Números e causas do acelerado despovoamento de Soajo
O território de Soajo está cada vez mais despovoado e envelhecido, sendo o lugar da Várzea, com os seus atuais 24 moradores, um dos mais atingidos. A próxima operação ‘Censos’, a realizar no ano em curso, confirmará o acelerado processo de desertificação da freguesia, tendência que o levantamento feito em 2011 (986 habitantes) já apontava comparativamente a 2001 (1159 residentes) e a 1991 (1373 moradores). Para este “inverno” demográfico, entre outras razões, estão a contribuir o progressivo envelhecimento da população, o saldo natural negativo (muito mais os óbitos do que os nascimentos) e a debandada de pessoas em idade ativa.
O despovoamento e o envelhecimento são elementos comuns à maioria dos lugares de montanha, bem como à freguesia de Soajo, e a isso não é alheio o desinvestimento a que os núcleos rurais estão a ser submetidos pelo poder político, incluindo-se, aqui, a subtração de serviços de proximidade (farmácia, atendimento médico, agência bancária…) e a centralização dos mesmos na sede do concelho.
Além disso, continua muito pouco diversificada a estrutura produtiva (excessivamente dependente do turismo e da agropecuária), praticamente não existem crianças em idade escolar na grande maioria dos lugares e há muitos anos que fecharam as escolas (excetuando a que funciona na Eira do Penedo)... Hoje, no imenso território de Soajo, a população escolar a frequentar o 1.º ciclo fica-se por uma vintena de alunos, mas há cerca de trinta anos eram perto de cem, não incluindo aqui os estudantes nas telescolas de Vilarinho das Quartas e de Cunhas.
Perspetivando a partir das estatísticas de 2011 os indicadores da próxima operação ‘Censos’, é de prever que o grupo etário com 65 ou mais anos vá aumentar ainda mais o seu peso na pirâmide demográfica – os idosos já representavam há dez anos 45,5% da população total (a população sénior equivalia a 36,4% em 2001).
Já o grupo dos jovens (menos de 25 anos) correspondia em 2011 a apenas 12,5% da população residente em Soajo, mas, em razão da baixa natalidade, bem como da falta de oportunidades profissionais, quase de certeza que a sua representatividade vai recuar ainda mais. Por fim, no meio, isto é, no grupo de indivíduos entre os 25 e os 64 anos, ficavam os restantes 42% de habitantes soajeiros.
A regeneração requeria medidas e políticas diferenciadas (que deviam ser transversais), mas pouco ou nada tem sido feito neste sentido, e não será a atribuição de um “crédito de 500 euros”, pelo atual executivo da Junta de Soajo, por cada bebé que nasça, que vai fazer aumentar a natalidade, como, de resto, diversos estudos de planeamento familiar a nível nacional já o demonstraram.