Arte “servida” com castanhas assadas na Casa do Povo
No passado domingo, 21 de novembro, foi inaugurado, na Casa do Povo da Vila de Soajo, um dos polos da bienal D’Art-Vez, a exemplo do que já tinha acontecido em 2019. A mostra com 16 trabalhos reflete uma grande variedade de tópicos à volta do tema-âncora, o território (património natural e arquitetónico, identidade e etnografia, usos e costumes…).
Desde 1994 que a D’Art-Vez é dedicada às diversas expressões de arte e 2021 não é diferente. A 13.ª edição do festival reúne trabalhos de 124 artistas (nacionais e internacionais), incluindo os soajeiros Bino (Albino Enes) e Rosa Adriaco. De uma forma ou de outra, a maioria salienta o incessante diálogo que a expressão artística mantém com a pintura, os lugares, as gentes, as paisagens e as transformações do mundo.
No lançamento da iniciativa no salão da Casa do Povo, o curador António João Queiroz Aguiar sublinhou que a mostra em Soajo concretiza, de novo, o desafio da “descentralização” do evento em terras soajeiras. “A D’Art-Vez já se habitou a vir a Soajo, é muito importante a arte vir a estes locais, porque ela faz parte da nossa cultura e da vida das pessoas. Vejamos o caso dos espigueiros: foi a necessidade que levou o Homem a inventar esta estrutura de pedra, transformada hoje numa peça de obra de arte”, disse o escultor.
Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal desafiou a comunidade a “marcar a diferença através daquilo que nos é mais intrínseco, que reside na nossa cultura identitária, pois qualquer processo de desenvolvimento não se consegue fazer sem cultura e sem as pessoas”, disse João Manuel Esteves, realçando a importância “simbólica de a primeira ação formal do novo executivo da Junta de Soajo ter sido um ato de cultura”.
A exposição estará patente até 30 de janeiro do ano que vem.
“Rainha” do outono degustada com vinho novo
Depois de inaugurada a exposição, a Casa do Povo da Vila de Soajo promoveu, com a preciosa ajuda de voluntários, o seu tradicional magusto à volta das castanhas assadas e do vinho novo, em ambiente de grande confraternização, ao som da concertina dedilhada por Joaquim Amorim e José Alves.
Segundo o presidente da coletividade soajeira, foram gastos “200 euros em castanhas (40 kg), vinho (20 l) e outras bebidas (sumos e coca-cola)”, nesta organização que “valorizou as tradições da terra”.
Apesar de visivelmente satisfeito pela adesão da comunidade soajeira e pelas reações dos vários artistas participantes na mostra, Manuel Carvalho já tem em mente “trabalhos de beneficiação do soalho do salão da Casa do Povo, com o objetivo de melhorar as condições aí existentes”.
Uma outra necessidade detetada, na circunstância para valorizar justamente as mostras de arte, passará pela colocação de projetores de luz sobre os trabalhos de parede expostos, um investimento que carecerá igualmente de apoio municipal.