"Caça à mesa" inspirou convívio com casa cheia
Quando os caçadores não podem ir à caça, porque é defeso (e o que virá a seguir, com os habitats queimados?), são os petiscos servidos à mesa que juntam os fãs desta ancestral atividade. Foi o que se lembrou de fazer, este sábado, 27 de agosto, o Clube de Caça e Pesca de Soajo, que, com a esmerada ajuda de um grupo de voluntários, realizou um muito concorrido jantar-convívio.
No salão da Casa do Povo, com capacidade lotada (130 comensais), não foi preciso ter carta de caçador para degustar, por 15 euros, um variado menu que incluiu “aperitivos” como chouriça, salada de codornizes, arroz de corço e javali estufado com batatas e castanhas, ingredientes regados com bom vinho. O público aderente, de todas as idades e de várias proveniências (incluindo quatro amigos da Galiza, presenças assíduas em jornadas de caça…), gostou e, com os normais aperfeiçoamentos ou ajustes, aguarda novas organizações.
Presença notada na sala foi a da brigada FEB – Força Especial de Bombeiros (“Canarinhos”) – posicionada em Adrão, convidada pelo Clube de Caça e Pesca, mas, para surpresa dos mais atentos, os sapadores de Soajo não participaram neste convívio, porque não receberam convite. Com ou sem fundamentação legal, impunha-se, acima de tudo, um gesto de cortesia e de reconhecimento pelo trabalho que é realizado todos os dias do ano pela brigada local. Por seu turno, a Comissão dos Compartes dos Baldios da Freguesia de Soajo, convidada pela organização, fez-se representar por António Amorim.
Um dos pontos altos desta realização consistiu no sorteio das rifas, tendo a “lotaria” saído à soajeira Rosa Gomes Esteves Amorim, que ganhou um touro.
A origem do corço
Antes do jantar-convívio sobrou farta polémica, alimentada nas redes sociais, devido à origem do corço, espécie protegida.
Confrontado com as reações críticas, António Cerqueira (Catito), presidente do Clube de Caça e Pesca, quis pôr termo ao assunto apresentando comprovativo.
“Às pessoas que ficaram tão indignadas com o menu deste jantar-convívio, digo que o corço confecionado [na Casa do Povo] foi comprado na Galiza, conforme fatura anexa”, defende-se o dirigente, que promete, com ironia, preparar, em futura realização, uma ementa herbívora, à base de forragens para animais.