetura popular.

 

Espigueiros classificados no concelho

No concelho arcuense, há três núcleos de espigueiros classificados: o conjunto de 24 espigueiros na Eira do Penedo, na vila de Soajo, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983; o aglomerado existente no lugar de Selim, Couto, classificado como Património de Interesse Municipal; e as estruturas dispersas na aldeia de Sistelo, as quais integram a zona que foi classificada como Paisagem Cultural.

De entre os espigueiros espalhados pelo povoado de Soajo, em redor de paisagens que mais parecem saídas de um bilhete-postal, o exemplar mais antigo data de 1762 e o que mais sobressai pela sua monumentalidade mede 17 metros. Segundo Fernando Barros, autor de um trabalho de inventariação efetuado em julho de 2022, “existem cerca de 120 espigueiros na vila de Soajo e mais de trezentos em toda a freguesia”, mas é na Eira do Penedo, num “afloramento rochoso, em laje nativa de granito”, que se encontra “o agrupamento mais denso de espigueiros da localidade, representando uma das manifestações mais notáveis não só da respetiva tipologia como também da construção popular em geral”.

Além dos espigueiros, o milho era também armazenado em canastros de varas, dos quais, hoje, restam apenas as bases circulares de pedra, como se observa na antiga eira de Vilar de Suente (Soajo), fronteira ao Caminho da Fecha da Veiga, completamente “despida” das estruturas que outrora embelezavam a área.

Em paralelo às conferências, o artesão Armando Carriça, com a ajuda do irmão Manuel e de voluntários, dinamizou uma oficina de construção de canastros de varas, “importante momento de partilha e transmissão de conhecimento desta técnica construtiva a cair em desuso”. Estas estruturas, em “formato cilíndrico”, eram “entrelaçadas com varas (de giesta, salgueiro, castanho, codesso…), podendo ter sete ou oito anos de durabilidade, mas o colmo não ia além dos dois ou três anos de longevidade”. Para o artesão de Aboim da Nóbrega, os canastros de varas eram pertença dos “agricultores mais modestos” e os “últimos exemplares remontam aos anos setenta do século passado”.

Em complemento, o arquiteto Rafael Freitas e os colaboradores espontâneos construíram uma “instalação artística”, em modos de “canastro versão século XXI”, através do reaproveitamento de materiais.

 

Fundamentos para a classificação

Os espigueiros são um património material diverso e em grande número na Península Ibérica. “Há 100 mil espigueiros na Galiza, 20 mil nas Astúrias, 2500 na Cantábria, milhares e milhares de norte a sul de Portugal”, quantificaram Carlos Fernándes Coto, Fernando Mora, Francisco Silió (Asociación Amigos del Hórreo Cántabro-AMHOCAN) e Alice Tavares, respetivamente. “Mas é, obviamente, impossível partir para a classificação de todos os exemplares ou pensar-se numa classificação internacional do ponto de vista do património construído. Daí que tenhamos de valorizar as questões imateriais associadas ao espigueiro. Primeiro, o espigueiro que representa a cultura local ligada ao mundo rural, à subsistência e à economia que era praticada nos respetivos núcleos; segundo, a dimensão artística que está subjacente à decoração das portas; terceiro, o património imaterial que surge ancorado no saber-fazer; quarto, o fenómeno simbólico e identitário através da integração ancestral destes elementos na paisagem, em jardins e na proximidade de casas”, resumiu Fernando Barros. Em sintonia, o galego Xosé María Suárez, professor catedrático de Geografia e História, relevou “o conteúdo imaterial dos espigueiros enquanto elemento central para a sua valorização”.

Além do estudo integrado deste património ancestral de grande importância, a organização do congresso formalizou, nos Arcos, a Rede Horrea, de molde a abranger novos parceiros institucionais e a preparar os próximos passos da elaboração da candidatura à UNESCO das várias tipologias de espigueiros ibéricos.

 

Estado de conservação dos espigueiros

Nos principais núcleos, os espigueiros apresentam-se ainda em bom estado de conservação, principalmente nas eiras onde a pedra é infinitamente maior do que a madeira, não carecendo, por isso, de especiais cuidados de manutenção. No entanto, em quintais, há cada vez mais espigueiros em ruínas e sem cobertura de madeira, sobrando apenas o corpo de pedra. Além da beleza, estas construções perderam a sua funcionalidade, embora existam casos de reutilização.

Sem o estatuto de património classificado, os espigueiros estão, irremediavelmente, à mercê do mercado da procura e da oferta. Em diversas localidades de Soajo, os espigueiros têm sido desmantelados e as pedras transportadas para outros destinos, ficando as lajes desprovidas destas estruturas, havendo ainda situações em que os espigueiros estão ao abandono. É o caso do aglomerado de espigueiros que “enfeitava” o núcleo rural da Várzea, mas que está cada vez mais arruinado.

 

Palavras ditas

. “O que move o Grupo Horrea é a valorização e divulgação do património representado pelos espigueiros no sentido de alcançarmos uma classificação internacional, porque estas estruturas são das mais identitárias que temos”. (Fernando Barros, investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetetura da Universidade do Porto)

. “Com o abandono progressivo da agricultura, os espigueiros perderam a sua funcionalidade e também foram perdendo algum do seu valor identitário. Mas, graças à divulgação feita pelos jornais e pelas redes sociais, observa-se um despertar de consciências, não pela utilização do espigueiro, mas pelo facto de ser um elemento distintivo que caracteriza as regiões onde este património existe, que pode continuar a funcionar para outros usos, como secar roupa ou armazenar outros produtos, além do milho. É verdade que a Galiza tem as normas de proteção mais avançadas (todos os espigueiros anteriores a 1901 são Bens de Interesse Cultural), mas a lei não é cumprida e muitos já foram deslocalizados sem consequências”. (Carlos Fernández Coto, presidente da Asociación para a Defensa do Patrimonio Cultural Galego)

. “Pretendemos melhorar as práticas de reabilitação e de valorização dos espigueiros através de uma visão integrada reunindo as comunidades locais. Este património tem de valer por si só enquanto marca do território, exigindo, por isso, que se mantenha a sua função primitiva ou que se promova um trabalho de readaptação, desde que não desvirtue a originalidade desses elementos”. (Alice Tavares, presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação do Património Urbano)

. “Nas Astúrias, há espigueiros muito antigos, de diversas tipologias e com motivos decorativos de especial interesse, inclusive elementos barrocos. Os espigueiros simbolizam, sem dúvida, um modo rústico de viver. É, portanto, um património vivo, não um fóssil. Na província asturiana, há equipas de pessoas que entrecruzam conhecimentos históricos com conhecimentos de marcenaria e carpintaria, através de oficinas de reabilitação de espigueiros”. (Fernando Mora, da Asociación del Hórreo Asturiano)

. “É triste a situação na Cantábria, mas é isso que nos faz estar nesta guerra para pormos a nossa região no mapa dos espigueiros a nível internacional, defendendo o nosso património. Temos apenas 2500 espigueiros, muitos dos quais degradados, temos de os recuperar, se não o fizermos em tempo útil vão desmoronar-se. A Rede Horrea é uma grande oportunidade para nós”. (Francisco Silió, Asociación Amigos del Hórreo Cántabro-AMHOCAN).

. “Os canastros de varas eram construídos entre finais de agosto e inícios de setembro, um pouco antes das desfolhadas de milho. Tal como o nome indica, eram feitos de varas, os elementos naturais (giestas, salgueiros…) secavam durante uns 15 dias para não se partirem e torcerem melhor, segundo as melhores técnicas de cestaria. Na sua elaboração eram utilizadas diversas ferramentas manuais, adaptadas ou não, nomeadamente o trado, a enchó, o guilherme, a plaina, a foice, o martelo, entre outras. Em Aboim da Nóbrega, há cerca de cinquenta anos que estas estruturas desapareceram da paisagem”. (Armando Carriça, artesão de canastros de varas)

 

O cientista Fernando Veloso regressou, esta quinta-feira, 1 de junho, à Escola Primária de Eira do Penedo, em Soajo, onde fez a quarta classe em 1959 e onde tem raízes familiares (pelo lado paterno). A atividade, inscrita no âmbito do programa “Cientista Regressa à Escola”, juntou os dez alunos que frequentam o 1.º ciclo naquela unidade do mega-agrupamento. O cientista e professor jubilado, da Universidade do Porto, difundiu pelo público escolar a mensagem de que “qualquer criança pode vir a ser um cientista se assim o quiser, desde que estude muito e tenha oportunidades na vida”.

Através desta atividade, pretendeu-se aproximar os alunos soajeiros da ciência para que as crianças possam dizer ‘eu já conheci um cientista [da minha terra]’. A partir da essência do projeto, coube ao cientista Fernando Veloso, um “filho da terra”, dinamizar uma oficina animada e participada à volta das conexões entre a terra e o mar, ou não fossem os portos, os navios e as zonas costeiras as áreas prediletas do ilustre visitante, que, além de engenheiro civil (de âmbito costeiro), também cursou Arquitetura Naval na Universidade de Londres.

Neste regresso à escola onde estudou há mais de seis décadas, Fernando Veloso, que completa 73 anos em julho próximo, não esqueceu os professores com quem aprendeu a ler, escrever e contar. “Com a minha avó materna, Marita, fiz a primeira e segunda classes, no Funchal; com a minha mãe Conceição, passei a terceira classe, em Gavião (Vila Nova de Famalicão); e com a minha tia paterna, Laurinda Gomes Veloso Enes, fiz a quarta classe, em Soajo, onde ela foi professora toda a vida. Foram as melhores professoras do mundo!”, congratula-se o cientista, que se recorda bem daqueles tempos de penúria. 

“Os meus colegas na escola de Soajo nem sapatos tinham, andavam todos descalços, eu era o único que usava calçado. Por falta de condições económicas, mal acabavam os estudos, emigravam para todo o mundo. Eu fui o único que prossegui os estudos. As nossas brincadeiras radicais no recreio eram passadas na eira granítica com os espigueiros. Também íamos à fonte buscar água com cântaros de barro para matar a sede nas latrinas da escola”, conta.

O gosto pela ciência nasceu logo na meninice. “Desde miúdo que me habituei a viajar e a me questionar. Quase todos os anos ia à Madeira, visto que a minha família, do lado materno, é madeirense, mas Famalicão, Porto e Lisboa também eram localidades que conhecia bem. De comboio e de barco, fui descobrindo o mundo, sobretudo as áreas de geografia, geologia, natureza, cultura e mar. Toda a vida me dediquei ao mar, um universo infinito de saber”.

Professor jubilado, Fernando Veloso lecionou durante 49 anos na prestigiada Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “Apesar de já ter deixado o ensino, continuo a trabalhar no mar, para diversas instituições de Portugal, Brasil e Angola”, ressalva o cientista, com “muito trabalho produzido na área de gestão costeira”.

A iniciativa “Cientista Regressa à Escola” é um programa educativo patrocinado por um projeto europeu, implementado pela Native Scientists, que promove o regresso de cientistas às suas escolas do 1.º ciclo para realizar oficinas de ciência com alunos”, de preferência do 4.º ano de escolaridade, com o intuito de “contribuir para a promoção da cultura e literacia científica em Portugal e, ao mesmo tempo, desfazer estereótipos relativamente aos cientistas”, explicou ao blogue Soajo em Notícia o coordenador do projeto, Nuno Negrões.