Uma vindima em Soajo (ver fotorreportagem)
Ano de “ouro” para os produtores de vinho. O clima favorável nos meses de salvação e de maturação fez “caprichar” a uva e daí resultou um vinho aromático, equilibrado e com bom teor de álcool.
Apesar de a campanha, este ano, ter sido antecipada sensivelmente duas semanas, a azáfama e a festa, tão caraterísticas das vindimas, ainda se fizeram sentir em Soajo, no passado dia 27 de setembro. Por entre ramadas e bardos, um grupo de vinte vindimeiros ajudou a família Rodas Couto a apanhar, desde bem cedo, as uvas tintas (casta ‘Vinhão’), num ambiente de salutar convívio, que se prolongou pelo almoço.
Do contingente que foi chegando a conta-gotas à encosta de Agrelos, veem-se vindimeiros que “andam no S. Miguel” há semanas com o mesmo espírito. Aqui, uns ajudam os outros. E há os voluntários de todas as horas. É o caso de Palmira Pires e de Maria “Afonsa” (“Ti Afonsa”), a matriarca do grupo, com os seus oitenta anos. Ou o bem-disposto Botelho que, de modo despachado, maneja as tesouras com perícia. Outros, à vez ou não, carregam os cestos ao ombro ou à cabeça para largar as uvas nos bidões acomodados nos tratores. E, quando as latadas são altas, há logo um vindimeiro a voluntariar-se para ir buscar uma escada. Desse modo, a vindima há de terminar muito antes do meio-dia. E assim foi de facto para contentamento do simpático casal Daniel Rodas Couto e Marta Batalha, ambos de 32 anos.
O produtor Daniel Rodas Couto exalta o resultado da colheita de 2017 e arrisca fazer contas de somar, que se hão de repercutir, também, na “venda de vinho a granel”. “Porque 2016 não foi das melhores vindimas, este ano vamos mais do que duplicar a produção do ano transato, passando de duas para cinco pipas, entre vinho branco e tinto”, resume o soajeiro que é licenciado em Comércio Internacional.
Atento aos avanços técnicos, Daniel Couto, que costuma frequentar ações formativas, explica a farta colheita com conhecimento de causa. “Tivemos ótimas condições climatéricas e isso ajudou à salvação da floração para a fase de fruto, e, também, à purificação da uva. Neste contexto de exceção, em zonas de boa exposição solar, as castas ‘Vinhão’, ‘Loureiro’ e ‘Trajadura’, mediante tratamentos certos, atingiram, este ano, um grande desenvolvimento”, acrescenta.
Com entusiasmo, a família Rodas Couto tem vindo a expandir a área de produção com vinha branca (casta ‘Loureiro’), mas o projeto será alargado às castas tintas. “Tenciono fazer uma candidatura ao programa VITIS, com o objetivo de aumentar o volume de produção e conto com a experiência adquirida para melhorar o produto”, diz o jovem vinicultor, num forte sinal de esperança em relação ao futuro do cada vez mais procurado vinho verde.
Daniel Rodas Couto, que, há alguns anos, trocou os Estados Unidos por Portugal, para fazer vida na agricultura, representa, portanto, uma pequena lufada de ar fresco no rejuvenescimento do setor vinícola e um incentivo para que, atrás dele, outros sigam as mesmas pisadas…