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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

A Assembleia de Freguesia de Soajo, reunida no passado dia 26 de setembro, “passou em revista” os assuntos que estiveram em foco no passado verão. Na reta final dos trabalhos, o presidente da Junta de Freguesia referiu que a obra do Caminho do Moledo (em Cunhas), apesar do impedimento legal, “foi entregue a Valdemar Freitas”, membro do órgão deliberativo.

Na falta de um debate sereno e aprofundado sobre as matérias que subiram a primeiro plano, o blogue Soajo em Notícia reproduz a seguir, de modo esquemático, o essencial daquilo que foi perguntado e respondido pelo executivo na pessoa do presidente da Junta.

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. Médico de família

Interpelado pelo deputado António Brasileiro (Movimento Soajeiro Independente/MSI) sobre a data de reabertura da Extensão de Saúde, Manuel Barreira da Costa (PSD) adiantou que, por motivo da pandemia, Soajo não ia ter tão cedo médico a prestar serviço presencial, indo as consultas ser feitas por telefone.

 

. Apoio alimentar às pessoas carenciadas

Perguntado pela deputada Cristina Martinho (MSI) acerca dos critérios que presidiram à entrega de cabazes alimentares às pessoas carenciadas da freguesia na fase mais crítica da crise pandémica, o presidente da Junta recusou-se a prestar esclarecimentos.

“Não sou nenhum papagaio, já respondi a essa questão à sua representante [Manuela Jorge] na última Assembleia”, retorquiu.

A deputada independente voltou, depois, ao tema para questionar a estratégia do executivo: “Dizer que as pessoas com reformas são pessoas carenciadas equivale a dizer que o senhor presidente da Junta tem de dar a todos os reformados da freguesia um cabaz todos os meses, porque eles continuam a ser carenciados todo o ano”.

Por fim, Cristina Martinho, para uma referenciação rigorosa da população idosa, exortou a Junta a fazer um levantamento das pessoas carenciadas.

 

. Turismo “descontrolado”

Questionado por Cristina Martinho sobre se a Junta, depois do “verão caótico”, tinha “alguma proposta para fazer com o objetivo de não voltarmos a ter no ano que vem a bagunça de 2020”, Manuel Barreira da Costa disse: “Ainda bem que houve muitos turistas em Soajo, você é uma das pessoas que fizeram negócio, tal como os restaurantes e o comércio. Antigamente, éramos acusados de não fazermos nada para trazer turistas, agora já temos turistas a mais… É bom que venham muitos [turistas]”, atirou, admitindo que, “no futuro, será preciso “responder da melhor maneira” a esta avalanche.

Em resposta, Cristina Martinho frisou que “os turistas fazem falta […], mas o turismo descontrolado deste ano não interesse a ninguém”.

 

. Parque de apoio a autocaravanas

Cristina Martinho reconheceu que o “parque de autocaravanas é útil para a freguesia, mas a forma como está a funcionar é problemática. Este verão o estacionamento foi um caos”, classificou.

O presidente da Junta replicou: “Aquilo não é um parque de autocaravanas, é um parque de apoio às autocaravanas. Estas só estão autorizadas a estacionar 24 horas por dia, ao fim deste tempo, os autocaravanistas têm de sair para virem outros. Alternativas? Há os parques de campismo da Travanca e de Entre Ambos-os-Rios”.

A propósito do período de permanência, a deputada do MSI lembrou que a Assembleia de Freguesia não decretou a saída compulsiva das autocaravanas ao fim de 24 horas, mas sim o pagamento de uma taxa a partir da segunda noite.

 

. Transporte escolar

Manuel Barreira da Costa reconheceu que o serviço de transporte no início do ano escolar “não começou bem”, garantindo, no entanto, que “a situação começa agora a estabilizar”.

 

. Feira mensal

Interpelado pelo MSI, o autarca do PSD que preside aos destinos da Junta assegurou que “a feira de outubro será realizada”.

 

. Coberto para as viaturas,

A cobertura para abrigar as viaturas está por construir há anos.

A deputada Cristina Martinho insistiu que a Comissão dos Compartes dos Baldios de Soajo “só precisa que a Junta diga ‘é aqui’ e a obra será feita sem custos para o orçamento da Junta. Já andámos nisto há mais de quatro anos. Todos nós temos interesse nisto, é verdade que eu já o podia ter construído”.

O presidente da Junta, no contra-ataque, disse que a deputada queixosa “já teve possibilidade de fazer o coberto e não o fez”, colocando completamente de parte a realização do projeto no ano que resta do atual mandato.

 

. Poço das Mantas

“Já ninguém sabe o que é o poço das Mantas, se é um parque de autocaravanas ou outra coisa qualquer”, atirou Cristina Martinho.

O presidente da Junta retorquiu: “O poço das Mantas está assim porque a senhora Cristina embargou a barraca dos caçadores. Quanto às autocaravanas ficarem lá, eu não sou guarda. Todos temos o dever de fiscalizar”.

Em resposta, Cristina Martinho disse: “Se o senhor tem algum papel assinado, faça o favor de dizer que eu embarguei a obra [do Clube de Caça e Pesca]”.

 

. Poça do Magusteiro

A deputada Cristina Martinho expôs o “problema” da poça do Magusteiro.

“O problema existiu e não devia ter existido. A poça do Magusteiro é um ponto de água no lugar de Paradela que foi referenciado na decorrência do incêndio de 2016. Desde essa altura que já levou duas intervenções, uma delas em 2017 pela Proteção Civil, que não resolveu, e, em 2020, a Protecão Civil decidiu gastar mais algum dinheiro, em virtude de Paradela ser aldeia de risco”.

“Depois da obra feita, mas ainda não entregue, justamente no dia [8 de agosto] em que o ‘Canadair’ se despenhou na Galiza, para nossa surpresa, despejaram uma poça de 500 metros quadrados de água, em dia de risco máximo de incêndio. Felizmente, o incêndio da serra Amarela não passou para o lado de cá. No dia seguinte, foram despejados na poça dois ou três camiões de betão, sem ferro e em cima de lodo bem molhado – e, pasme-se, ainda sobrou betão, o resto foi despejado fora da poça, onde estavam umas escadas, bem pensadas, para as pessoas idosas chegarem à torneira e não caírem dentro do buraco”.

“Imagino que a empresa Pascoal Domingues & Filho não é maluca ao ponto de chegar lá e despejar dois ou três camiões de betão para a poça só porque sim!”

“Entretanto, como era uma obra da Proteção Civil, liguei e esta disse-me que não sabia de nada… Vim a saber que foi a Junta de Freguesia que realizou a operação”.

“Lembro que, na obra inicial, a poça deveria ter uma reserva de água mais funda no meio, algo que deixou de existir por causa desse betão. Além disso, uma semana depois, tivemos de reabrir a poça, porque a comporta foi danificada pela pessoa que fez essa tal obra, que ninguém sabe o porquê, sem autorização dos Baldios nem da Proteção Civil”.

“Conclusão: a Junta gastou 3 ou 4 mil euros numa obra que não lhe pertence, sem nexo nenhum, gostava de saber o porquê. Com esses 4 mil euros, podiam-se fazer imensas coisas”, sugeriu a eleita do MSI.

Visado por estas declarações, Manuel Barreira da Costa negou o envolvimento da autarquia soajeira no projeto: “A Junta não gastou nem 1 cêntimo na poça, nem sequer fomos consultados. A obra foi da responsabilidade da Câmara e do Parque Nacional, foi um acordo entre a Câmara, o Parque Nacional e a Proteção Civil. Isto vem à baila aqui porque a gente de Paradela diz que a Cristina quer ser a ‘cabeça de tudo’, ou faz você ou não faz ninguém”.

 

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Votações

. Aprovado mapa de pessoal

Nesta sessão ordinária, a Assembleia de Freguesia aprovou o mapa de pessoal, “autorizando a Junta, se necessário, a contratar recursos humanos para fazer algum trabalho”, explicou o presidente da Mesa, António Enes Domingues (CDU).

 

. Aprovada colocação de placas para proibir estacionamento

Os eleitos do órgão deliberativo aprovaram a instalação de placas para interditar o estacionamento nas imediações do poço do Bento, do poço Negro e das portas do Murço.

Cristina Martinho absteve-se na votação com a justificação de que também era “necessário colocar uma placa a proibir o estacionamento no poço das Mantas”.

Tendo por base esta deliberação, “a GNR já pode multar os infratores”, congratulou-se Manuel Barreira da Costa.

Sobre a falta de estacionamento na zona do poço Negro, o autarca social-democrata adiantou que “a Junta está a tentar comprar um terreno nas proximidades para estacionar trinta ou quarenta automóveis, porque este ano foi uma ‘praga’ de gente e penso que haverá ainda mais visitantes no ano que vem”, vaticina Barreira da Costa.

 

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Atividade da Junta

Segundo sublinhou o presidente da Junta, no último trimestre, além do “ato de vandalismo no poço das Mantas (por motivo da abertura das comportas, teve de ser tudo arranjado)”, há a assinalar “algumas obras de manutenção”, os “simulacros de proteção da população contra incêndios em Paradela e na Várzea”, “o protocolo de acesso à Internet a favor dos alunos”, “um apoio financeiro à reabilitação da Casa de Cova (mil euros) e da Urzeira (mil euros)”, “a entrega de cheques aos nascidos desde 2018 (500 euros)”, “a colocação de contentores para retirar o lixo da parte do baixo da Várzea, que o funcionário da Junta vai buscar”, “a reparação da canalização em Souto (Rio Bom)” e a “obra do Caminho do Moledo em Cunhas”.

 

Obra do Caminho Moledo

A respeito desta obra, a deputada Cristina Martinho perguntou ao executivo a quem tinha sido entregue a intervenção no acesso de Cunhas e, após alguma hesitação, Manuel Barreira da Costa respondeu: “A obra do Caminho do Moledo está terminada e foi entregue a Valdemar Freitas, porque foi quem apresentou a oferta [orçamento] mais baixa”.

O nomeado, Valdemar Freitas, deputado do PSD, defendeu-se: “A empresa não é minha, atenção! […] Já sei de onde vem isso, a empresa não é minha”.

Ato contínuo, o presidente da Junta solicitou: “Faz favor, [Valdemar], vai desfazer aquilo [obra], que nós manda[re]mos fazer a outra pessoa”.

No meio da polémica, o presidente da Mesa, António Enes Domingues, colocou alguma água na fervura: “Se a empresa não é dele, como ele diz, então, essa questão não se coloca”.

Com diplomacia, a deputada Cristina Martinho concluiu que, “se a empresa que executou a obra não for dele [Valdemar Freitas], tudo bem, mas se [a empresa que fez o contrato de empreitada] for mesmo dele, nesse caso, já é outro tipo de questão, pois, sendo o senhor Valdemar deputado desta Assembleia, ele não pode fazer obras para a Junta”.