O programa religioso das Festas da Vila de Soajo terminou em grande esta quarta-feira, 15 de agosto, com a igreja sobrelotada de fiéis para a missa solene, seguida de procissão (em honra de Nossa Senhora das Dores), anunciada à população, por volta das 12.30, com o rebentamento de foguetes.
A encabeçar a “coluna” do longo cortejo, com muitos figurados, lá estava a Cruz Paroquial, seguida, por esta ordem, de Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo, andores, estandartes, Corpo de Deus, pálio, banda e, por fim, o imenso grupo de devotos, com as mulheres a entoarem cânticos pelas ruas, em sinal de veneração. Como de costume, novos e velhos, residentes e emigrantes, entre outros, acompanham a procissão pelo itinerário habitual e, no regresso ao templo, voltam a rezar.
Também a animação assinalou o quarto dia de festividades. Os grandes destaques residiram na atuação da Banda de Música de Bingre (Canelas) e no festival folclórico (com participação dos dois ranchos de Soajo), que arrancaram muitas palmas à assistência.
Inaugurações
Com quatro anos de atraso, foi inaugurada a escultura comemorativa dos 500 anos do Foral de Soajo (remonta a 1514). A cerimónia, integrada no programa de festas e à qual se associou o Rancho Folclórico das Camponesas da Vila de Soajo, decorreu sob iniciativa da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia, que, assim, materializaram a ideia lançada, pela CDU, no mandato anterior, em sede de Assembleia de Freguesia.
Na placa explicativa (onde falta uma nota na língua universal), lê-se que o artista Fernando Cerqueira “se inspirou na pintura renascentista de Miguel Ângelo. Nesta escultura em bronze, sobressai o encontro das mãos de Deus e de Adão, existente na famosa Capela Sistina, assim como a mão do rei D. Manuel I, que emerge da concha, segurando o Foral Novo por si outorgado. Na extremidade, observa-se a outra mão que termina com a forma de um gavião, símbolo da serra de Soajo e da liberdade.
Paralelamente, a Carta do Foral ergue-se como um ceptro a simbolizar o poder régio, o rebordo da Carta equipara-se ao relevo da serra e à ondulação do mar, símbolo das Descobertas portuguesas do século XVI.
Ao comprimento, lê-se a expressão latina Deo in celo tibi avtem in mvundo (‘A Deus no céu e a ti na terra’), divisa de D. Manuel I, que é uma analogia perfeita entre o poder de Cristo e o de Rei”.
Nos discursos da praxe, o grande destaque vai para a intervenção do presidente da Junta, cujas ideias essenciais são reproduzidas a seguir:
“[…] Com esta inauguração, damos por terminados [os festejos] dos 500 anos do Foral de Soajo. […] É um monumento para os soajeiros e para os munícipes de Arcos de Valdevez.
[…] Nas últimas décadas, desde a década de setenta do século passado, o nome de Soajo, bem como o da serra, foi um bocado esquecido. Muitos dos nossos usos e costumes foram delapidados com obras como a da barragem e o Parque Nacional nunca nos pediu para estarmos dentro do Parque […], com eles, só temos deveres, enquanto os nossos direitos são esquecidos.
Eu gosto muito de Soajo. Se já não podemos fazer nada por aquilo que foi mal feito no passado, teremos de estar muito atentes em relação àquilo que virá a seguir.
[…] Conseguir um lar de idosos para Soajo é muito importante. […] Temos cerca de 45 pessoas espalhadas pelos vários concelhos, é uma vergonha uma freguesia como Soajo ainda não ter um lar de idosos! Não temos, talvez, por culpa de alguém no passado que não quis, mas nós agora queremos! E estamos todos empenhados nisso!
Contamos com o senhor presidente da Câmara para fazer aquilo que nos prometeu. Se não o fizer, lá estaremos a subir as escadas, mais uma vez, para relembrar o que nos prometeu”, concluindo-se que Manuel Barreira da Costa já teve necessidade de ir aos Paços do Concelho “refrescar” a memória do edil quanto aos projetos “engavetados”.
Também sob iniciativa da Câmara e da Junta de Freguesia, procedeu-se, no mesmo dia 15, à inauguração de placas promocionais de Soajo, que são importantes pontos de informação e de orientação para quem está de visita ao território.
A colocação das placas em locais estratégicos – Novás, Reigada e Fontelas – tem o objetivo de captar planos privilegiados das idílicas paisagens que atravessam Soajo.
Comissão de festas
A comissão de festas desta romaria foi constituída por Vítor Manuel Fidalgo Gonçalves, Manuel José Rodrigues, António Amorim, Alexandre Manuel do Canto e Alexandre Barreira Esteves.