Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Bruna Ramos (de Paradela) desvinculou-se do Sporting para reforçar o Torreense na segunda metade da época em curso. A jovem de 18 anos, que atua na posição de lateral-direito, assinou em definitivo pelo emblema de Torres Vedras. 

Internacional por 28 vezes pelas seleções jovens de Portugal (6 jogos na seleção de sub-15, 3 na de sub-16, 11 na de sub-17 e 8 na de sub-19), Bruna Ramos deu os primeiros pontapés na bola ao serviço do Sacavenense, tendo transitado para o Sporting em 2019, onde percorreu vários escalões de formação (desde os sub-14) até se ter estreado com a equipa principal em novembro de 2022, em jogo a contar para a Taça de Portugal, contra o Rio Tinto (vitória das "leoas" por 13-0). 

Na primeira parte da época em vigor, Bruna Ramos representou a equipa B do Sporting em dez ocasiões, tendo anotado quatro golos.

Ao cabo de 11 jornadas, o Torreense é oitavo classificado no Campeonato Nacional de Futebol Feminino. Na liga que reúne as melhores equipas nacionais, competição que o Benfica lidera, a promissora Bruna Ramos tem tudo para evoluir num contexto de maior exigência.

Foto | Sport Clube União Torreense

A Assembleia de Freguesia de Soajo, reunida no passado dia 23 de dezembro, foi dominada, na sua primeira parte, por assuntos de foro administrativo e legal.

Após interpelação do deputado Rui Araújo (PS), o presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia (PSD) assumiu a “responsabilidade de não ter feito chegar a convocatória” relativa à Assembleia de Freguesia de 3 de setembro ao referido vogal da oposição, que, por esse motivo, não compareceu aos trabalhos, tal como os restantes eleitos do PS, “por solidariedade”.

“Tenho de pedir desculpa e, no futuro, cabe-me a mim tomar as providências necessárias para saber se todos os elementos foram convocados”, responsabilizou-se António Cerqueira, que preside à Mesa da Assembleia.

Em resposta, o deputado Rui Araújo fez um balanço negativo do trabalho realizado até agora. “As ilegalidades que vocês [executivo da Junta e Mesa da Assembleia] têm cometido já se tornaram um hábito, desde o recebimento indevido por parte da tesoureira às não convocatórias, passando pela não convocação do elemento da lista do PS, Albino Enes, a quem devia ser dada posse [depois da renúncia do mandato por parte de Ana Lage, que se ausentou do país por razões profissionais]… Em face disto, nós não andamos aqui a fazer nada, não estamos a honrar nem a defender o nome de Soajo, seja a Junta, seja a Mesa da Assembleia, e mesmo nós, deputados, também não estamos a dignificar o cargo, porque, claramente, a nossa mensagem não tem passado. Estamos a prejudicar Soajo. Para ajudar a nossa Terra, temos de nos demitir. É isso que faz sentido. Se vocês aceitarem o desafio, está aqui a minha demissão”, anunciou o porta-voz do grupo do PS, empunhando um papel escrito.

Sem consequências práticas, o presidente da Mesa da Assembleia afinou, ainda assim, pelo mesmo diapasão. “Em vez de andarmos para a frente, parece que andamos para trás… Na qualidade de presidente da Mesa, estou completamente de acordo contigo. Estamos em funções há dois anos e pouca coisa se tem feito, por este caminho, vai ser uma desgraça. Podíamos fazer muito por Soajo. Ainda estamos a tempo, restam-nos dois anos para fazer algo em prol da freguesia”, desabafou António Cerqueira.

Foto de arquivo

A Assembleia de Freguesia, reunida em sessão ordinária no dia 23 de dezembro, do ano findo, aprovou, por maioria, com três abstenções (Rui Araújo, Rosalina Araújo, ambos do PS, e Rosa Maria Costa, do PSD), o Plano Plurianual de Investimentos e Orçamento para 2024.

O executivo social-democrata identifica como prioridades a “pavimentação do recinto fronteiro ao parque de estacionamento no Covelo (junto ao poço do Bento)”, o “arranjo do piso no parque adstrito ao poço das Mantas para aí fazer um estacionamento em espinha” e a “beneficiação dos passeios nos cemitérios, pois os mesmos estão danificados, existindo inclusive casos de infiltrações para o interior de campas, designadamente nos cemitérios da vila de Soajo e de Adrão)”, observou Alexandre Gomes.

Do lado da oposição, o PS, através do porta-voz, Rui Araújo, interpelou a maioria sobre as “novidades existentes no Plano para 2024”, bem como “o fim concreto a dar a 9 mil euros em subsídios, a 61 mil euros em investimentos e a 5 mil euros na área do turismo (trilhos e miradouros)”.

Em resposta, o secretário da Junta disse que, em relação a 2023, “existe um reforço da verba proveniente do Fundo de Financiamento das Freguesias, por conta da rubrica ‘Adicional’ (33 mil euros), o que se traduzirá no aumento de atividade. Como corolário disso, temos, por exemplo, a intenção de reabilitar o miradouro dos Cruzeiros”, apontou Ivo Baptista. O vogal da Junta acrescentou que “os subsídios de 9 mil euros vão ser entregues a instituições sem fins lucrativos (associações e outras coletividades)”.

“Defesa do território da freguesia”

Na troca de argumentos, Rui Araújo referiu que “a defesa do território da freguesia que o executivo, em sessão anterior, definiu como prioridade do mandato parece incompatível com o facto de a autarquia soajeira não se ter pronunciado sobre o Arcos TT de 2023, em que centenas, ou milhares de motas, passaram em território da freguesia de Soajo, sem autorização da Junta, mas sem que esta tivesse tomado uma posição sobre o evento”.

Alexandre Gomes alegou, na circunstância, que “a Junta não deve nunca pronunciar-se sobre um território que é detido pelos Baldios, é uma matéria que diz respeito exclusivamente aos compartes, embora nós estejamos do lado dos Baldios nesta matéria”, ressalvou o autarca do PSD.  

Questionado sobre as ações concretas em prol do território de Soajo, o secretário do executivo consagrou à recém-criada Associação Soajo Identidade e Património (presidida por Manuel Brito Baptista Afonso) o papel de “redefinir o limite da freguesia”, bem como a “elaboração de uma monografia”. Para financiar a atividade da Associação em 2024, foi aprovada a atribuição de mil euros, com vários reparos da oposição (PS), que se absteve na votação.

“Esta Associação, fundada depois de criados os estatutos, é formada por gente dinâmica, com um plano de atividades preparado. No início de cada ano, a Associação vai apresentar o trabalho realizado”, adiantou Ivo Baptista.

Mas a oposição teceu várias objeções. “A Junta só deve contribuir financeiramente em função dos objetivos alcançados, sendo que uma Associação, em sentido lato, tem diversas formas de financiamento para a sua gestão corrente”, salvaguardou Rui Araújo, enquanto Rosalina Araújo reclamou uma apresentação pública da Associação na pessoa do seu presidente.

De referir que o aconselhamento jurídico da equipa de advogados, entretanto contratada, ronda os 15 mil euros, valor a ser pago, em tranches, e em partes iguais, pela Junta e pelos Baldios.

Temas repescados

Noutro âmbito, Rui Araújo insistiu na “sobreposição de funções” do recinto do Campo da Feira. “Neste momento, serve de espaço para feira mensal, parque de estacionamento e parque de autocaravanas, não me parece que tenha capacidade para tantas funções”, salientou o deputado do PS, considerando “o problema do estacionamento em Soajo uma prioridade”.

Em reação, o executivo garantiu que “estão a ser realizados contactos, mas os proprietários pedem balúrdios por um pedaço de terreno. Era bom que houvesse uma alma que oferecesse um terreno”, gracejou Alexandre Gomes.

Entretanto, na primeira parte dos trabalhos, o presidente da Junta de Freguesia frisou que, em tempos recentes, foi “realizada escritura do terreno em Covelo e já se procedeu ao respetivo pagamento”. Noutro plano, “está a ser ultimado o muro de suporte que ruiu no Caminho das Minas [obra financiada pela Câmara]”, em Cunhas, informou Alexandre Gomes.

Questionado pela oposição, o presidente da autarquia comunicou que o dinheiro recebido, de forma indevida, pela tesoureira, por cargo (a meio tempo) que não exerceu, “será devolvido, pois há entidades a tratar desse dossiê e a tesoureira já foi informada das diligências a fazer”. 

Nesta sessão foram ainda repescados vários outros assuntos, nomeadamente o tanque do Souto da Vila, que está a ser objeto de intervenção (“o telhado e o madeiramento encontravam-se em situação precária, a solução poderá passar pela colocação de chapas ou de telha na cobertura, com suportes em ferro”, justificou Alexandre Gomes); a “falta de um contentor de lixo no cemitério para melhorar o asseio do espaço”; e a estrada de baixo da Várzea “ainda desprovida dos prometidos rails de proteção”.

Por fim, a oposição do PS considerou de “mau gosto” o local escolhido (imediações do Campo da Feira) para a instalação do “inestético” ecolugar e, noutro domínio, reafirmou críticas à “não revisão do site da Junta de Freguesia, que permanece com dados incorretos, erros ortográficos e informações desatualizadas”.

A soajeira Elisabete Fernandes Barbosa foi condecorada com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos (OdM), pelo “percurso” e pela “valorização da carreira ao serviço da medicina”. Num universo de 18 profissionais de medicina agraciados, a médica de Soajo foi a única do Alto Minho a receber tal distinção no último Congresso Nacional da OdM, pelo “exemplo que tem sido para todos os médicos portugueses”.

“É muito difícil descrever o que senti. Foi uma emoção muito grande, fui muito acarinhada tanto pelo bastonário da OdM, Carlos Cortes, como pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Sem falsas modéstias, acho que sou merecedora desta distinção, mas fui apanhada de surpresa, porque eu nunca tive ninguém influente que pudesse interferir”, disse ao blogue Soajo em Notícia Elisabete Barbosa, lamentando a circunstância de “só quatro mulheres terem sido condecoradas nesta cerimónia pela OdM”.

A entrega das insígnias ocorreu em Vila Nova de Gaia, no passado dia 25 de novembro, por ocasião do 26.º Congresso Nacional da OdM, para o qual Elisabete Barbosa se inscreveu “muito cedo” em virtude de ter no programa “um tema muito interessante, a Carreira Médica”. Entretanto, já próximo do Congresso, a clínica soajeira foi contactada, via email, pela secretária do bastonário da OdM, Carlos Cortes, a comunicar que a Ordem pretendia “homenagear alguns médicos que contribuíram, de forma relevante, com a sua atividade e mérito pessoal, para a dignificação da profissão médica e da medicina portuguesa”, através da atribuição da respetiva Medalha de Mérito.

“Nunca achei que o amarelo fosse tão bonito como é. E nunca pensei que aquela medalha fosse tão leve, ela corresponde a uma fortuna, que, no caso, não é dinheiro. Neste momento, a medalha está guardada numa vitrine onde estão as peças de que mais gosto, especialmente os presépios”.

Mas esta Medalha de Mérito “não se reduz à pessoa que a recebe”, atalha a médica soajeira, que justifica a ideia citando a mensagem do bastonário da OdM: ‘A Medalha de Mérito é uma distinção que valoriza uma carreira ao serviço da ciência, da medicina, da formação médica, da investigação, dos doentes e da sociedade. Porém, o seu alcance vai muito além de uma distinção individual, pois nela se reconhecem os princípios e valores subjacentes aos médicos, à medicina e ao seu caráter profundamente humanista’.

Para o atual bastonário da OdM, “a distinção não se materializa somente na Medalha de Mérito. […] É uma profunda responsabilidade para o médico que é distinguido […], realçando o papel do médico completo, que integra as visões clínicas e técnicas formativas e de ensino, de investigação e de procura das respostas mais adequadas para os seus doentes, assim como a sua ação para a construção de um mundo melhor”, sustenta Carlos Cortes.

Também o presidente da Sub-Região de Viana do Castelo da OdM usou de palavras superlativas para descrever a médica de 74 anos. “Em Soajo, é figura respeitadíssima, fruto da sua profunda ligação à comunidade. […] Está sempre disponível e preocupada com os seus conterrâneos. A Elisabete é, de facto, uma mulher de outra dimensão”, disse dela Alberto Midões.

 

Uma história de superação até construir uma carreira de excelência

Cresceu com a mãe, longe do pai (emigrante nos Estados Unidos), que Elisabete Barbosa só conheceu aos 18 anos. Deparou-se com várias “barreiras”, mas fez de cada adversidade uma fortaleza. Contra a tradição, provou que uma “mocinha” de Soajo não estava resignada a ser (mais) uma fada do lar, investindo na escola, onde os professores diziam ser “muito esperta”. A “guerreira” estava predestinada, isso sim, a ser ela mesma um pedaço de História de Soajo.

Saiu do torrão natal, com a anuência do pai, para estudar no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Braga, onde sentiu um “impacto social terrível”. Mas a “grande bagagem técnico-científica” que possuía foi o que lhe valeu – “para vencer, eu sabia que tinha de ser a melhor aluna, por isso é que cheguei a ser explicadora das minhas colegas. Não me vestia como elas, mas tinha o conhecimento”. Prova disso é que foi a primeira mulher de Soajo a tirar uma licenciatura, corria o ano de 1976, e logo no exigente curso de Medicina da Universidade do Porto.

Estabeleceu-se desde 1979 nos Arcos, “o lugar de eleição para exercer medicina, onde fui logo nomeada médica responsável da Periferia, uma grande escola de vida”. Especialista em Saúde Pública (pela Escola Nacional de Saúde Pública de Lisboa) desde 1981 e de Clínica Geral (em regime de internato) desde 1985, Elisabete Barbosa foi Autoridade de Saúde Pública durante 25 anos (entre 1985 e 2010) no concelho de Arcos de Valdevez. Desempenhou ainda funções de direção de serviço e coordenação de programas de saúde pioneiros (“o estudo ‘Retinopatia diabética’ foi o primeiro a nível nacional”). Obteve grau de “Chefe de serviço” em 1998, categoria com que se aposentou na Unidade de Saúde Familiar Vale do Vez.

Foi autora e coautora de diversos trabalhos científicos, alguns dos quais “vanguardistas”, apresentados sob a forma de comunicação e publicação, nomeadamente “Hepatites – Definição, modo de transmissão, período de incubação, tratamento e prevenção”;  “Tuberculose: revisão teórica”; “Quimioterapia de curta duração na tuberculose pulmonar: experiência de um serviço de ambulatório”; “Clínica Geral/Saúde Pública, simbiose ou dicotomia”; “Consumo de benzodiazepinas na população inscrita no Centro de Saúde de Arcos de Valdevez”; e “Estudo epidemiológico dos utentes da área de Arcos de Valdevez inscritos no Centro de Saúde Mental de Viana do Castelo”.

Conta que a “expressão” que mais gosta de ouvir dos doentes é ‘Deus a abençoe e a alivie como me aliviou a mim’. Ouvi muitas vezes esta mensagem. Isso era um consolo”. De permeio, não se cansa de lembrar consultas a doentes, em tempos idos, em lugares sem vias de comunicação como Vilela de Lages (Cabana Maior) ou Várzea (Soajo).

Além de cuidar dos doentes e de formar médicos em contexto, transmitindo as boas práticas técnicas e psicossociais, Elisabete Barbosa teve ainda a responsabilidade de avaliar. “Durante muitos anos, fiz parte do júri do exame no Porto e avaliei quase todos os médicos que, hoje, estão perto da reforma na zona Norte. A título de exemplo, estive instalada quase um mês em Santa Marta de Penaguião para avaliar os médicos de Trás-os-Montes”, recorda.

Com uma vasta carreira profissional, a entrevistada tem no currículo a experiência de 22 anos como orientadora de formação. “Pertenci à segunda geração de médicos especialistas em Clínica Geral pela via do internato. Os meus ex-internos ainda hoje comunicam comigo. A este respeito, muito recentemente, recebi uma chamada de uma antiga interna minha, por volta da meia-noite, com o intuito de esclarecer um caso relacionado com doente em serviço de Urgência em Guimarães. Se isto é uma prova de confiança? Provavelmente, sim, e o facto de as pessoas saberem que podem ligar a qualquer hora também é uma expressão da minha inteira disponibilidade para ajudar”, observa Elisabete Barbosa.