“Brandeiros” do Murço confraternizaram no “paraíso”
A “branda” do Murço recebeu, este sábado, 23 de julho, sob um sol radioso, o quarto convívio dos residentes e respetivos convidados. Ao todo, juntaram-se cerca de setenta convivas, que adoraram os quatro “pratos” da jornada: confraternização, comida, entretenimento e natureza em estado (quase) selvagem. A organização de 2016 pertenceu a David Neto, Rose Galopim, Yassine Benderra, Joana Costa, António Joaquim Gomes e Clara Cavaleiro.
Os festeiros foram os primeiros a chegar à “branda” para preparar tudo. Os restantes “brandeiros” e convidados foram chegando pouco a pouco. O curral, da casa de campo, com toldo improvisado, há de ficar, rapidamente, a postos para receber o grupo. Ninguém vem de mãos vazias. Os principais ingredientes (carne, arroz de feijão, caldo-verde…) do menu ficam por conta dos festeiros. “Os convidados trazem comidas frias (bolinhos de bacalhau, rissóis, saladas), bebidas e sobremesas”, atalha David Neto.
As tarefas estão bem repartidas e as mesas aprontam-se. A hora de servir o farto menu aproxima-se. Os sabores e saberes tradicionais abrem o apetite: chouriça assada, presunto, salada de atum, arroz de feijão, porco no espeto, broa caseira e, claro, o vinhão da região. A conversa e a alegria, entre garfadas, reinam nos grupos que se vão aglomerando pelo espaço repleto de árvores, debaixo das quais uma engenhosa artista deu “asas” a pintar faces de crianças (e não só).
Mas quem vai ao convívio sabe, de antemão, que a diversão é outro dos “pratos” fortes do dia. Desta vez, coube aos tocadores Domingos Araújo, Franco Barros e Manuel Morgado Couto abrir as “hostilidades”, e, num ápice, muitos dos presentes “soltaram” cantorias e danças típicas da Terra. Eles a dedilhar o instrumento e elas (principalmente) a cantar e/ou dançar mostraram boa harmonia, em respeito pela envolvência.
A “branda” deste encontro-convívio é, justamente, uma das partes do território mais bem preservadas e genuínas da região (e, com certeza, de Portugal) e a sua harmonia com a natureza proporciona um raro deleite para quem valoriza refúgios em absoluto estado natural. Mas, como dizia um “brandeiro”, o enorme potencial turístico de Soajo está subaproveitado, em evidente alusão ao rico património natural que atravessa o “coração” do único Parque Nacional.
Independentemente desta reflexão/ideia de negócio – à espera de que quem tenha visão para a abraçar –, na área desta “branda” há a destacar a Poça de Lajes, que, neste sábado escaldante, convidou os mais aventureiros a uns refrescantes banhos.
Outros, como de costume, preferiram deitar-se à sombra das árvores para uma atividade essencial em tempo de férias: não fazer absolutamente nada.
Entretanto, os “brandeiros” mais resistentes prolongaram a festa noite fora e decidiram regressar à vila pela ancestral Calçada de Lajes.
O convívio na “branda” do Murço, em 2017, será organizado por Teresa e Manuel Fernandes Gonçalves Lage, Sandra e Alexandre Barreira Gomes, Marta e Daniel Rodas Couto.