O projeto transfronteiriço “Fronteira Esquecida” está em curso desde julho com fundos europeus aprovados no âmbito do programa Interreg, tendo Soajo como um dos grandes beneficiários. A iniciativa, que resulta de uma candidatura prevendo um valor total de 1,6 milhões de euros (com 1,2 milhões de euros de comparticipação FEDER), destina-se à “proteção e valorização do património cultural e natural como suporte económico da região transfronteiriça”. O plano termina em 31 de dezembro de 2021.
“Os quatro municípios da Ribeira Lima [Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo], mais os da Galiza, têm neste projeto transfronteiriço um desafio conjunto relacionado com o turismo e a visibilidade do rio Lima”, sublinha o edil João Manuel Esteves, que vê nesta ação uma “chamada de atenção para utilizar bem o rio, que atravessa área protegida”.
A candidatura, integrada no Programa de Cooperação Transfronteiriça Portugal/Espanha (POCTEP), engloba um plano de ações para um melhor aproveitamento das potencialidades do rio Lima. Neste contexto, as localidades da raia tencionam acrescentar valor à zona fluvial mediante intervenções na esfera ambiental e patrimonial, para “fortalecer os recursos naturais e culturais do rio Lima e, com base nisso, criar e desenvolver uma estrutura conjunta de gestão e promoção que melhore o uso turístico da região”, lê-se na proposta de apresentação da candidatura.
Garantido que está o financiamento, pretende-se, agora, “desenvolver, em conjunto, uma série de ações (físicas e através das novas tecnologias) que potenciem o espaço do rio Lima como destino turístico sustentável e de qualidade, através da cooperação direta com os vários operadores envolvidos no setor do turismo natural e cultural, de ambos os lados da fronteira”.
Do lado de cá, crê-se que, finalmente, o projeto de desenvolvimento da albufeira da Várzea – sucessivamente adiado por falta de verbas – poderá ser uma realidade num futuro não muito distante. Segundo o Plano de Ordenamento das Albufeiras (POA), uma das intervenções a levar a cabo consistirá, objetivamente, na construção de um ancoradouro na Várzea.
Mas o POA também contempla um outro ancoradouro a jusante da barragem de Soajo/Lindoso, mais precisamente na freguesia de Ermelo, projeto que também poderá ser desbloqueado com esta iniciativa. O troço do rio que ladeia a ecovia de Ermelo, com as devidas condições infraestruturais, iria beneficiar de raras aptidões para a prática de desportos náuticos.
Por outro lado, do plano de ações a executar ao abrigo de projetos cooperativos, consta a criação de um circuito com pacotes turísticos entre Ourense e os concelhos portugueses da Ribeira Lima.
Com o programa “Fronteira Esquecida” em fase de implementação, o pensamento dos promotores vira-se, por conseguinte, para a diversificação do turismo nos territórios da Galiza e do Alto Minho, através de investimentos considerados reprodutivos, caso dos equipamentos ligados aos desportos aquáticos, focados na captação de um mercado médio-alto.