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Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

Soajo em Notícia

Este blogue pretende ser uma “janela” da Terra para o mundo. Surgiu com a motivação de dar notícias atualizadas de Soajo. Dinamizado por Rosalina Araújo e Armando Brito. Leia-o e divulgue-o.

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A Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, ocorrida no passado dia 23 de fevereiro, teve, provavelmente, uma das maiores participações soajeiras de sempre no parlatório, com três deputados em discurso direto.

O blogue Soajo em Notícia reproduz as intervenções proferidas por Ivo Baptista (PSD), Jorge Lage (PS) e Sandra Barreira (CDU), seguindo o critério do peso representativo das respetivas forças políticas em presença para efeitos de ordenação. Por opção, editou-se apenas o texto que, direta ou indiretamente, diz respeito a Soajo.

O presidente da Junta de Soajo, Manuel Barreira da Costa (PSD), também ele membro da Assembleia Municipal (e deputado por inerência), não usou da palavra nesta sessão ordinária do referido órgão deliberativo.

 ***

Ivo Baptista (declaração lida)

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“O grupo municipal do PSD felicita o Município e o movimento associativo arcuense por toda a atividade cultural, recreativa e desportiva do nosso concelho. […] Congratulamos o trabalho de parceria da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia de Soajo e o grupo Cantadeiras de Soajo pela excelente classificação do disco ‘Por Soajo, com Soajo’, que alcançou o top 10 dos discos portugueses da Terra Pura no mês de dezembro de 2017.

[…] [Felicitamos] Câmara Municipal, Junta de Freguesia e povo soajeiro pela cunhagem de um exemplar alusivo aos espigueiros do Norte Peninsular, integrado na série ‘Etnografia Portuguesa’, com imagem da Eira Comunitária dos espigueiros da vila de Soajo, um dos ex-líbris do concelho.

Servem estes como reforço da identidade local, valorização do património cultural e um contributo para a promoção e divulgação turística da vila de Soajo e do concelho de Arcos de Valdevez”.

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Jorge Lage (de improviso)

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“Olho para esta Assembleia e constato o panorama habitual: a um concelho desequilibrado corresponde, também, uma Assembleia desequilibrada. Claro, é da política, as coisas são mais ou menos como são. Mas não foi por falta de trabalho nem por demérito de Dora Brandão e de todos os restantes, que muito se esforçou, mas o que é certo é que a bonomia e a simpatia do senhor João Manuel Esteves foi um fator positivo. E depois o lóbi.

Há pouco vi, aqui, o meu conterrâneo Ivo Baptista congratular-se por os espigueiros de Soajo constarem de uma moeda, mas não são de Soajo, são do Noroeste Peninsular, não está lá Soajo. Não sei se são canastros ou se são ‘horreos’, o termo castelhano. Em Soajo eram canastros, pois o termo ‘espigueiros’ foi uma inovação dos últimos vinte ou trinta anos. Em Soajo, antigamente, ninguém dizia espigueiros.

A classificação devia ser pela natureza do edificado, e não pela função do edificado. De qualquer modo, [no seguimento do voto de louvor aprovado à freguesia e ao povo de Sistelo], espero bem que Sistelo, pelo menos, com este Noroeste Peninsular, consiga usufruir dos espigueiros que também lá tem.

[…] Voltando ao assunto da moeda… Em Soajo, há um património que as pessoas fizeram, os canastros, e vão dar o nome ao Noroeste Peninsular! Não estou de acordo com isso! É um património de Soajo, tem, pelo que, primeiro, tem de estar o nome de Soajo. Não queremos andar iludidos. Por ilusão, já temos o caso de na “Terra que Deus fez”, conta a história que ‘em Arcos de Valdevez nasceu Portugal no abençoado cenário da serra do Gerês’. […] Ora, com essas aldrabices todas, o Parque nasceu como nasceu.

Quanto à Porta do Mezio, não sei se aquilo é um Estado neutral, se é uma Andorra… Não sei se a Porta do Mezio, se a porta ou o hall, é efetivamente um Estado neutral ou se pertence a Soajo. Não vejo nada. A Carta Oficial Portuguesa, que tem valor legal, diz que aquilo é Soajo. Então, estamos aqui com dúvidas? […]

E a Porta do Mezio serve não para fazer publicidade a Soajo, que é para Soajo se desenvolver, mas para Arcos de Valdevez, não sei se à vila, se ao concelho. Mas é bom ter presente que Soajo é uma autarquia, não uma paróquia.

Também não sabem onde está o Parque Biológico...

E não aceitamos que o sítio da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez ande a dizer que isto fica na serra do Gerês, já bastou andarem a brincar com a Peneda.

Quanto à estátua do Foral, não sei quando será colocada, talvez daqui a 500 mil anos, agradecia que o senhor presidente me dissesse se está com intenções de… [sobre isso, João Manuel Esteves nada disse].

Em referência à carne cachena DOP, o senhor presidente sobre um evento que vai acontecer no mês de março mandou dizer à comunicação social que a cachena é, afinal, da Peneda e de Soajo. Já há alguma evolução, está de parabéns, senhor presidente!

Já o lobo ibérico é para proteger fazendo um centro de interpretação numa casa florestal colocada em Soajo, enquanto o cão sabujo de Soajo, que está no Foral e deu centenas e centenas de anos de isenção de impostos a Soajo, esse é de Castro Laboreiro, não se faz nada. Não convém!

As placas para homenagear o juiz de Soajo, Sarramalho, natural de Tibo, estão na Junta, pois o presidente da Junta anterior deixou fazer isso, mas, pelo visto, não o autorizaram colocar, agora, ainda pior! Pior, não é bem assim, que a Junta de Soajo está misturada…”

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Sandra Barreira (declaração lida)

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“No passado dia 3 de fevereiro, inaugurou-se a ampliação da rede elétrica ao lugar das Chedas, na freguesia de Soajo. Mas nestas coisas parece não haver bela sem senão. A empresa responsável por essa ampliação adoptou a via mais fácil e presenteou-nos com postes de média tensão ao longo de uma das encostas mais interessantes pelas suas características paisagísticas e naturais.

Como se isso não fosse suficiente, alguns soajeiros podem agora beneficiar das inúmeras vantagens de ter um poste de média tensão à entrada de casa.

A CDU não compreende como é que, em 2018, uma empresa como a EDP, que já em 2001, pelo menos, tinha programas onde promovia a defesa do património e do ambiente, não foi pressionada para encontrar outras soluções, mais harmoniosas e mais limpas, sem impacto na paisagem que têm as linhas de média tensão?

Será que vamos ter de ceder sempre à conversa do “mais vale assim do que nada”?
Porque, afinal, continuamos a deixar que nos cobrem um preço demasiado alto pelo acesso aos serviços essenciais, por vivermos onde vivemos. Recorde-se o que aconteceu aquando do processo de migração para a TDT.

“A TDT permite uma melhoria da qualidade do som e da imagem, bem como novas funcionalidades”, – diziam-nos no início.

E depois começaram a dizer-nos “zona sombra”.

Em Soajo, por exemplo, conhecer o significado de “zona sombra” implicou o pagamento de mais de cem euros num adorno para colocar no telhado, pois, só assim era possível continuar a ver televisão. Em compensação, temos hoje mais um elemento decorativo na paisagem que faz, agora, parte das características arquitetónicas”.

Infelizmente, somos levados a crer que tanto numa situação como noutra, o Município não exerceu a pressão necessária para que se evitassem os atentados ao património cultural e paisagístico que se verificaram.

Por outro lado, perguntamo-nos se fazer parte integrante da Reserva Mundial da Biosfera e do Parque Nacional serve apenas para condicionar os investimentos dos particulares?

2018 é o Ano Europeu do Património Cultural, sob o lema “Património: onde o passado encontra o futuro”.

E quando falamos de património cultural estamos a falar de edifícios, momentos, paisagem, fauna e flora, tradições orais e práticas sociais, entre tantas outras coisas.

Portanto, prezar o nosso património cultural é preservar a nossa identidade, a nossa diversidade e a nossa riqueza.

O património cultural não deve ser deixado ao abandono. A sua degradação e destruição devem ser evitadas e combatidas.

Mas, em bom rigor, isso não tem acontecido, nem em Soajo, nem nas demais freguesias do concelho cujo património é dos mais ricos e diversificado. Os espigueiros continuam a ser “exportados”, os moinhos continuam a degradar-se, as pontes de pedra aguentam-se graças aos remendos de cimento, as fontes vão ficando sem água fruto de outras intervenções e a paisagem continua a ser fustigada com implantações desproporcionadas e desajustadas”.

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