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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Não obstante a grave crise sanitária que perdura desde a primavera de 2020 e o facto de na decorrência dela terem surgido outras crises, como a do emprego e a do investimento, há, ainda assim, histórias de pessoas que combateram o ceticismo e a conjuntura desfavorável com entusiasmo e vontade, e criaram o seu próprio negócio.

Cristina Costeira e Lisa Araújo uniram esforços e abriram em abril de 2021 o espaço ‘As Marias’ na vila de Soajo, negócio que mistura produtos locais, petiscos, restaurante (unicamente serviço de comida para fora) e mercearia. Com sandes e outras iguarias a qualquer hora, menus centrados em ingredientes da terra e um ambiente acolhedor, o novo estabelecimento oferece à freguesia e aos turistas uma alternativa que prima pela diferença.

“Ideia foi desenvolvida a pensar no novo perfil de turista”

“O espaço chama-se assim – ‘As Marias’ – por este nome já ter sido utilizado por nós anteriormente numa edição da Feira das Artes e Ofícios de Soajo (‘Tasca das Marias’) e por ser um nome popular que fica no ouvido, ainda por cima estamos perto da igreja e temos vista para o caminho onde passam muitas Marias”, começa por dizer Cristina Costeira, natural de Lindoso e com uma experiência internacional de sete anos e meio em Espanha (Lanzarote e Pontevedra).

A ideia de montar o negócio surgiu quando as duas amigas deixaram em setembro de 2019 o café/snack-bar (com serviço de restauração) que era o ganha-pão delas. “Depois de sairmos, pensámos em algo ligado ao turismo, mas mais direcionado para os turistas que procuram conhecer a cultura e a história dos lugares que visitam, já não é só o turista que vem ver os espigueiros e as lagoas e que se vai embora de seguida. Após termos encontrado o local ideal, decidimos abrir este espaço, sempre com a preocupação de aliar a tradição à inovação”, conta Cristina.

A experiência de dez anos no ramo e a complementaridade entre as duas empresárias de 39 anos foram desde o início auxiliares preciosos para o sucesso da iniciativa. Cristina exibe a arte de lidar com o público, enquanto Lisa tem mão para a cozinha, depois de ter abandonado, por falta de trabalho, uma carreira de oito anos como técnica de CAD. “Eu funciono melhor como relações públicas, já a Lisa é quem confeciona os pratos, bolos e compotas”, revela Cristina, que chegou a frequentar o curso de Gestão de Empresas na Universidade do Minho.

Apesar dos tempos de pandemia, o negócio está a correr “muito bem”. “A procura tem sido muito boa, tanto de clientes de Soajo como de turistas. Os locais procuram sobretudo a comida, já os turistas compram principalmente compotas e produtos típicos da terra, incluindo o artesanato. Quem vem gosta e volta, sem dúvida que viemos movimentar esta zona da Torre, que estava em declínio”, concordam Lisa e Cristina, contentes por terem “de volta todos os antigos clientes”.

A comida “caseira” é a que impera no menu e é temperada com produtos naturais como malagueta. “Massa à lavador, cozido à soajeira, jardineira, lasanha (de carne, legumes e atum), carne à alentejana, dobrada e feijoada são, segundo a época, alguns dos pratos servidos em regime de takeaway”, enumeram Cristina e Lisa.

Além disso, a dupla condimenta as refeições e as saladas com os produtos que a horta dá na branda do Murço – couves, batatas, tomates, framboesas, curgetes, morango… – e reaproveita a fruta para compotas, enquanto a comida que não é servida ao almoço é destinada às “caixinhas mágicas”, uma outra novidade da casa. “Através destas, os clientes levam uma refeição para casa por metade do preço ao jantar. A adesão tem sido bastante boa, assim não há desperdícios de comida”, sublinha a soajeira Lisa.

N’As Marias há sempre saladas (de presunto, queijo, atum…) e petiscos a servir na hora. Pregos em pão de baguete rústico com manteiga de alho. Cachorros com cebola caramelizada e mostarda. Sandes de presunto em pão de baguete com tomate seco, alface e queijo fresco. E menus – “fáceis de levar e à medida dos caminheiros” – constituídos por sopa desidratada e almôndegas em conserva.

Por outro lado, na montra da endogenia sobressai uma grande diversidade de produtos entre carne cachena desidratada (um dos emblemas locais), mel, bolos caseiros, sabonetes… Sem fórmulas sofisticadas, no espaço imperam a discrição e a genuinidade. “É aproveitar o que a terra nos dá e trabalhar” dentro e fora da cozinha com o avental posto.

Tudo “corre de feição”, mas nesta altura não há motivo para folgas. “Queremos alargar a componente de cozinha, para lá do prato do dia e das pizzas, e passar a oferecer o nosso serviço para festas de aniversário, preparando ingredientes quentes, frios, etc., assim como satisfazer pedidos de emigrantes para os familiares de cá. Por isso, temos de inovar todos os dias, senão...”, soltam.

Senão são ultrapassadas pela concorrência...