Soajeiro brilha em França numa arte a cair em desuso
É soajeiro (de Paradela) e está radicado em França. É um dos mais conhecidos sapateiros de Bordéus, onde também dá formação. Mário Paulo Morgado Soares, de 44 anos, é um dos muitos soajeiros de sucesso além-fronteiras.
Chegou ao país do Hexágono muito novo, “quase sem nada, apenas com muito boa vontade”, segundo escreve acerca dele o LusoJornal, semanário dedicado às comunidades lusófonas radicadas em França. Como muitas histórias de desenrascanço, Mário Soares aprendeu cedo uma profissão, no caso a de sapateiro, na região de Paris, mas, por contingências da vida, rumou a Maisons Laffite (a cerca de 20 quilómetros da capital francesa) para gerir um hotel-restaurante.
Depois, em 2008, Mário Soares decidiu encetar uma mudança radical na vida dele. Vai com a família para Bordéus para realizar o sonho de abrir uma sapataria no centro da cidade. É na Cordonnerie La-C que desenvolve a sua veia criativa numa profissão que está a desaparecer com o tempo. “Faz arranjos de sapatos, malas e também se especializou na duplicação de chaves e reparação eletrónica de chaves de viaturas”, assim o apresenta Filipe Cerqueira ao LusoJornal.
Atento às organizações que se vão realizando na região, Mário Soares participa, presentemente, na Feira Internacional de Bordéus, um evento subordinado, entre outros ofícios, à arte e ao artesanato, o qual termina esta terça-feira, 22 de maio. Além de exercer a profissão e de se associar a certames do género, Mário Soares também gosta de ensinar e, por isso, dá formação, “com muito orgulho e respeito pelo trabalho”, na escola profissional CFA (Centre de Formation des Apprentis, nas proximidades de Bordéus), que, para muitos jovens, é um autêntico “trampolim” para o primeiro emprego.
Complementarmente, este acérrimo defensor da profissão é o presidente do Sindicato no Departamento e o representante desta organização na Câmara de Comércio.
Mário Soares mostra, se necessário fosse, que a chave do sucesso reside no trabalho, no profissionalismo e na paixão com que são abraçados os projetos.
É com base nesta “cartilha” que o futuro da profissão de sapateiro está salvaguardado.
Fotos: LusoJornal (em primeiro plano) e Facebook